O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, está prestes a realizar uma visita sem precedentes a Angola nesta semana, marcando-se como o primeiro presidente em exercício a pisar nesta nação africana. Essa viagem representa a concretização de uma promessa de longa data feita por Biden para visitar a África Subsaariana enquanto ainda é presidente, à medida que seu mandato se aproxima do fim. A expectativa em torno dessa visita é palpável, não só pelo simbolismo político, mas também pelas importantes questões econômicas e sociais que serão abordadas.
Este será o primeiro deslocamento de um presidente dos EUA para a África Subsaariana desde 2015, destacando a determinação de Biden em restabelecer e fortalecer laços com o continente, especialmente em um período em que a influência de potências como China e Rússia na região tem crescido. A viagem de Biden, programada para iniciar no domingo à noite, também ocorre em um momento crítico, pois ele se comprometeu a realizar essa visita ainda em 2023.
Contudo, fazendo parte de um emaranhado de anúncios e adiamentos, a viagem de Biden foi questionada inicialmente após ele retirar sua candidatura em uma eleição presidencial em curso. O planejamento anterior pedia uma passagem pela África em outubro, que acabou sendo prorrogada para que ele pudesse acompanhar a resposta do governo a desastres naturais, como os furacões Milton e Helene. Assim, a sua visita a Angola aparece não apenas como um evento de relevância diplomática, mas também como um movimento estratégico para reafirmar o compromisso dos EUA com a África.
Durante essa visita, Biden se reunirá com o presidente angolano, João Lourenço, e fará declarações relevantes sobre as relações de infraestrutura e parcerias econômicas. O presidente dos EUA está previsto para discutir propostas que envolvem investimentos significativos em Angola, além de outras iniciativas que buscam amplificar a cooperação econômica entre os dois países.
De acordo com informações fornecidas por altos funcionários da administração, Biden deverá anunciar que o governo dos EUA terá concluído doze acordos em Angola até o momento de sua partida da Casa Branca, totalizando mais de 6,9 bilhões de dólares. Parte da agenda incluirá a apresentação de uma nova parceria de segurança em saúde global, destinada a fortalecer a resposta a doenças infecciosas, além de destacar investimentos que visam aumentar o acesso e a armazenagem de alimentos.
Um dos pontos chave da visita será a promoção do Corredor Lobito, um projeto de infraestrutura e ferrovias que contará com pesados investimentos dos EUA. Este corredor tem como objetivo aumentar a velocidade do transporte de minerais críticos usados em veículos elétricos e centros de dados de IA, além de melhorar drasticamente os tempos de entrega de alimentos, ajudando a combater a insegurança alimentar em diversas regiões da África.
A visita de Biden destaca a urgência da administração em intensificar os investimentos na África, em resposta ao crescente engajamento de países como China e Rússia, que têm feito investimentos significativos em infraestrutura na região. Com a crescente competição por influência no continente africano, a presença de Biden em Angola é crucial para reafirmar a posição dos EUA como um parceiro comercial e, ao mesmo tempo, contornar as preocupações locais com a sustentabilidade e a eficácia dos projetos propostos.
Por outro lado, a chegada de Biden a Angola coincide com uma mudança política em Washington, com o presidente eleito Donald Trump se preparando para assumir o cargo, o que levanta questões sobre a continuidade das iniciativas de Biden. Contudo, os oficiais da administração Biden ressaltaram que a política dos EUA na África tem desfrutado de apoio bipartidário em administrações anteriores e manifestaram confiança de que a próxima administração irá continuar a construir sobre essa base.
Finalmente, ao assumir o cargo, Biden comprometeu-se a restaurar parcerias no cenário global, especialmente em relação aos países africanos. O seu envolvimento contínuo em diálogos com líderes africanos — incluindo Lourenço, que teve um encontro significativo com ele na Casa Branca no ano passado — ilustra os esforços dos EUA em solidificar uma relação mais forte e colaborativa com o continente. Desde a Cúpula de Líderes Africanos em 2022, onde Biden apresentou uma visão clara para a relação futuro entre os EUA e a África, mais de vinte líderes do gabinete e outras figuras seniores também viajaram para o continente, refletindo uma política de engajamento ativo e apoio à diplomacia internacional.