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A recente tragicidade ocorrida em Bourbon Street, Nova Orleans, trouxe à tona uma série de alertas ignorados e falhas na infraestrutura de segurança, resultando em um ataque que acabou com a vida de 14 pessoas. Um relatório elaborado pela cidade em 2017 já havia identificado a área como um possível alvo de terrorismo, destacando a necessidade de medidas imediatas de proteção, como a instalação de bollards. Agora, anos depois e com a iminência de um grande evento na cidade, a falta de ação efetiva gera questionamentos sobre a responsabilidade dos gestores públicos e a prontidão das medidas de segurança implementadas.

No início de 2017, um relatório da cidade de Nova Orleans apresentou uma análise detalhada que retratava a Bourbon Street como um possível alvo terrorista, citando explicitamente avisos do FBI e a necessidade urgente da instalação de bollards para proteger os pedestres contra ataques com veículos. O documento indicava que as multidões densas que frequentam a famosa rua representavam uma vulnerabilidade significativa, fazendo com que se tornasse um alvo preferido para atividades terroristas. A conclusão do relatório ressaltou que a cidade precisava agir prontamente para mitigar os riscos.

Oito anos se passaram e a realidade evidenciou a gravidade dessa negligência. Em uma fatídica noite, o veterano do Exército dos Estados Unidos, Shamsud-din Jabbar, que teria jurado lealdade ao grupo extremista ISIS, lançou seu caminhão contra a multidão, atropelando 14 pessoas ao longo de três quarteirões de Bourbon Street. Vale destacar que, na ocasião, os bollards que deveriam ter sido instalados como medida preventivamente de segurança estavam em processo de substituição, em preparação para o Super Bowl, que será realizado em Nova Orleans em 9 de fevereiro.

Mapa de Bourbon Street
Mapa de Bourbon Street em Nova Orleans mostrando as localizações dos bollards que haviam sido removidos.
CBS News/Google Earth

Além disso, um relatório confidencial que foi revisado pela CBS News revelou que autoridades da cidade foram alertadas em 2019 sobre a urgência de reparos nos bollards. O mesmo estudo indicou que os detritos haviam causado a inoperabilidade de alguns desses dispositivos removíveis, mesmo com a construção de novos bollards em andamento na mesma localidade. Elaborado pela consultoria de segurança Interfor International, o relatório foi submetido ao French Quarter Management District em novembro de 2019, enfatizando a persistência da ameaça de ataques terroristas, especificamente tiroteios e ataques veiculares.

A urgência das recomendações foi clara: melhorias imediatas nos bollards eram imprescindíveis para garantir a segurança da população local e dos visitantes. “A mobilização dos bollards deve ser corrigida/improvisada imediatamente,” afirmava o documento, com a recomendação de que o Departamento de Polícia de Nova Orleans fosse o responsável por supervisionar as melhorias. Contudo, Don Aviv, CEO da consultoria, informou à CBS News que não recebeu mais feedback do distrito desde a publicação de um resumo do relatório em agosto de 2020.

Cerca de quatro anos após essa análise, durante uma reunião realizada em abril de 2024, consta nas atas que o Departamento de Obras Públicas ainda estava “analisando substituições” para os bollards da Bourbon Street. A construção para a substituição dos bollards, por outro lado, não começou até novembro de 2024, cinco anos após as recomendações iniciais. Um boletim online divulgado em dezembro de 2024 mostrou que os bollards estavam sendo instalados em uma área próxima ao local onde Jabbar havia entrado em Bourbon Street com seu caminhão.

A resposta das autoridades após o ataque foi igualmente problemática. A Superintendente da Polícia de Nova Orleans, Anne Kirkpatrick, declarou que a polícia já havia tomado algumas ações para “proteger aqueles áreas alvo onde os bollards” estavam situados anteriormente, implementando patrulhas de veículos e outras medidas. Porém, destacou que mesmo com essas intervenções, o atacante ainda conseguiu desviar os dispositivos de segurança. As autoridades também ressaltaram que os bollards sozinhos não teriam impedido o ataque e que barreiras temporárias de aço, utilizadas anteriormente para bloquear as calçadas em ocasiões especiais, não estavam presentes na Bourbon Street na véspera de Ano Novo.

No entanto, é pertinente mencionar um relatório da cidade publicado em junho de 2017 que previa que a instalação de bollards poderia salvar vidas durante incidentes como o ocorrido. O estudo, elaborado pela empresa de consultoria de infraestrutura AECOM, fez comparações com ataques de veículos em Nice, França, e na Times Square de Nova York, onde a presença de bollards fixos foi creditada pela preservação de vidas. A proposta incluía a instalação de bollards operáveis na Bourbon Street, destinados a impedir o acesso não autorizado de veículos, mantendo, contudo, a flexibilidade para entregas e emergências.

As barreiras planejadas se diferiam das instalações permanentes vistas em Nova York, já que os bollards da Bourbon Street seriam removíveis, acomodando as necessidades de acesso de veículos comerciais e serviços de emergência. O relatório mencionou que a cidade havia desenvolvido opções acessíveis para usar bollards operáveis, permitindo que, quando fechados, esses dispositivos pudessem prevenir o acesso não autorizado à via. Contudo, essa resolução não avançou como planejado.

Recentemente, a prefeita de Nova Orleans, LaToya Cantrell, anunciou durante uma coletiva de imprensa da FBI que a cidade está revisando os novos bollards instalados, diante de questionamentos sobre sua capacidade de suportar impactos veiculares a velocidades de até 10 milhas por hora. “A análise completa que estou solicitando determinará se esses dispositivos são robustos o suficiente,” insistiu Cantrell, acrescentando que especialistas realizarão a avaliação e a cidade seguirá as recomendações.

A conclusão a se tirar desta trágica sequência de eventos é clara: Nova Orleans necessita urgentemente de uma revisão criteriosa de suas práticas e políticas em segurança pública. Os relatos e as evidências estão presentes, e o tempo para agir não é apenas um dever, mas uma responsabilidade que deve ser priorizada, especialmente em locais conhecidos mundialmente por suas celebrações e o turismo intenso, como Bourbon Street. É fundamental que as lições sejam aprendidas e que o futuro da segurança pública na cidade não seja deixado ao acaso.

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