Na manhã desta quarta-feira, em uma coletiva de imprensa durante uma visita ao local da tragédia, o Ministério do Transporte da Coreia do Sul anunciou que a caixa-preta danificada do voo da Jeju Air, que teve um acidente fatal no domingo, será enviada aos Estados Unidos para análise. O acidente, que ocorreu no Aeroporto Internacional de Muan, no sudoeste do país, resultou na morte de 179 das 181 pessoas a bordo, tornando-se o desastre aéreo mais mortal da Coreia do Sul em quase três décadas.

O aparelho, um Boeing 737-800, sofreu uma aterrissagem forçada e foi retratado e documentado amplamente pela mídia local. Com a ausência de dois sobreviventes, as famílias das vítimas começaram a se reunir para prestar homenagens e buscar respostas para a tragédia. As autoridades informaram que a caixa-preta, um dos dois dispositivos de registro recuperados da aeronave, estava danificada no momento da recuperação, o que levantou preocupações sobre a possibilidade de extração de dados críticos que poderiam elucidar as causas do acidente. Joo Jong-wan, vice-ministro da aviação civil, explicou que a Coreia do Sul não possui a capacidade técnica necessária para realizar essa extração de dados, com a caixa apresentando a ausência de um conector necessário.

Uma vez que a caixa-preta for enviada para os Estados Unidos, o Conselho Nacional de Segurança no Transporte (NTSB) será responsável pela análise. Investigadores sul-coreanos também farão parte do processo, embora o tempo necessário para concluir a análise ainda seja incerto. Entretanto, a segunda caixa-preta, que grava as conversas na cabine, já teve dados preliminares extraídos, e a equipe de investigação está convertendo essas gravações em arquivos de áudio. Este processo, realizado na Coreia do Sul, deverá levar cerca de dois dias, e as autoridades expressam esperança de que informações cruciais originadas de ambos os dispositivos possam ajudar a descobrir o que realmente desencadeou essa tragédia.

Choi Sang-mok, o presidente interino da Coreia do Sul, afirmou que o “causa do acidente será revelada através de uma análise abrangente”. As autoridades confirmaram que já identificaram todas as vítimas fatais do acidente, embora, até o momento, apenas 11 corpos tenham sido liberados de um necrotério temporário para que as famílias realizem os arranjos funerários necessários.

Enquanto isso, uma coletiva de familiares e amigos das vítimas se aglomera há dias no Aeroporto de Muan, em busca de informações e esperando que os entes queridos sejam trazidos de volta para casa. Na quarta-feira, ônibus foram utilizados para levar os parentes dos seguros para o local do acidente, onde muitos prestaram homenagens emocionadas. O altar improvisado montado no aeroporto é um reflexo profundo da dor que a comunidade enfrenta, com filas de pessoas se reunindo para orar e acender velas, especialmente no primeiro dia do novo ano.

Ainda não está claro o que causou a queda do voo 7C 2216 da Jeju Air, que vinha de Bangkok para Muan, e a investigação pode levar meses para ser finalizada. Foi reportada uma chamada de emergência feita pelo piloto antes do pouso, que mencionou ter sofrido um impacto com um pássaro. Imagens da queda divulgadas por diversas emissoras sul-coreanas mostram que tanto o trem de pouso dianteiro quanto o traseiro não estavam visíveis, levando a aeronave a deslizar em alta velocidade sobre o solo, atingir um talude e explodir em chamas.

Fatores como a possível colisão com um pássaro, a falha na implantação do trem de pouso e a presença de uma barreira de concreto ao final da pista podem ter contribuído para este trágico acidente. A investigação, joint venture entre autoridades sul-coreanas e americanas, conta com a participação de 12 investigadores sul-coreanos e 10 americanos, incluindo representantes da Administração Federal de Aviação (FAA), do NTSB e da fabricante Boeing, com o objetivo de elucidar o que levou à catástrofe.

Similar Posts

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *