Após quase um ano de um preocupante incidente em voo, quando um dispositivo de porta se desprendeu de uma aeronave 737 Max 9 da Alaska Airlines, a Boeing anunciou melhorias significativas em suas práticas de segurança. Este anuncio foi realizado na última sexta-feira e visa reforçar a proteção dos passageiros de forma abrangente. A empresa revelou que está comprometida em elevar a cultura de segurança e qualidade, investir em treinamento da força de trabalho, simplificar processos e eliminar defeitos em sua linha de montagem. Você se sente tranquilo em voar com a companhia agora?
Nos últimos anos, a Boeing enfrentou uma série de incidentes de segurança que geraram preocupações tanto para passageiros como para reguladores. Dois acidentes fatais de aeronaves Boeing 737 Max, que resultaram na morte de todos a bordo, e a explosão do plug de uma porta, que fez com que roupas e celulares dos passageiros fossem lançados para fora através de um buraco na fuselagem, destacam a necessidade urgente de melhorias. Depois desse último incidente, surgiram denúncias de ex-funcionários alegando que peças questionáveis foram utilizadas na linha de montagem, levantando sérias questões sobre os procedimentos de controle de qualidade.
Apesar de a Boeing insistir que seus aviões são seguros para voar, a Administração Federal de Aviação (FAA) tem temporariamente suspenso diversos modelos da Boeing, incluindo as séries 737, 777 e 787, devido a problemas potenciais de segurança, qualidade e produção. Em 2022, a companhia definiu como meta melhorar a qualidade de sua produção, um objetivo que encontrou obstáculos, especialmente após o problema com o plug da porta. “Não conseguimos realizar essa melhoria por causa do problema do plug da porta”, afirmou George Ferguson, analista sênior de defesa e aviação da Bloomberg Intelligence.
Além dessa situação, em setembro do ano passado, a associação internacional de mecânicos entrou em greve por dois meses, sendo essa uma das ações trabalhistas mais onerosas nos últimos 25 anos nos Estados Unidos. A greve teve término em novembro de 2022 e deixou um impacto significativo nas operações da Boeing. Recentemente, um acidente aéreo envolvendo outra aeronave da Boeing resultou na morte de 179 dos 181 ocupantes; a investigação sobre o ocorrido ainda está em andamento e, até o momento, não há indicações de que o acidente esteja relacionado a problemas de fabricação.
A necessidade de mudanças substanciais na Boeing foi corroborada pelo ex-chefe da FAA, Mike Whitaker, que destacou em um post que a empresa requer soluções a longo prazo. “Esse não é um projeto de um ano”, escreveu Whitaker. “O que é necessário é uma mudança cultural fundamental na Boeing, que priorize a segurança e qualidade em vez de lucro.” Este tipo de compromisso exigirá esforço contínuo e vigilância dos reguladores.
Novas Medidas de Segurança e Qualidade na Boeing
Como parte dessa atualização de segurança, a Boeing anunciou que abordou mais de 70% dos “itens de ação” sobre a produção de aeronaves comerciais, baseados nas contribuições dos funcionários durante suas sessões de “qualidade stand down”. A fabricante também reforçou seu sistema para ouvir as preocupações dos colaboradores, assegurando que as queixas sobre questões de qualidade e segurança sejam tratadas com confidencialidade.
Além disso, foram implementados novos critérios de “pronto para mover” na linha de montagem final dos modelos 737, 787, e partes das linhas 767 e 777, com a intenção de reduzir riscos. A Boeing afirmou ter investido em treinamento, incluindo a formação obrigatória sobre segurança e qualidade para todos os colaboradores. Cada mecânico e inspetor de qualidade deverá também assinar o trabalho concluído, uma ação que responde às críticas sobre a falta de documentação adequada, especialmente após a fabricante ter alegado não possuir registros sobre o incidente do plug da porta.
Embora existam preocupações públicas quanto à reputação da Boeing, Ferguson acredita que não haverá um impacto a longo prazo sobre a marca. Contudo, ele reconhece que ainda persiste um certo nível de hesitação por parte dos consumidores em relação à fabricante. “O nome Boeing foi um pouco manchado”, diz Ferguson, sublinhando que a preocupação é maior quando se trata de um avião da Boeing.
“Acredito que essa será a narrativa para 2025”, conclui Ferguson. “A história será a recuperação do controle de qualidade.” Portanto, enquanto a Boeing busca restaurar a confiança perdida, o futuro da companhia dependerá fortemente de sua capacidade em demonstrar um comprometimento sincero com a segurança e a excelência operacional.