No dia 6 de janeiro de 2025, um novo estudo conduzido pela Dra. Yamini Virkud, professora associada de pediatria e diretora de Bioinformática da Iniciativa de Alergia Alimentar da Universidade da Carolina do Norte (UNC), trouxe à luz informações valiosas sobre os caminhos dos metabolitos associados às alergias alimentares e suas respostas diferenciadas à imunoterapia oral. A pesquisa, publicada na respeitável revista Pediatric Allergy and Immunology, destaca como o uso de metabolômica pode enriquecer nossa compreensão sobre as alergias e proporcionar novos caminhos para tratamentos eficazes.
Em um mundo onde as alergias alimentares, especialmente aquelas mediadas por imunoglobulina E (IgE), estão se tornando cada vez mais comuns e potencialmente perigosas, a busca por terapias efetivas se torna uma prioridade emergente. A Dra. Virkud enfatiza que para desenvolver novas terapias é crucial entender a tolerância imunológica aos alérgenos, assim como as variações dessa tolerância entre indivíduos. Trata-se de um cenário em que cada corpo reage de maneira única, e a compreensão desses mecanismos é fundamental para o aperfeiçoamento dos tratamentos.
A pesquisa liderada por Virkud se concentrou na comparação entre crianças com alergia alimentar e aquelas sem, revelando que os ácidos biliares estavam presentes em níveis mais elevados nas primeiras. Nesse contexto, os pesquisadores também analisaram perfis de metabolitos em crianças que receberam imunoterapia oral (OIT), distinguindo entre aquelas que conseguiram manter a proteção mesmo após interromper a terapia por um curto período e aquelas que perderam essa proteção rapidamente. O estudo revelou que os indivíduos que não mantiveram a proteção apresentaram níveis mais altos de ácidos biliares em geral, enquanto aqueles que entraram em remissão tinham níveis mais altos de dois ácidos biliares específicos, conhecidos como litocholatos.
Vale ressaltar que, embora a principal função dos ácidos biliares seja auxiliar na digestão, particularmente no intestino, eles têm um papel significativo no controle das células imunes. Em outras pesquisas, foi demonstrado que os litocholatos regulam as células T, essenciais no processo de remissão das alergias alimentares. A intersecção dos dados obtidos neste estudo com descobertas anteriores sugere que perfis específicos de ácidos biliares podem determinar a eficácia da OIT em indivíduos com alergias alimentares.
Além dos ácidos biliares, o estudo identificou também diferenças em outros metabolitos, como histidinas e ácidos graxos poli-insaturados, que já são conhecidos por suas funções no sistema imunológico. A Dra. Virkud expressou a expectativa de que futuras investigações possam aprofundar a compreensão sobre essas conexões e suas implicações no tratamento de alergias alimentares.
O estudo fez parte de uma análise mais ampla, abrangendo coortes multiétnicas, como o Genetics of Asthma in Costa Rica (GACRS), o Vitamin D Antenatal Asthma Reduction Trial (VDAART) e o Peanut Oral Immunotherapy (PNOIT). O objetivo central da pesquisa era identificar caminhos metabólicos significativos, como a metabolômica evolui com a OIT e associar perfis metabólicos aos resultados terapêuticos da OIT. A equipe conduziu amostragens repetidas nos mesmos participantes para identificar diferenças fisiopatológicas entre aqueles que apresentaram proteção transitória e aqueles que ficaram sem resposta durante a terapia.
Os resultados surpreenderam a equipe de pesquisa, especialmente porque a relação entre ácidos biliares e células imunológicas ainda é um campo relativamente novo, com muitos achados relevantes surgindo apenas entre 2019 e 2020. “Foi bastante emocionante encontrar na literatura estudos que finalmente trouxeram significado biológico para as nossas descobertas”, comentou a Dra. Virkud. Assim, a pesquisa conclui que validações funcionais adicionais dessas vias metabólicas no contexto da tolerância alérgica podem não apenas ajudar a identificar pacientes mais propensos a se beneficiarem da OIT, mas também orientar o desenvolvimento de novas estratégias terapêuticas que melhorem os resultados para aqueles afetados por alergias alimentares.
Esse estudo representa um avanço significativo na luta contra as alergias alimentares, ampliando os horizontes sobre o tratamento e gestão desta condição que afeta uma parcela crescente da população. À medida que novas descobertas são feitas, a esperança é que cada vez mais crianças possam ter acesso a tratamentos mais eficazes e, em última análise, a uma vida saudável e sem restrições.
Escrito por Brittany Phillips, especialista em comunicações da UNC Health | UNC School of Medicine.
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