No que representa uma mudança significativa na luta contra a obesidade, uma nova pesquisa revelou que as taxas de obesidade entre adultos nos Estados Unidos caíram pela primeira vez em uma década. Este estudo, publicado no Journal of the American Medical Association (JAMA), revela dados que fornecem esperança em um cenário que, durante anos, parecia sombriamente imutável. Ao analisar quase 17 milhões de pessoas, a pesquisa demonstrou que, após um aumento constante desde 2013, as taxas de obesidade nos Estados Unidos caíram 0,15% em 2023.
Embora esse percentual possa parecer diminuto à primeira vista, o autor do estudo, Benjamin Rader, diretor científico do Boston Children’s Hospital, enfatizou a importância desse resultado. Ele explicou à USA Today que, “em termos percentuais, a diminuição pode parecer pequena… mas, ao olhar para a população, o que isso se traduz é em centenas de milhares de pessoas que estavam na categoria de obesidade e agora não estão mais.” Esta afirmação destaca como até mesmo uma pequena redução nas taxas de obesidade pode gerar um impacto significativo na saúde pública.
Mas o que pode estar por trás desse declínio positivo nas taxas de obesidade? Um dos fatores mencionados pelos autores do estudo é a crescente utilização de medicamentos antidiabéticos, como o Ozempic, que apresentam um efeito colateral benéfico de promover a perda de peso. Médicos observaram que, a partir de 2023, crianças tão jovens quanto 10 anos estão utilizando medicamentos desse tipo, o que levanta preocupações sobre as consequências de longo prazo de sua utilização nessas faixas etárias.
Os autores do estudo reconhecem que a utilização do Índice de Massa Corporal (IMC), uma maneira tradicional de medir a obesidade, possui suas limitações, afirmando que “é uma medida imperfeita”. Eles propõem que estudos futuros devem investigar medidas alternativas de composição corporal e possíveis causas para as mudanças observadas. Entre os fatores a serem considerados estão a proliferação de medicamentos da classe GLP-1RA e as mudanças demográficas e comportamentais associadas à pandemia.
Outro dado notável é que a maior redução na obesidade ocorreu no sul dos Estados Unidos, uma região que também apresenta a maior taxa observada de dispensação de GLP-1RA. Este medicamento, cuja substância ativa é o semaglutida, atua no cérebro para influenciar a saciedade. Um estudo recente apontou que 6% dos adultos nos EUA — ou 1 em cada 8 — já utilizaram esse tipo de medicamento, o que contribui para a discussão mais ampla sobre sua eficácia e segurança.
Apesar do avanço aparentemente positivo identificado nesta pesquisa, os autores advertem que a obesidade continua a ser uma questão de saúde pública significativa nos Estados Unidos. De acordo com dados do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), cerca de 42% dos adultos nos EUA são considerados obesos, o que evidencia que a batalha contra a obesidade e suas consequências para a saúde está longe de ser vencida.
Em conclusão, a primeira queda nas taxas de obesidade em uma década é um sinal animador. Muitas pessoas podem estar vendo resultados positivos através do uso de medicamentos como o Ozempic, mas é vital continuar a monitorar e estudar os impactos dessas intervenções a longo prazo. Rader salientou a necessidade de uma compreensão mais profunda das razões por trás dessa mudança, enfatizando que o impacto sobre a população pode ser significativo, mesmo que o número percentual de queda pareça modesto. A esperança agora é que essa tendência se mantenha e que mais iniciativas eficazes possam ser implementadas para enfrentar a epidemia de obesidade nos EUA.