A Comissão Europeia (CE) confirmou sua autorização para a Synopsys adquirir a Ansys, no que promete ser uma transação revolucionária no mundo da tecnologia. Embora o valor do negócio seja de impressionantes $35 bilhões, a fusão não se concretizará sem que as empresas cumpram uma série de condições rigorosas, incluindo a venda de vários produtos de software. Destaca-se que essa fusão é um dos maiores negócios do setor tecnológico desde a aquisição da VMware pela Broadcom por $69 bilhões, uma operação que também enfrentou intensa análise regulatória antes de receber o sinal verde da CE no ano passado.
A Synopsys, uma renomada desenvolvedora de software de design de chips, anunciou seu interesse em adquirir a Ansys, reconhecida por suas soluções de simulação que auxiliam engenheiros a modelar e analisar o comportamento físico de produtos, incluindo chips. A integração das expertise dessas duas empresas tem potencial para criar um gigante no design e simulação de chips, mas isso gerou inquietações entre os reguladores, que temem a concentração de mercado e a possível restrição da concorrência.
O principal tópico da preocupação regulatória gira em torno da ideia de que tal fusão poderia criar uma colossal entidade com poder para eliminar competidores que não oferecem um portfólio combinado semelhante. Para tratar dessas preocupações, a Comissão Europeia determinou que as empresas devem desinvestir partes sobrepostas de seus negócios, que serão vendidas a compradores adequados, previamente aprovados por eles.
A Synopsys já havia se comprometido a vender sua Optical Solutions Group para a Keysight, mas agora, com as novas exigências da CE, será necessário também se desfazer de softwares de ótica e fotônica, como Code V, LightTools, LucidShape, RSoft e ImSym. Por sua vez, a Ansys se comprometeu a se desfazer do PowerArtist, um software projetado para analisar e otimizar o consumo de energia de circuitos eletrônicos em um nível extremamente detalhado.
Teresa Ribera, vice-presidente executiva da CE, expressou sua preocupação em relação ao potencial impacto negativo na competição em mercados globais específicos de software de design, mas reafirmou que as soluções estruturais apresentadas pelas empresas devem preservar a concorrência. “Estávamos preocupados que essa aquisição pudesse prejudicar significativamente a concorrência em certos mercados globais de software de design para chips ou outros produtos,” explicou Ribera. “No entanto, graças às medidas estruturais oferecidas, a concorrência nesses mercados será preservada, e os clientes continuarão tendo acesso a ferramentas inovadoras a preços competitivos.”
A junto à CE, a Autoridade de Concorrência e Mercados do Reino Unido (CMA) também iniciou uma investigação antitruste em agosto sobre a fusão e, recentemente, manifestou disposição para aceitar as ofertas de desinvestimento apresentadas pelas empresas. Entretanto, a autorização da CE não significa que o acordo esteja completamente finalizado. A Comissão Federal de Comércio dos EUA (FTC) está avaliando a proposta e, além disso, a Synopsys e a Ansys possuem ligações significativas com a China, onde a Administração Estatal para a Regulamentação do Mercado (SAMR) também está buscando remédios relacionados à fusão.
Um porta-voz da Synopsys confirmou que a empresa continua “trabalhando de forma cooperativa com a FTC” enquanto considera as soluções propostas, mantendo o diálogo com reguladores de outros mercados ao redor do mundo, incluindo a China. Além disso, expressou otimismo sobre a aceitação do pedido pela SAMR, afirmando que a revisão está em andamento. “Estamos muito satisfeitos que a CE tenha aprovado nossa transação pro-competitiva na Fase 1,” disse o porta-voz. “A decisão de hoje segue o forte progresso que fizemos para obter aprovação regulatória em várias jurisdições. O SAMR da China aceitou oficialmente nosso pedido, e sua revisão está em processo. Além disso, continuamos a dialogar com os reguladores em outras jurisdições relevantes para concluir suas avaliações.”
As expectativas agora são que a transação seja finalizada no primeiro semestre de 2025, mas a jornada até lá continua repleta de potenciais desafios e obstáculos que as empresas precisarão navegar. Com um panorama tão dinâmico, as próximas etapas dessa fusão prometem gerar ainda mais desdobramentos e debates no setor tecnológico global. Uma transação dessa magnitude não apenas impactará as empresas diretamente envolvidas, mas também moldará o futuro do mercado de design e simulação de chips, com repercussões amplas em uma variedade de indústrias que dependem de tais soluções tecnológicas para inovar e avançar em seus próprios produtos.