Londres
CNN
—
Uma recente decisão judicial no Reino Unido trouxe à luz um escândalo envolvendo um suposto espião chinês que se aproximou do Príncipe Andrew, irmão do Rei Charles. O homem, identificado como Yang Tengbo, teve sua identidade divulgada após um juiz decidir que seu anonimato não se sustentava mais, segundo informações divulgadas pela PA Media na segunda-feira. Este incidente, que expõe as influências de Pequim em instituições britânicas, ocorre em um contexto de crescente preocupação sobre a segurança nacional no país.
Tengbo foi descrito em uma audiência judicial como alguém que desenvolveu um “grau incomum de confiança” com Andrew, provocando discussões sobre os limites e as responsabilidades das relações entre figuras da realeza e agentes estrangeiros. Durante uma audiência no tribunal na quinta-feira, foi revelado que Tengbo estava autorizado a atuar em nome do príncipe em reuniões de negócios com investidores chineses no Reino Unido, tendo inclusive recebido um convite para a festa de 60 anos do príncipe em 2020, politicamente uma ação que levanta sérias questões.
Em resposta às acusações, Tengbo declarou que não cometeu nenhum ato ilícito, descrevendo a caracterização de seu papel como “espião” como “totalmente falsa”. Contudo, a revelação do caso não é um fato isolado, mas parte de uma crescente preocupação nas esferas políticas britânicas em relação à influência da China. Nos últimos anos, o debate sobre a infiltração de Pequim nas estruturas governamentais e na sociedade civil tem se intensificado, apontando para uma necessidade urgente de revisão das políticas de segurança.
O relatório de 2023 do Comitê de Inteligência e Segurança do Parlamento, que menciona as tentativas da China de influenciar o sistema político britânico, destaca que a missão do Departamento de Trabalho do Front Unificado da China (UFWD) é de “garantir que políticos e figuras proeminentes em estados estrangeiros sejam favoráveis ao Partido Comunista Chinês (PCC)”. Este departamento parece ter como foco o fortalecimento da influência da China no âmbito internacional, algo que suscita muitas apreensões entre os líderes políticos britânicos.
Casos de espionagem: um cenário preocupante no Reino Unido
No contexto atual, notamos que dois indivíduos, um deles um pesquisador parlamentar, aguardam julgamento por acusações de violação da Lei de Segredos Oficiais em benefício da China, alegações que ambos negam. Além disso, em 2022, o MI5 alertou os legisladores sobre a atuação de Christine Lee, uma mulher com vínculos com o PCC, que estaria tentando influenciar o processo político britânico. O ex-líder do Partido Conservador, Iain Duncan Smith, referiu-se ao caso de Tengbo como sendo “apenas a ponta do iceberg”, insinuando que a extensão da atividade de espionagem pode ser muito maior do que se imagina.
Segundo Duncan Smith, as atividades de espionagem e influência chinesa estariam mais presentes e diversificadas nas esferas política e social do Reino Unido, insinuando um padrão que poderia comprometer a segurança nacional e a integridade das instituições. O primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, refletiu a preocupação geral em comentários a repórteres, afirmando que “é claro que estamos preocupados com o desafio que a China representa”. Contudo, Starmer também enfatizou a importância de um diálogo construtivo com Pequim, mencionando que seu governo busca engajamento em áreas cruciais como mudanças climáticas, ao mesmo tempo em que se compromete a enfrentar questões mais delicadas, como direitos humanos.
A situação se torna cada vez mais complexa à medida que o Reino Unido navega pelas dinâmicas globais, enfrentando a necessidade de equilibrar segurança e colaboração internacional. Assim, o caso envolvendo Yang Tengbo não apenas revela potenciais infiltrações estrangeiras, mas também destaca a relevância de um debate mais amplo sobre as influências que moldam a política britânica. Os desdobramentos deste caso são esperados com atenção, tanto por parte da mídia quanto da população, que busca respostas sobre o que acontece “nos bastidores” da política.”