Em um trágico episódio que chocou a comunidade internacional, o presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev, revelou neste domingo que o avião de passageiros da Azerbaijan Airlines que caiu na semana passada, resultando na morte de 38 pessoas, foi “acidentalmente” abatido pelas forças militares russas. Essa declaração levanta numerosas questões sobre a segurança aérea na região e a responsabilidade das autoridades militares durante operações de defesa.
O incidente ocorreu quando o voo 8243 da companhia aérea Azerbaijani partia da capital Baku com destino a Grozny, na Chechênia. No entanto, durante a aproximação à cidade russa, a aeronave apresentou uma alteração de rota e acabou caindo próximo ao aeroporto em Aktau, no oeste do Cazaquistão. Segundo as informações fornecidas, um total de 67 pessoas estavam a bordo, incluindo 62 passageiros e cinco membros da tripulação; entre estas, 38 perderam a vida e 29 sobreviveram ao desastre.
Aliyev afirmou que a aeronave ficou sob algum tipo de interferência eletrônica e que foi alvo de disparos enquanto se aproximava de Grozny. Ele expressou sua indignação com o que descreveu como tentativas da Rússia de minimizar a gravidade do incidente, alegando que as primeiras versões oficiais emitidas por autoridades russas eram “absurdas” e sugeriam causas alternativas, como uma colisão com aves ou a explosão de um cilindro de gás.
“Nos primeiros três dias, ouvimos apenas versões sem sentido vindas da Rússia”, comentou Aliyev, sublinhando a necessidade de uma explicação clara e honesta sobre o ocorrido. Ele também afirmou que ficou “surpreso e chateado” com a abordagem das autoridades russas, que aparentemente tentaram encobrir a verdade em vez de lidar com as consequências do incidente.
Além disso, ele detalhou que o governo do Azerbaijão fez três exigências ao Kremlin: um pedido de desculpas, o reconhecimento de culpa e a responsabilização dos culpados, incluindo compensações para o estado azerbaijano e para as vítimas. “É imperativo que a Rússia assuma a responsabilidade e que aqueles que contribuíram para a tragédia sejam responsabilizados. Isso não é apenas uma questão de justiça, mas também de respeito mútuo entre nações”, afirmou o líder azerbaijano.
A denúncia do presidente Aliyev ganhou reforço com a declaração do porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos, John Kirby, que confirmou a existência de indícios que sugerem que o avião pode ter sido abatido pelos sistemas de defesa aérea russos. Kirby ressaltou que, embora informações preliminares indiquem essa possibilidade, as investigações estão sendo conduzidas pelo Cazaquistão e pelo Azerbaijão, e os EUA respeitarão esse processo.
Além disso, um comunicado do Kremlin indicou que sistemas de defesa aérea estavam em operação na área durante o incidente, em um esforço para desviar um suposto ataque de drones ucranianos. No entanto, os representantes russos não confirmaram diretamente a responsabilidade no acidente, restringindo-se a mencionar que abriram uma investigação criminal sobre o ocorrido.
As imagens de celulares, que capturaram os momentos finais do voo, mostram a aeronave em uma descida acentuada antes de colidir com o solo e explodir em uma enorme bola de fogo, a cerca de três quilômetros do aeroporto de Aktau. Com a gravidade do acidente e as afetações que causou tanto humanamente quanto politicamente, as repercussões deste trágico evento continuam a reverberar na mídia internacional e nas relações entre os países envolvidos.
À medida que a investigação prossegue, muitas perguntas ainda permanecem sem resposta, e os sobreviventes estão clamando por justiça e reparação. É um lembrete sombrio da vulnerabilidade dos passageiros aéreos em tempos de crescentes tensões geopolíticas e operações militares que, em última análise, colocam vidas inocentes em risco. As exigências do líder do Azerbaijão por responsabilidade e transparência são justas e necessárias, não apenas para garantir a justiça para as vítimas, mas também para restaurar a confiança entre as nações e evitar que incidentes semelhantes ocorram no futuro.