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Num episódio chocante e triste, mais de 40 migrantes são considerados desaparecidos após o naufrágio de uma embarcação no Mar Mediterrâneo, próximo à ilha de Lampedusa, na Itália. A única sobrevivente, uma menina de 11 anos, foi resgatada por uma equipe de socorro que lhe deu assistência. O relato da menina, que fornece detalhes sobre a tragédia, evidencia o desespero enfrentado por aqueles que buscam uma vida melhor através da migração. O incidente, que ocorreu em um contexto de crescente crise migratória na região, levanta questões complicadas sobre os esforços de resgate e as condições de segurança na travessia do Mediterrâneo.
De acordo com a organização de resgate Compass Collective, a menina, que tem origem em Serra Leoa, estava flutuando sozinha no mar há cerca de três dias. Ela foi encontrada por volta das 2h20 da manhã, horário local, quando a embarcação Trotamar III, que estava em uma missão de emergência próxima, ouviu seus gritos. Em uma declaração, a Compass Collective afirmou: “Assumimos que ela é a única sobrevivente do naufrágio, e que os outros 44 pessoas que estavam a bordo se afogaram”. Imagens divulgadas pela organização mostram os tubos de pneu improvisados que a menina usou como colete salva-vidas, uma prova do perigoso cenário que os migrantes enfrentam.
Após ser resgatada, a menina foi examinada por um médico que a avaliou em relação às condições que enfrentou durante o tempo que passou na água. Mauro Marino, o médico, revelou ao diário Repubblica que acredita que a menina poderia ter estado no mar por aproximadamente 12 horas. Durante esse período, a jovem não tinha acesso a água potável ou alimentos e apresentava sinais de hipotermia, embora estivesse consciente e orientada. A recuperação da menina está sendo acompanhada por organizações de assistência humanitária, e com o apoio da Mediterranean Hope, ela está recebendo os cuidados médicos necessários.
A origem do naufrágio está relacionada à partida de um barco metálico da cidade de Sfax, na Tunísia. A menina descreveu à equipe de resgate que a embarcação afundou em questão de segundos devido a fortes tempestades e ondas de até 3,4 metros de altura. Em seu relato, ela mencionou que estava acompanhada por duas outras pessoas, mas perdeu contato com elas depois que a embarcação virou. As operações de busca realizadas pela guarda costeira e embarcações policiais da Itália continuam na área, mas, até o momento, não há notícias de corpos ou pertences encontrados.
Dados de organizações internacionais de migração revelam uma dura realidade sobre os perigos da travessia. Desde que começaram a ser registradas, há dez anos, mais de 30 mil migrantes morreram ou estão desaparecidos durante suas tentativas de atravessar o Mar Mediterrâneo. Este ano, a Itália registrou a chegada de mais de 63 mil migrantes, uma estatística alarmante que destaca a crescente crise humanitária na região. O cenário é particularmente preocupante, visto que o último ano presenciou uma tragédia semelhante, em que pelo menos 64 pessoas perderam a vida, incluindo oito crianças, quando uma embarcação superlotada colidiu contra os recifes próximos à costa da Calábria.
Este incidente serve como um lembrete sombrio das condições desesperadoras que levam as pessoas a arriscar suas vidas em busca de segurança e melhores oportunidades. Lamentavelmente, a maior parte dessas jornadas terminam em tragédia, gerando um debate urgente sobre a necessidade de ações coletivas eficazes e humanitárias para enfrentar essa crise crescente.
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