Uma troca de presentes de Natal que aconteceu em 1996 entre duas mulheres icônicas, Carolyn Bessette Kennedy e Lee Radziwill, irmã de Jacqueline Kennedy Onassis, revelou um momento não apenas divertido, mas também revelador sobre as dinâmicas familiares e sociais que cercavam figuras da aristocracia americana. Neste relato nostálgico, RoseMarie Terenzio, ex-assistente pessoal de John F. Kennedy Jr. e amiga próxima de ambos, compartilhou detalhes surpreendentes sobre esse evento, que ganhou destaque durante uma festa de lançamento do livro “JFK JR: An Intimate Oral Biography”, realizada no dia 10 de dezembro em Nova York.
A tradição de troca de presentes durante as festividades é um costume que transcende culturas e gerações, e neste caso específico, envolveu uma grande expectativa e um toque de humor. Enquanto Carolyn oferece a Lee uma elegante manta da renomada grife Hermès, com um valor estimado em milhares de dólares, Radziwill contrabalança com um presente que à primeira vista pode parecer insólito: uma caixa de clipes de cabelo e scrunchies adquiridos em uma farmácia local, especificamente da rede Duane Reade. Terenzio não perdeu a oportunidade de relatar esse curioso descompasso entre as duas presentes, destacando o aspecto inusitado do presente de Lee.
Na lembrança de Terenzio, a cena se desenrola de forma cômica, com Carolyn, mesmo diante de um presente simples e inusitado, achando a situação hilária, considerando-a uma “jogada de mestre” de Lee. Carolyn ficou fascinada com a audácia de Lee, uma mulher conhecida por sua elegância e bom gosto, mas que, em sua essência, teve um momento de leveza em resposta à não inclusão em um dos eventos familiares mais privados da época: o casamento de Carolyn com John F. Kennedy Jr. em setembro daquele mesmo ano, que teve como cenário a isolada Ilha Cumberland, na Geórgia.
Terenzio sugere que a decisão de Kennedy Jr. em não convidar Lee para a cerimônia estava ligada a uma tentativa de manter a privacidade do evento. “John acreditava que Lee não aceitaria o desejo da privacidade e poderia acabar revelando detalhes da cerimônia”, explica Terenzio, ressaltando a complexidade nas relações familiares interpretáveis como um reflexo do legado Kennedy. Nos bastidores, Carolyn, sendo alguém muito próximo à sua sogra, não conseguia compreender a omissão de Lee da lista de convidados, defendendo a ideia de que “como você pode não convidar a irmã da sua mãe?” Esta situação gerou tensões que estavam em jogo no relacionamento compartimentado entre a família Kennedy e suas esferas sociais.
O aspecto leve e até cômico da troca de presentes, onde uma grife de prestígio se contrapunha a itens comuns de farmácia, evidencia como o dinheiro e a classe social, muitas vezes exaltados na sociedade, não determinam as relações interpessoais e muito menos a genuinidade dos sentimentos. As percepções de Carolyn sobre a atitude despretensiosa de Lee demonstram que elas não se limitavam a qualificações externas e que, apesar das diferenças em suas histórias de vida, havia um entendimento mútuo que transcendeu a superficialidade. Terenzio complementa que Carolyn considerava Lee como “uma badass”, evidenciando, inclusive, que a resposta de Lee poderia ser uma crítica sutil por ter sido excluída do casamento.
Com esse relato, fica claro que além de simples presentes, a troca entre Carolyn e Lee carrega um peso simbólico que retrata a complexidade emocional de famílias icônicas do século XX, além de abraçar a ideia de que, por trás de toda elegância, há uma história tecida de amor, desafetos e reconciliações silenciosas. Assim, essa narrativa instigante nos leva a refletir sobre a importância das relações familiares e o papel que momentos simples, mas marcantes, têm em defini-las. As histórias pessoais, envoltas em camadas de história e emoção, são sempre menores e mais significativas do que parecem à primeira vista, muito mais do que os objetos que trocamos, é o carinho e as experiências vividas que realmente contam.