A Oxford University Press, responsável pela publicação do renomado Oxford English Dictionary (OED), anunciou que o termo ‘brain rot’ foi eleito a palavra do ano de 2024. Essa escolha reflete não apenas um fenômeno linguístico, mas também uma inquietante tendência social que permeia a vida contemporânea, especialmente com o avanço das redes sociais e do consumo excessivo de conteúdo online. Para entender as razões por trás dessa escolha, é fundamental analisar o que envolve este conceito que parece ressoar com tantas pessoas nos dias atuais.
De acordo com a Oxford University Press, ‘brain rot’ é definido como a “suposta deterioração do estado mental ou intelectual de uma pessoa”, relacionado ao consumo exagerado de conteúdos online que carecem de profundidade ou narrativa, como muitos dos vídeos que se tornaram populares nas plataformas de vídeo curtas, como o TikTok. Essa forma de entretenimento rápido e superficial demanda pouca atenção crítica por parte dos usuários, levando a um fenômeno que muitos consideram prejudicial à capacidade de concentração e à saúde mental.
A escolha do Oxford Word of the Year é baseada em uma análise rigorosa de um corpus de aproximadamente 26 bilhões de palavras extraídas de diversas fontes de notícias do mundo anglófono. Em 2024, conforme relata o New York Times, a equipe da Oxford University Press mergulhou em um mar de informações para identificar palavras e expressões que capturam as “emoções e conversas que moldaram o ano”. Antes de ‘brain rot’, outras palavras como ‘rizz’ e ‘goblin mode’ se tornaram populares, mas não fazem parte das páginas do OED devido ao que os editores consideram uma falta de uso sustentado e amplo.
Vale ressaltar que, apesar da popularidade e do reconhecimento da Oxford University Press, termos como ‘brain rot’ ainda não foram incorporados ao dicionário, assim como outros que obtiveram o título de palavra do ano em edições anteriores. O termo mais recente a ser adicionado ao OED foi ‘tech-savvy’, que remonta aos anos 1980, destacando a natureza de evolução da língua e as exigências para que uma palavra ganhe seu lugar em um dicionário respeitado. Nota-se, portanto, que a seleção da palavra do ano serve não somente como um reflexo das tendências lingüísticas, mas também como um indicador das mudanças sociais e comportamentais que se manifestam na era digital.
Na cultura atual, a adoção de ‘brain rot’ pode ser vista como um sinal de alerta. Ao mesmo tempo em que proporciona entretenimento e distração, esse modo de consumo também coloca em evidência questões sobre bem-estar mental, atenção e a qualidade do conhecimento que estamos absorvendo. À medida que nos tornamos cada vez mais dependentes de conteúdos rápidos e acessíveis, é vital refletir sobre como isso afeta a nossa capacidade crítica de processamento de informações e nosso desenvolvimento intelectual geral.
Em conclusão, a escolha de ‘brain rot’ como a palavra do ano pela Oxford University Press não é apenas uma mera classificação de um termo em voga, mas sim um convite à reflexão sobre a sociedade contemporânea e o impacto da tecnologia na nossa saúde mental. A pergunta que fica é: até onde estamos permitindo que a ‘deterioração cerebral’ nos afete, e o que podemos fazer para reverter essa tendência? Com a evolução constante da nossa relação com a tecnologia, é essencial ponderar sobre as formas como consumimos informação para garantir que permaneçamos críticos, informados e mentalmente saudáveis.