À medida que a temporada de festas se encerra, os consumidores emergem de uma ressaca coletiva após gastar quase dois meses em busca de ofertas e rolando anúncios no Instagram em busca de presentes. É nesse contexto que surge a oportunidade perfeita para assistir ao documentário Buy Now! The Shopping Conspiracy, que estreou na Netflix logo antes da Black Friday. A produção mergulha no mundo do consumismo, explorando como as políticas e práticas de empresas como Amazon, Apple e Adidas contribuem para o desperdício global do consumidor.
Dirigido por Nic Stacey, conhecido por seu trabalho em The World According to Jeff Goldblum, e produzido pela premiada Grain Media, Buy Now! apresenta entrevistas com ex-executivos que analisam como grandes empresas induzem o consumo excessivo. Estas revelações buscam expor um ciclo vicioso que alimenta o desperdício e esconde a realidade por trás do que compramos.
Em conversa com THR, Stacey compartilhou os aspectos mais impactantes que encontrou durante a produção e as práticas que os consumidores podem adotar para fazer a diferença. Ele observou que as abordagens de compra são muito mais furtivas do que muitas vezes percebemos. “Existem pequenas ações práticas que realmente fazem a diferença”, destacou.
Como surgiu a ideia para o documentário?
A conexão inicial de Stacey com o tema foi marcada pela crescente popularidade da Black Friday no Reino Unido, uma tradição que se espalhou de forma abrupta e sem contexto cultural. Ele observou que, apesar de não haver um vínculo histórico, a data se tornou parte da cultura do consumidor britânico, o que o levou a questionar o poder que empresas têm para moldar hábitos de consumo.
Como o documentário aborda a vastidão do desperdício do consumidor?
Stacey explicou que sua intenção era traçar um caminho desde o ponto de venda até as consequências negativas do consumo excessivo. A proposta foi usar a linguagem visual utilizada em marketing, como cores e nostalgias, para criticar o próprio sistema que incentiva o consumismo. A seleção de colaboradores para a produção foi fundamental, buscando histórias impactantes de ex-executivos que, após refletir sobre suas vivências, reconheceram os danos causados ao meio ambiente e à sociedade.
O que mais o surpreendeu durante a produção?
Stacey citou a insustentabilidade embutida nos produtos, como a falta de possibilidade de reparo nas tecnologias atuais. Essa realidade se torna mais alarmante ao se visitar locais como o Gana, onde uma grande quantidade de roupas usadas da Europa e dos EUA é importada, mas a maioria dessas peças são inadequadas para revenda, resultando em um impacto ambiental devastador.
Como a produção utilizou imagens geradas por computador para transmitir a mensagem?
Stacey explicou que o uso de imagens computacionais visava capturar a atenção do público, uma vez que as imagens de lixões convencionais tendem a ser ignoradas. Ao criar representações visuais do desperdício, como calçados empilhados em ruas de Nova York, a intenção foi provocar uma reflexão mais profunda sobre o que realmente significam esses consumos para a sociedade.
Qual o papel da inteligência artificial na produção do documentário?
Embora alguns tenham confundido as vozes do narriador como geradas por AI, Stacey deixou claro que a produção foi realizada por uma equipe de artistas, enquanto a narração foi criada por um gerador de texto para voz. O uso de AI no documentário simbólicamente representa a ascensão da tecnologia e seu impacto no comportamento de compra dos consumidores.
Seus hábitos de compra mudaram após trabalhar no filme?
Stacey se sentiu dividido, reconhecendo o desejo intrínseco das pessoas por posses. Ele enfatizou que a apreciação por objetos é uma manifestação da criatividade humana e encorajou a adoção de pequenas mudanças práticas que podem ter um impacto positivo no meio ambiente. Durante a filmagem, ele observou iniciativas locais, como cafés de reparo, que promovem o conserto de itens em vez de descartá-los.
Esta entrevista foi editada e condensada para maior clareza.
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