Tahlequah, a icônica orca que emocionou o mundo ao carregar seu filhote morto por 1.000 milhas, agora é mãe novamente. Este retorno à maternidade se dá no ambiente desafiador do Oceano Pacífico, onde os cetáceos enfrentam sérios problemas relacionados à disponibilidade de alimento e à conservação de sua espécie. A nova maternidade, que começou com o avistamento do novo filhote em 20 de dezembro de 2023, vem acompanhada de sentimentos ambivalentes entre os pesquisadores que acompanhavam a história de J35, também conhecida como Tahlequah.
A primeira confirmação do nascimento do novo filhote J61 foi realizada por pesquisadores do Center for Whale Research em colaboração com o Northwest Fisheries Science Center, da NOAA. Essa equipe se deparou com a nova pequena orca durante observações realizadas em 23 de dezembro e conseguiu determinar rapidamente a identidade da mãe, J35, através de documentação fotográfica que ratificou que J61 é uma fêmea. A alegria do time de pesquisadores é evidente, mas a cautela ainda predomina, com ressalvas sobre a sobrevivência da nova integrante da população de orcas.
De acordo com um post oficial publicado na página do Facebook do Center for Whale Research, os primeiros dias da vida de um filhote de orca são repletos de riscos. A taxa de mortalidade entre os filhotes no primeiro ano é alarmantemente alta. “J35 é uma mãe experiente, e esperamos que ela consiga manter J61 viva durante esses difíceis dias iniciais”, compartilharam os cientistas. A experiência de Tahlequah como mãe, aliada ao apoio contínuo da comunidade de pesquisadores, oferece uma luz de esperança para a sobrevivência da nova filhote.
A situação se torna ainda mais crítica devido às condições ambientais em que as orcas do Sul Residentes estão inseridas. O acesso ao suprimento alimentar, especialmente salmão, é crucial para a sobrevivência das orcas e seus filhotes. O Center for Whale Research chama a atenção sobre a importância da restauração do habitat, remoção de barragens e gerenciamento racional das pescarias na região do Pacífico Noroeste. “Toda e qualquer nova vida conta, e esses cetáceos precisam de peixes suficientes para suportar a si mesmos e seus filhotes”, enfatizaram.
Quem não conhece a história de dor e resistência de Tahlequah talvez tenha perdido um dos episódios mais comoventes da vida marinha recente. Em 2018, ela ficou conhecida mundialmente ao ser fotografada nadando com seu filhote já sem vida por 17 dias, um ato de luto que itera as complexidades emocionais que os animais marinhos podem exibir. A jornada extenuante de 1.000 milhas foi um testemunho poderoso da conexão entre mãe e filho. Após esse período de luto, pesquisadores temeram pela saúde de Tahlequah, mas foram aliviados ao encontrá-la num estado físico satisfatório, voltando a exibir comportamentos enérgicos enquanto perseguia cardumes de salmão.
Desde então, a trajetória de J35 continuou a chamar a atenção. Em 4 de setembro de 2020, ela deu à luz seu segundo filhote, J57, que foi descrito como um jovem ‘saudável e precocemente aventureiro’. Este filhote, que recebeu o nome de “Phoenix” em virtude do seu renascimento após a dor, trouxe um novo sopro de esperança para os cientistas preocupados com a dinâmica da população de orcas da região. Em junho de 2023, a Orca Conservancy confirmou que J61 é o terceiro filhote de Tahlequah a sobreviver, uma clara evidência de resistência e adaptação.
Diante das dificuldades ainda presentes, a história de Tahlequah se torna um símbolo de esperança e resiliência. Pesquisadores reafirmam que precisamos continuar a agir em prol da conservação das orcas e seus habitats naturais, essencial não apenas para as gerações atuais, mas também para as futuras. O futuro das orcas depende de nossas ações e da nossa capacidade de restaurar um equilíbrio ecológico no qual esses majestosos seres possam prosperar.
A mensagem é clara: cada nascimento é uma vitória, e cada vida conta. A história de Tahlequah nos ensina que, mesmo nas adversidades, a vida encontra maneiras de continuar e nos proporciona momentos de grande alegria e esperança. Assim, ficamos todos na expectativa de observar o desenvolvimento de J61 e torcemos por muitos momentos felizes no caminho de Tahlequah e sua família na vastidão do oceano.