Nova York
CNN
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O sindicato Teamsters anunciou na noite de sexta-feira que os trabalhadores de um imponente centro de distribuição e triagem da Amazon na Ilha de Staten, em Nova York, se juntaram a milhares de membros do sindicato que iniciaram uma greve contra o gigante do varejo online nesta semana. Essa mobilização representa uma nova fase na luta dos trabalhadores por melhores condições e direitos, refletindo uma crescente insatisfação com as práticas laborais da Amazon.

Apesar da intensidade da greve, a Amazon reafirmou que as operações de envio para os clientes não foram afetadas, argumentando que a paralisação envolve apenas uma fração de sua vasta rede de centros de distribuição. A empresa opera diversos outros centros nas proximidades da instalação na Ilha de Staten, incluindo um centro menor que não é sindicalizado, localizado diretamente do outro lado da rua.

“Nossa infraestrutura logística foi construída para cumprir nossa promessa aos clientes”, declarou a empresa em um comunicado na sexta-feira. “Acreditamos na força de nossa rede e planejamos contingências para minimizar o impacto operacional ou custos potenciais.” Essa declaração evidencia a confiança da Amazon em sua capacidade de operar eficientemente, mesmo em meio a tensões laborais crescentes. A empresa, no entanto, não está isenta de responsabilidades, já que suas práticas de trabalho têm sido alvo de críticas.

A greve é apenas o mais recente esforço dos Teamsters e de outros sindicatos para organizar trabalhadores na Amazon, que é o segundo maior empregador do setor privado nos Estados Unidos, com mais de 740.000 trabalhadores espalhados por 1.000 armazéns e centros de distribuição, conforme um recente relatório governamental. A empresa também se destaca como uma das mais lucrativas do mundo, com uma receita líquida de US$ 39,2 bilhões nos primeiros nove meses deste ano, mais do que o dobro do mesmo período de 2023.

O centro de distribuição de Staten Island, conhecido como JFK8, é um dos principais centros da Amazon, empregando mais de 5.000 trabalhadores horistas permanentes, embora a empresa não tenha confirmado nem negado esses números. Esse local foi o primeiro da Amazon onde os trabalhadores votaram para se unir a um sindicato, em uma votação em abril de 2022, quando 55% dos participantes decidiram se filiar ao sindicato. A decisão de organizar-se não ocorreu sem resistência, visto que antes havia havido um protesto de alguns funcionários em março de 2020 devido a preocupações com a saúde durante a pandemia de Covid-19.

“Estou empolgada por fazer parte dessa luta”, afirmou Valerie Strapoli, uma funcionária do centro de Staten Island, em uma declaração divulgada pelo sindicato. “A Amazon nos empurrou para baixo por tanto tempo, mas agora temos a força necessária.” O sentimento de união e determinação entre os trabalhadores reflete não apenas as dificuldades enfrentadas no cotidiano, mas também uma esperança renovada de que a mobilização possa resultar em mudanças significativas.

Entretanto, muitos dos trabalhadores atuais são temporários, ajudando a lidar com o aumento das encomendas durante as festas de fim de ano. Não está claro quantos desses trabalhadores temporários, que têm laços escassos, se manterão afastados do trabalho ou se a Amazon tentará operar com uma equipe reduzida. Essa incerteza em torno da força de trabalho temporária destaca a complexidade da situação atual e as dificuldades que a Amazon pode enfrentar em manter sua eficiência operacional.

A paralisação é esperada como uma greve de duração definida, diferente de uma greve tradicional que paralisa a produção até que um acordo contratual seja firmado. Isso é um contraste com as recentes e amplamente divulgadas greves em locais como Boeing, os três grandes fabricantes de automóveis de Detroit e os estúdios de Hollywood. A Amazon continua a afirmar que o sindicato não representa nenhum de seus trabalhadores e não tem intenção de realizar negociações.

No entanto, greves de curta duração se tornaram uma ferramenta cada vez mais comum para os sindicatos laborais americanos nos últimos anos, muitas vezes com grande eficácia. O momento da greve sugere que o sindicato busca maximizar a atenção sobre seus esforços de organização e, possivelmente, causar algum dano econômico à Amazon. Essa estratégia pode ser uma maneira de impulsionar as negociações e garantir melhores condições de trabalho.

Outro exemplo de greve de destaque ocorreu na popular rede de cafeterias Starbucks, que também provavelmente terá duração limitada enquanto o sindicato busca pressão sobre a empresa para negociar o primeiro acordo trabalhista para trabalhadores em mais de 500 de suas lojas. Esse movimento demonstra uma tendência crescente entre os sindicatos para buscar novas formas de engajar a direção e garantir considerações justas para os trabalhadores.

Histórico de conflitos entre a Amazon e os sindicatos

Até sábado, todos os grevistas do Teamsters eram motoristas que trabalham para contratantes externos da Amazon em seu serviço de entrega dedicado. No entanto, agora a própria Amazon reconhece os empregados da instalação da Ilha de Staten como seus empregados, embora continue a questionar a ideia de que eles são membros do Teamsters ou de qualquer outro sindicato.

Os trabalhadores da Ilha de Staten votaram em abril de 2022 para serem representados pela emergente Amazon Labor Union em uma votação certificada pelo Conselho Nacional de Relações Trabalhistas, que supervisiona as relações trabalhistas na maioria das empresas dos EUA. Apesar da certificação do voto, a Amazon continua a contestá-la na justiça. No início deste ano, os membros do sindicato se afiliariam aos Teamsters em uma votação realizada pelo sindicato, mas não supervisionada pelo NLRB. A Amazon também não reconhece essa votação.

“Por mais de um ano, os Teamsters continuaram a enganar intencionalmente o público – alegando que representam ‘milhares de funcionários e motoristas da Amazon’. Eles não representam, e isso é mais uma tentativa de empurrar uma narrativa falsa”, afirmou a Amazon em seu comunicado. “Agradecemos o excelente trabalho de toda a nossa equipe em servir seus clientes e comunidades e, graças a eles, não estamos vendo nenhum impacto nos pedidos dos clientes.”

A empresa registrou 17 queixas contra os Teamsters ou a Amazon Labor Union por práticas trabalhistas injustas, incluindo alegações de intimidação. Por outro lado, os Teamsters, a ALU e outros sindicatos registraram centenas de queixas contra a Amazon, indicando uma luta contínua e multifacetada entre as organizações sindicais e a gigante do comércio eletrônico.

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