A liderança da Democracy Alliance, uma poderosa rede de doadores liberais, está colocando em primeiro plano a troca de controle da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, atualmente sob domínio republicano, nas eleições de 2026. Essa estratégia se baseia nos progressos que o grupo ajudou a realizar em estados como Nova Iorque e Califórnia nas eleições deste ano.

Em uma entrevista exclusiva, a presidente da aliança, Pamela Shifman, destacou que a Câmara será um espaço crucial para minimizar os danos da administração Trump, conforme os planos de meio de mandato compartilhados. A perda do controle da Casa Branca e do Senado pelos democratas no último mês aumentou a determinação dos líderes da organização em investir em competições na Câmara, com o objetivo de construir uma maioria “robusta” para os democratas nas próximas eleições. O que isso significa para o futuro político dos Estados Unidos? Uma luta acirrada pela definição do cenário político está se delineando.

Embora um orçamento ainda não tenha sido definido para essas disputas em 2026, a aliança já investiu mais de 11 milhões de dólares apenas em iniciativas que ajudaram os democratas a conquistar cadeiras na Câmara no forte estado democrático de Nova Iorque, diminuindo ainda mais a frágil maioria republicana na Casa. Essa batalha ganha contornos épicos, com Shifman expressando confiança de que a aliança possui a estrutura necessária para triunfar.

Ademais, Shifman não descartou a possibilidade de investir em eleições especiais no próximo ano, em estados como Nova Iorque e Flórida, para preencher vagas esperadas de republicanos na Câmara. “Nada está fora da mesa neste ponto”, declarou, enfatizando a flexibilidade estratégica da aliança.

A Democracy Alliance tem visto mais de 2 bilhões de dólares serem direcionados a causas e organizações liberais desde sua criação em 2005. Com cerca de 120 membros que pagam anualmente 35 mil dólares de taxas e se comprometem a enviar pelo menos 200 mil dólares a grupos que buscam promover políticas progressistas, essa rede se consolidou como um pilar fundamental no financiamento de iniciativas democráticas. No entanto, a aliança mantém em sigilo a identidade de seus doadores, que incluem sindicatos, fundações e indivíduos abastados.

Apesar das dificuldades enfrentadas pelos democratas no cenário político federal este ano, eles conseguiram conquistar uma cadeira a mais na Câmara, com os republicanos totalizando 220 cadeiras contra 215 dos democratas. Entretanto, é previsto que a maioria da GOP se torne ainda mais restrita no início do próximo ano, com várias mudanças iminentes no Congresso.

Entre os republicanos, o ex-deputado Matt Gaetz, da Flórida, renunciou ao seu cargo após anunciar que seria indicado para uma posição no gabinete do presidente eleito Donald Trump (ele retirou seu nome da consideração posteriormente). Ele afirmou que não tomará posse no novo Congresso em janeiro. Além disso, os representantes republicanos Elise Stefanik, de Nova Iorque, e Mike Waltz, da Flórida, devem deixar o Congresso para assumir funções na administração Trump que está por vir. As cadeiras vacantes serão preenchidas através de eleições especiais, o que intensifica a importância da estratégia da aliança liberal.

Durante o ano, a aliança apoiou financeiramente grupos que contribuíram para a vitória dos democratas em três cadeiras na Câmara da Califórnia e quatro na cidade de Nova Iorque, incluindo uma eleição especial para substituir o ex-representante George Santos, envolvido em escândalos.

Shifman observou que essas vitórias demonstraram o poder da organização nas bases por parte de sindicatos estabelecidos e grupos ativistas nos estados-alvo. Ela expressou a intenção da aliança em continuar a utilizar esse modelo proveniente do trabalho de campo nas próximas batalhas eleitorais.

Além disso, a organização Battleground New York, financiada pela aliança, incluiu sindicatos locais, o Working Families Party, Indivisible e Planned Parenthood Votes. Essa coalizão foi responsável pela inscrição de mais de 25 mil eleitores e pela realização de mais de 800 mil visitas domiciliares, segundo dados fornecidos pela aliança.

Na costa oeste, os esforços na Califórnia mobilizaram mais de 5 milhões de dólares. Shifman afirma que Nova Iorque e Califórnia continuarão sendo prioridades nas eleições de 2026, à medida que os democratas buscam proteger os ganhos alcançados em 2024. No entanto, a aliança está se comprometendo a expandir seu foco para distritos da Câmara em todo o país, definindo alvos com base em um minucioso estudo dos dados das eleições deste ano.

Uma das chaves para essa estratégia, conforme Shifman destaca, é a expansão da coalizão de eleitores democratas. Ela aponta que quase 90 milhões de pessoas elegíveis não compareceram às urnas, afirmando que isso representa uma oportunidade épica de organização, uma verdadeira convocação para que todos façam parte do processo democrático. Isso levanta um questionamento: o que será necessário para engajar e mobilizar esse potencial inexplorado em futuras eleições?

Com o cenário traçado, fica claro que a luta pela Câmara dos Representantes em 2026 será marcada por intensos embates e estratégias refinadas. Resta agora acompanhar os desenlaces dessa batalha pelas instituições que, em última análise, moldam o futuro político e social do país.

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