O criador de Desperate Housewives, Marc Cherry, demonstrou sua admiração pela popularidade e finesse do reality show Real Housewives, revelando que, mesmo não se sentindo ameaçado pela sequência de sucesso da Bravo, ele sente uma ponta de inveja do time que mantém a franquia ativa e renovada. Este tipo de admiração não é incomum entre criadores que veem suas obras originais serem reconhecidas e transformadas em outras narrativas.

Em uma entrevista reveladora à revista People, Cherry reconheceu que, mesmo que Real Housewives tenha tomado o mundo do entretenimento de assalto desde sua estreia em 2006, isso não o afligiu. “Eles não roubaram meu nome, para ser justo com eles,” disse Cherry sobre a franquia da Bravo que se inspirou em Desperate Housewives. A série original da ABC contou com uma narrativa que, apesar de ser ficcional, capturou o cotidiano e os dramas intensos de um subúrbio americano, seguido por uma trama repleta de reviravoltas e intrigas que mantiveram os espectadores cativados durante as oito temporadas.

Cherry explica que a ideia de Real Housewives floresceu após o conhecido sucesso de sua série, iniciando assim um novo tipo de entretenimento que consiste em um tipo de crônica da vida real. Ele menciona como seu show, que abordava episódios alucinatórios da vida urbana em um formato sério e dramático, se transformou em uma referência para novos tipos de produções que seguem o formato da vida real. Cherry também declarou que não se importa em ser mantido na linha de comparação e que isso faz parte de um sistema capitalista em busca de sucessos que podem ser revividos ou reutilizados.

“O fato é que eles (a equipe de produção de Real Housewives) aproveitaram-se do sucesso inicial do meu programa, e o que posso fazer? Isso é o sistema capitalista,” lamentou Cherry. No entanto, esse reconhecimento também trouxe à tona que ele se sente admirado pela habilidade dos produtores em manter a franquia ativa, produzindo novos projetos e spin-offs, revelando uma estratégia bem elaborada que mantém o público fiel e sempre em busca do próximo episódio.

A interação de Cherry com outras personalidades da mídia também gerou confusões ocasionais. Ele recorda de um momento em que o famoso tomador de decisões da indústria, Tommy Tune, confundiu suas criações. “Tommy se confundiu e disse: ‘Oh, então você produz todas as várias cidades?’ E eu olhei para ele — não fazia ideia do que ele estava falando,” explicou Cherry, indicativo de como as linhas que separam o mundo fictício do real podem se confundir. Tal confusão é uma prova de que a linha do que é entretenimento e o que é uma representação factual da sociedade está cada vez mais borrada.

Com a formação de um clima de rivalidade curiosa, Cherry mantém uma postura positiva em relação ao seu próprio trabalho. Ele afirma que sente que Desperate Housewives teve seu momento certo e que a decisão de encerrá-la em 2012 foi acertada — tanto para a série quanto para o público. Durante seus anos de produção do programa, que foi premiado com diversos prêmios Emmy e Globo de Ouro, Cherry percebeu que a indústria se transforma constantemente, e seus fatores de sucesso também exigem reavaliações periódicas.

“Eu realmente invejo o fato de que eles mantiveram essa franquia viva,” disse Cherry. “Eu definitivamente invejo os bons profissionais que produzem aquele show porque é um trem que continua a seguir seu percurso. Então, bem para eles.” Esta admiração por um show de sucessos confirma que, mesmo em outras camadas de entretenimento, não é apenas o sucesso em si que se destaca, mas também a continuidade, a resistência e a capacidade de inovar repetidamente, a mescla que leva uma produção a ser duradoura e querida pelo público.

Além disso, Cherry compartilhou que “a distância do tempo” o possibilitou refletir sobre algumas decisões criativas que tomou durante seu intenso processo de criação de Desperate Housewives, que levou 16 meses para desenvolver seu episódio piloto, seguido de um ritmo frenético com oito dias úteis para a produção de cada episódio. Ele está aberto a explorar a possibilidade de reiniciar séries que foram bem-sucedidas no passado, conforme houver um “real motivo artístico para fazê-lo”.

A abordagem ponderada de Cherry nas suas recriações e adaptações mostra que ele não é apenas um criador de histórias, mas um observador profundo dos ciclos de criação que desafiam sua prática no mundo da produção televisiva. Ele conclui dizendo que, ao considerar voltar ao universo de Desperate Housewives, é essencial que exista um “real motivo artístico” que justifique essa nova incursão. Ele continua aberto à ideia, mas permanecerá atento para garantir que a narrativa e os personagens realmente agreguem valor à televisão moderna.

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