Ao observar Suborno Bari jogando badminton com seu pai, você provavelmente o veria como mais um garoto de 12 anos. Mas essa avaliação poderia estar longe da realidade. O que realmente entusiasma Suborno é a matemática. Em suas próprias palavras, ele afirma que “na maior parte do tempo, a verdadeira diversão para mim é fazer matemática e física”. E, de fato, as tarefas de casa que deixariam perplexos mortais comuns são, para ele, brincadeiras infantis, algo que seus pais notaram desde muito cedo.

Rashidul Bari, pai de Suborno e também matemático, revela que seu filho já o desafiava com problemas matemáticos complexos desde os quatro anos de idade. “Ele se apaixonou pela matemática”, afirma Rashidul, enquanto recorda como seu filho estava à frente, superando até mesmo os livros que ele possuía. “Ele leu todos os livros que eu tinha e me desafiou com questões que eu não consegui responder de forma satisfatória”, completa.

Hoje, não é de se admirar encontrar Suborno dando aulas universitárias na Índia, uma atividade que ele começou a realizar aos sete anos. Sim, apenas sete anos!

Desde então, Suborno pulou várias séries escolares, alcançou a impressionante pontuação de 1500 no SAT, e com apenas 12 anos, iniciou seus estudos na Universidade de Nova York em setembro passado. “Parece ser o próximo passo natural”, comentou. “A maioria das crianças vai para a faculdade após o ensino médio, então pensei: por que não eu?”

Apesar de seu progresso fulgurante, Suborno demonstra uma perspectiva equilibrada sobre suas conquistas. “Sei que parece estranho, como se eu estivesse falando com um CEO na televisão, alguém de 35 anos”, ele ri, antes de afirmar: “Mas, na verdade, sou apenas uma criança de 12 anos. A voz não parece coincidir com a pessoa à sua frente.”

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O prodígio da matemática Suborno Bari começou a dar palestras universitárias aos sete anos. Agora, aos 12 anos, ele estuda na Universidade de Nova York.

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Quando perguntei a ele se às vezes se surpreendia com o fato de ter apenas 12 anos, sua resposta foi rápida: “Não realmente, já vi minha certidão de nascimento”.

A psicóloga Ellen Winner, professora emérita da Universidade de Boston e autoridade reconhecida em prodígios infantis, destaca que Suborno exibe caracteristicas típicas. “Quase sempre, esses jovens prodígios têm o que eu chamo de ‘fúria por dominar'”, explicou. Essa expressão é pura obsessão, onde a criança quer, acima de tudo, ficar imersa no que mais ama fazer. “Essas crianças vivem em suas próprias mentes, sem vontade de brincar lá fora”, completou.

Mas como isso se apresenta quando se conversa com esses jovens talentos? “É muito, muito evidente, especialmente em certos domínios – como performance musical, matemática ou desenho realista”, observou Winner.

Entretanto, há uma área frequentemente negligenciada onde prodígios podem se destacar, mas de uma forma menos óbvia: a arte abstrata. A dificuldade em identificar esses talentos reside no fato de que suas criações não se distanciam completamente do que crianças comuns produzem. “Até certo ponto, seu trabalho é mais complexo, é mais estruturado”, argumentou Winner.

Por exemplo, conheça August Gardener, neto da professora Winner e que, aos quatro anos, é obcecado por arte abstrata. Ele já produziu centenas de pinturas, desenhos, esculturas e obras de arte mista. Quando Andrew Gardener, pai de August, foi questionado sobre como a produção artística de seu filho se compara aos rabiscos típicos de uma criança de quatro anos, ele respondeu prontamente: “A diferença está na determinação. A vontade de continuar e trabalhar no que está fazendo é inegável”.

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Apenas quatro anos, August Gardener já criou centenas de obras de arte que superam as de crianças típicas da pré-escola.

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A mãe de August, Vanessa Gardener, destaca o foco notável de seu filho, que contrasta com sua energia típica de um menino de quatro anos. “Quando ele não está fazendo arte, é um menino que corre desenfreado, como muitos garotos de sua idade. Mas quando ele se dedica ao seu trabalho artístico, tudo é extremamente pensado e particular”, comentou.

A natureza deliberada desse processo é a marca registrada de um prodígio da arte abstrata, segundo Jen Drake, professora de psicologia do Brooklyn College, da City University of New York. Drake, que já colaborou com Winner anteriormente, está conduzindo um estudo abrangente sobre prodígios da arte, onde August é um dos participantes.

Sobre August, Drake ficou impressionada com seu foco. “Uma das suas obras levou vários dias para ser finalizada, o que demonstra uma verdadeira ‘fúria por dominar’, evidenciando sua disposição de voltar e acrescentar mais ao desenho”, afirmou.

Mas e o resultado final? Isso é arte? Essa é uma questão intrigante, pois, segundo Drake, pela natureza abstrata da obra, pode ser difícil avaliar a habilidade demonstrada. “Mas existe uma utilização de cor, linha e forma que não é encontrada em crianças de pré-escola”, acrescentou.

Independentemente de qual seja a sua opinião sobre a arte de August, o que realmente o destaca é seu foco em criá-la.

Quando questionado se estamos tratando de um prodígio, a resposta de Drake foi contundente: “Eu diria que sim. Definitivamente.”

August não está sozinho nesse caminho; Pablo Picasso, por exemplo, também foi um prodígio quando criança. Desde Mozart, Einstein até Stevie Wonder, a lista de gênios que se destacaram ainda jovens é vasta. Contudo, ser um prodígio não garante o sucesso na vida adulta. Segundo Ellen Winner, “A maioria dos prodígios não se torna criadores maiores em suas áreas de talento. O motivo reside no fato de que, sendo prodígio infantil, você está dominando algo que já foi inventado. Para ser um grande criador adulto, é preciso ir além do que já foi feito e desenvolver algo realmente novo”.

Então, quão frequentemente encontramos um Picasso ou um Mozart? “É muito, muito raro”, afirma Winner.

Mas não fale isso com August ou com Suborno Bari. Este último, por exemplo, tem planos ambiciosos de conquistar um doutorado até os 16 anos. E qual é o seu desejo a seguir? “Não quero ser uma estrela por apenas cinco anos e depois desaparecer. Quero deixar uma marca que as pessoas vão se lembrar”, declarou com determinação.

Para mais informações:

Reportagem produzida por Amiel Weisfogel. Edição: George Pozderec.

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