CNN
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Imagine-se a bordo de um voo rumo ao paraíso havaiano, quando, de repente, a calmaria do céu se transforma em um cenário de pânico. Isso foi exatamente o que aconteceu em um voo da Hawaiian Airlines que, ao se aproximar do aeroporto de Kahului, em Maui, foi surpreendido por uma intensa turbulência que resultou em múltiplos ferimentos nos passageiros. Os relatos dão conta de que enquanto os pilotos se preparavam para o pouso, um “nuvem” de condições adversas se formou bruscamente à frente da aeronave, levando a um episódio de turbulência que muitos descreveram como uma “queda livre”.
A experiência relatada pelos passageiros foi de um “solavanco forte” e a sensação perplexa de estar em queda livre. Durante o caos, com a aeronave se agitando violentamente, um dos passageiros teve que se arrastar de volta para seu assento, enquanto celulares, jaquetas e garrafas de água flutuavam descontroladamente pelo interior da cabine, um testemunho do poderoso impacto que a súbita turbulência causou. O relatório da National Transportation Safety Board (NTSB), recém-divulgado, detalha esse incidente de 2022 e indica que a decisão da tripulação de passar pela “nuvem” de mau tempo em vez de contorná-la foi um fator crucial nos ferimentos.
Conforme as investigações avançaram, foi revelado que a tripulação estava ciente da possibilidade de condições meteorológicas adversas. Antes do embarque do voo 35, que partiu de Phoenix com 283 passageiros a bordo, havia sido alertado sobre “turbulência potencial e atividade convectiva embutida” sobre as Ilhas Havai. Apesar dos avisos meteorológicos, o capitão optou por voltar à rota, levando a consequências severas. No total, foram reportados 36 feridos, entre eles, uma criança de apenas 14 meses que teve que ser levada ao hospital.
Um trecho de gravação do cockpit posteriormene evidenciou que os pilotos reconheceram que deveriam ter “desviado” da tormenta. A NTSB classificou a causa provável do incidente como sendo a decisão da tripulação de voar sobre uma célula de tempestade observada, apesar de informações meteorológicas suficientes indicando a possibilidade de tempo severo. A falta de uma nova comunicação do capitão, uma vez que o sinal de fechamento de cintos foi acionado, também foi considerada uma falha que, certamente, contribuiu para que mais lesões ocorrêssem a bordo.
A Hawaiian Airlines, em nota, frisou que realiza treinamentos regulares com suas equipes sobre a evasão de condições climáticas severas, incluindo turbilhonamento em voo. Após o incidente, a companhia conduziu uma revisão interna detalhada e colaborou com a NTSB para compreender os fatores que levaram a aeronave a enfrentar uma turbulência mais forte do que a esperada. A companhia está comprometida em aprender com o ocorrido para evitar acontecimentos semelhantes no futuro.
O fenômeno meteorológico que causou a turbulência foi identificado posteriormente como uma “tempestade Kona”, um tipo de sistema que traz chuvas intensas e ventos fortes para as ilhas do Havai. É uma lembrança de que, mesmo em um destino de férias familiar como o Havai, as condições meteorológicas podem mudar drasticamente em questão de segundos, desafiando até mesmo os mais experientes dos profissionais de aviação.
A NTSB, em seu relatório, destacou que antes do incidente, havia apenas sete relatos de turbulência leve na área, mas ressaltou que a previsão do Serviço Nacional de Meteorologia já indicava um potencial de atmosfera instável e condições de voo arriscadas. Na prática, isso significa que a tripulação estava ciente do que poderia ocorrer ao longo da rota, tornando a decisão de continuar o trajeto ainda mais debatível.
Esses incidentes de turbulência não são apenas relatos isolados; eles levantam questões sobre a segurança e a responsabilidade dentro da aviação comercial. Enquanto a Hawaiian Airlines se compromete a aprender com a experiência, passageiros e suas famílias aguardam garantias de que tais situações não se repetirão. Afinal, mesmo em voos comerciais, as vidas humanas e a segurança sempre devem ser as prioridade número um.