Um processo em formato de ação coletiva foi instaurado contra a Microsoft no Reino Unido, cobrando aproximadamente £1 bilhão (em torno de $1,25 bilhão com a taxa de câmbio atual) em reparação por danos. O movimento legal se baseia em acusações de que a gigante do software impôs taxas excessivas a empresas e outras organizações ao licenciar o Windows Server, especialmente quando seus clientes optaram por plataformas de computação em nuvem rivais, como Amazon Web Services (AWS), Google Cloud Platform (GCP) e Alibaba Cloud. A ação foi apresentada na terça-feira, no Tribunal de Apelação da Competição do Reino Unido.

As denúncias contidas na ação alegam que os clientes dessas plataformas de nuvem concorrentes tiveram que pagar por taxas mais elevadas para utilizar o software da Microsoft em comparação aos clientes que utilizam seu próprio serviço de computação em nuvem, o Azure. Este cenário é emblemático de um ambiente em que a competição no setor de nuvem está cada vez sendo mais vigiada, e as queixas sobre práticas comerciais desleais se tornam mais recorrentes. Na última semana, a Reuters também revelou que a Comissão Federal do Comércio dos EUA abriu uma investigação abrangente sobre práticas antitruste da Microsoft, incluindo seu negócio de licenciamento de software e serviços de computação em nuvem.

Além disso, a Comissão de Concorrência e Mercados do Reino Unido (CMA) intensificou seu escrutínio sobre as práticas das gigantes da computação em nuvem, tendo lançado uma investigação de mercado em resposta a um encaminhamento do regulador de comunicações Ofcom. Este passo foi motivado por um estudo realizado em abril de 2023 que indicava preocupações substanciais com o mercado, especificamente apontando para a conduta da Amazon e da Microsoft. A CMA estendeu recentemente o prazo de entrega do relatório, o que significa que não se espera que a investigação traga resultados antes do próximo ano. Contudo, os litigantes não estão dispostos a esperar pela conclusão dessa investigação antes de buscarem reparação por conta das supostas irregularidades.

A ação no Reino Unido tem suas raízes em uma série de acordos financeiros que a Microsoft já firmou na Europa, incluindo pagamentos de “dezenas de milhões em acordos” para se livrar de reclamações similares. Um exemplo notável é um acordo fechado com a associação de serviços de nuvem CISPE em julho, no valor de cerca de €20 milhões, que pôs fim a uma reclamação de antitruste na UE apresentada em novembro de 2022. A repercussão financeira positiva desse acordo pode ter sido um fator que impulsionou a ação no Reino Unido, dado que a quantia reivindicada neste novo processo é significativamente maior do que o que a Microsoft pagou em sua resolução europeia.

O processo está sendo financiado pela LCM Funding UK Limited, braço da International Litigation Capital Management (LCM), especializado em financiamento de disputas. A ação coletiva foi iniciada pela especialista em direito da concorrência e regulação de mercados digitais, Dra. Maria Luisa Stasi, representando milhares de negócios locais que alegam ter sido supercharged ao usarem o Windows Server. A Dra. Stasi assume todos os custos do processo, suportando assim o risco financeiro através do acordo firmado com a LCM.

Em uma declaração, Luisa Stasi frisou: “De maneira simples, a Microsoft está punindo empresas e organizações do Reino Unido por utilizarem a Google, Amazon e Alibaba para seus serviços em nuvem, forçando-as a desembolsar mais dinheiro pelo Windows Server. Através desse comportamento, a Microsoft tenta empurrar os clientes para o seu serviço de computação em nuvem Azure, restringindo a concorrência no setor.”

Ela continuou: “Este processo judicial almeja desafiar o comportamento anticompetitivo da Microsoft, forçá-los a revelar exatamente quanto as empresas do Reino Unido foram ilegalmente penalizadas e devolver o dinheiro às organizações que foram injustamente cobradas a mais.”

Os clientes da Microsoft no Reino Unido estão sendo incluídos na ação automaticamente, em uma base de exclusão opcional, ou seja, eles fazem parte da ação a menos que decidam ativamente se excluir. Vale notar que não há custos associados à participação na litígios, com a única expectativa de um possível retorno financeiro caso o processo seja exitoso ou a Microsoft decida fazer um acordo. Entidades que desejam mais informações sobre a ação podem se dirigir ao site de reivindicações.

A Microsoft foi contatada para comentar sobre o processo, mas ainda não ofereceu uma resposta oficial.

Em resumo, os desdobramentos dessa ação antitruste contra a Microsoft evidenciam um cenário crescente de vigilância na indústria de tecnologia, especialmente em relação ao domínio das gigantes de nuvem e suas práticas de mercado. Estes tópicos suscitam amplas discussões sobre a justiça competitiva e o impacto potencial sobre a inovação e a escolha do consumidor no setor de tecnologia.

Leia mais sobre a investigação antitruste nos EUA aqui.

Microsoft Office

Nota: Este conteúdo é uma reflexão sobre a situação atual da Microsoft no mercado e a resposta dos órgãos reguladores às alegações de práticas anticompetitivas. O desfecho deste processo pode moldar, de forma significativa, o futuro da concorrência no setor de tecnologia.

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