O Papa Francisco, em uma decisão que promete ecoar entre os católicos e na política norte-americana, anunciou a nomeação do cardeal Robert McElroy como o novo arcebispo de Washington DC. Essa escolha não é apenas uma movimentação administrativa, mas também um sinal claro de alinhamento com valores contemporâneos que o Papa tem promovido desde o início de seu pontificado. McElroy, aos 70 anos, é um defensor vocal dos direitos dos migrantes e um crítico aberto da administração de Donald Trump, especialmente em relação às suas políticas anti-imigração. Sua nova posição faz com que ele suceda o cardeal Wilton Gregory, que fez história ao se tornar o primeiro arcebispo afro-americano da capital dos Estados Unidos.
Durante sua carreira, McElroy destacou-se por suas declarações corajosas e por seu forte apoio aos refugiados, à necessidade de cuidar do meio ambiente e à inclusão de católicos LGBTQ. As políticas que ele defende vão de encontro ao nacionalismo crescente que tem permeado a política mundial. Assim, o Papa Francisco não apenas escolhe um arcebispo, mas também promove uma agenda que ressoa com uma base mais inclusiva dentro da Igreja. Essa mudança reflete a necessidade de um diálogo mais profundo sobre temas sociais contemporâneos, em um momento em que muitos católicos enfrentam diversas questões pelo mundo.
Em um discurso que aconteceu logo no início do primeiro mandato de Trump, McElroy destacou diretamente os desafios que os católicos enfrentavam, convocando a comunidade a se tornar “desruptores” da agenda anti-imigração. Ele pediu que os católicos não apenas observassem passivamente, mas sim se opusessem a ações que buscavam deportar indocumentados e separar famílias. Para McElroy, esses atos não só ferem os princípios católicos de compaixão, mas também a própria essência da dignidade humana. “Devemos interromper aqueles que desejam enviar tropas às nossas ruas para deportar os indocumentados, para arrancar mães e pais de suas famílias”, afirmou, o que mostra a urgência e a paixão com que ele aborda os direitos humanos.
Além de McElroy, o Papa também deu outro passo significativo ao nomear irmã Simona Brambilla como a primeira mulher a liderar um departamento do Vaticano. Ela será a prefeita do escritório de vida religiosa da Santa Sé, onde terá a responsabilidade de supervisionar monjas, monges e frades. Essa nomeação ocorre em um contexto em que o Papa Francisco tem buscado cada vez mais promover mulheres em papéis de liderança dentro da Igreja, embora haja um clamor crescente por um avanço ainda maior nas funções femininas na estrutura da Igreja Católica. A escolha de Brambilla, que tem uma formação diversificada, incluindo um doutorado em psicologia, representa uma mudança simbólica e prática em uma instituição historicamente dominada por homens.
A trajetória de Brambilla inclui experiências como missionária em Moçambique, e sua nomeação à liderança é um reflexo do desejo do Papa de revitalizar a administração do Vaticano com perspectivas frescas e inclusivas. Essa mudança é parte de um movimento maior que tem visto um aumento gradual na representação feminina dentro da Santa Sé. De acordo com dados do Vaticano, entre 2013 e 2023, a porcentagem de mulheres trabalhando na Santa Sé e no Estado da Cidade do Vaticano aumentou de 19,2% para 23,4%. Isso é um indicativo de que, apesar das críticas, o Papa está ativamente promovendo um ambiente mais inclusivo, embora muitos ainda argumentem que mais deve ser feito.
Essas nomeações são um grande indicativo das direções que a Igreja Católica pode tomar nos próximos anos. Com a crescente polarização política e social ao redor do mundo, é crucial que a Igreja não apenas lidere a discussão sobre compaixão e inclusão, mas também se posicione contra as injustiças sociais. Assim, a chegada de McElroy e a liderança de Brambilla representam uma nova era no arco da história da Igreja Católica nos EUA e no mundo, onde o diálogo, a inclusão e os direitos humanos podem, finalmente, ocupar o centro da narrativa. Como serão recebidas essas mudanças, somente o tempo dirá, mas uma coisa é certa: a Igreja está, sem dúvida, em um caminho transformador.