Washington — Na quinta-feira, os tribunais federais decidiram não encaminhar as alegações de que o juiz da Suprema Corte, Clarence Thomas, pode ter violado leis éticas ao Departamento de Justiça dos Estados Unidos. Essa decisão foi anunciada pela entidade responsável pela formulação de políticas do Judiciário, que representa a voz da Justiça federal no país.

Clarence Thomas, um dos membros mais antigos da Suprema Corte, concordou em seguir os requisitos atualizados sobre a declaração de viagens e presentes. Isso inclui diretrizes mais claras sobre a hospitalidade recebida de amigos. A U.S. Judicial Conference, que reúne juízes e entidades do Judiciário, escreveu para senadores democratas que haviam solicitado uma investigação sobre a aceitação não divulgada de viagens de luxo.

Justice Clarence Thomas is seen during the Supreme Court's formal group photograph in Washington, Oct. 7, 2022.
Justice Clarence Thomas é visto durante a foto formal do grupo da Suprema Corte em Washington no dia 7 de outubro de 2022.

Eric Lee / Bloomberg via Getty Images

Em declarações anteriores, Thomas alegou que não estava obrigado a divulgar as inúmeras viagens que ele e sua esposa realizaram, pagas por benfeitores ricos, como Harlan Crow, um doador significativo do Partido Republicano, alegando que eles são amigos pessoais. Contudo, a Suprema Corte não respondeu imediatamente ao pedido de comentários na quinta-feira.

A Suprema Corte adotou seu primeiro código de ética em 2023 após críticas recorrentes sobre sua postura em relação à ética, mas esse novo código carece de um mecanismo de aplicação efetivo. Essa situação levanta a questão: até que ponto os juízes supremos são responsabilizados pelas suas ações fora do tribunal, especialmente quando se trata de relações monetárias e presentes de amigos influentes?

A incerteza sobre a possibilidade de a U.S. Judicial Conference fazer um encaminhamento criminal envolvendo um juiz da Suprema Corte foi destacada pelo juiz distrital Robert Conrad, que atua como secretário da conferência. Ele ressaltou que a conferência, liderada pelo chefe da Suprema Corte, John Roberts, não considerava necessário o encaminhamento nesta situação, especialmente uma vez que dois senadores democratas haviam pedido ao Procurador-Geral, Merrick Garland, a designação de um conselheiro especial para essa questão durante o verão, mas até o momento não houve qualquer nomeação pública a respeito.

O grupo Fix the Court expressou sua preocupação com essa decisão, afirmando que a lei de divulgação financeira é clara e deve ser aplicada aos juízes. “As cartas da Conferência ressaltam ainda mais a necessidade de que o Congresso crie um novo mecanismo transparente para investigar os juízes em caso de violações éticas, já que a Conferência não está disposta a agir com base no único método que presumíamos existir para fazer isso”, declarou o diretor executivo Gabe Roth em uma declaração.

Além disso, Conrad também enviou uma resposta similar a uma reclamação separada de um grupo jurídico conservador, o Center for Renewing America, relacionada aos relatórios da juíza Ketanji Brown Jackson sobre a origem da renda consultiva de seu marido. Jackson, assim como Thomas, emendou suas divulgações e também concordou com os novos requisitos de relato.

A impunidade percebida por parte dos juízes da Suprema Corte em relação a questões de ética pode levar a um erosão da confiança pública no sistema judiciário. Essa situação evidencia a necessidade premente de que os órgãos pertinentes revisem suas políticas e considerem a implementação de mecanismos que assegurem a transparência e a responsabilidade entre os altos propósitos no Judiciário. Afinal, a confiança nas instituições é fundamental para a integridade do sistema democrático.

À medida que a discussão sobre ética judicial continua a crescer, será fundamental acompanhar os desdobramentos. A questão da ética judicial não é apenas uma responsabilidade dos juízes, mas se estende a todo o sistema que busca promover justiça imparcial. Os cidadãos, ao observarem de perto como as normas de ética são aplicadas, poderão exigir um maior compromisso por parte de seus representantes.

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