Um ex-cadete da polícia de Nova Jersey, Nicholas Trapani, moveu um processo judicial contra a Academia de Polícia do Condado de Bergen, alegando que o programa de treinamento recebeu critérios de avaliação prejudiciais que resultaram em sua hospitalização e danos físicos permanentes. O processo, apresentado no dia 31 de dezembro de 2024 no Tribunal Superior de Nova Jersey, revela uma série de práticas no curso de treinamento que, segundo Trapani, levaram a condições de saúde que mudaram drasticamente sua vida.

Trapani, que aos 21 anos estava em “excelente saúde física” e havia completado com êxito todos os testes psicológicos, médicos e físicos necessários antes do início do treinamento, foi contratado provisoriamente pela cidade de Hackensack após se formar na comunidade universitária em 2023. No entanto, a epopeia de Trapani parece ter começado na Academia de Polícia do Condado de Bergen, onde ele ficou exposto a práticas de treinamento que não foram fornecidas aos cadetes antes do início do curso. O abuso de poder e os rigorosos protocolos de treinamento atacaram sua saúde física e mental antes mesmo que o treinamento físico fosse intensificado.

O processo de Trapani descreve as condições da academia como angustiantes, alegando que os cadetes estavam “no escuro” sobre detalhes cruciais do treinamento, como a severa restrição de bebidas e alimentos durante longas horas. Além disso, o documento relata que os cadetes precisavam alcançar determinadas metas de desempenho para se alimentarem, criando um ciclo de exaustão e desespero. Trapani também indicou que os colegas frequentemente se esforçavam para ajudar uns aos outros em exercícios de barra devido ao cansaço extremo.

A situação se agravou quando, em 26 de julho de 2023, a temperatura ultrapassou os 90 graus Fahrenheit. Trapani descreveu um dia particularmente difícil, onde ele “ficou extremamente doente” e teve que parar de correr, enfrentando “grave desconforto físico devido à desidratação e exaustão pelo calor”. O processo indica que não havia pessoal treinado na academia para lidar com situações de emergência, pois segundo Trapani, “nenhum dos funcionários do BCPA era certificado para administrar um campo de treino nem para prestar assistência médica”. Isso levanta sérias questões sobre a segurança e a ética do treinamento fornecido.

Após a chamada do pessoal da academia, Trapani foi transportado até um hospital em uma viatura da polícia de Hackensack, onde passou três dias internado. Durante a internação, ele foi diagnosticado com estresse térmico agudo e rabdomiólise, uma condição médica potencialmente fatal resultante da quebra de fibras musculares. De acordo com relatos da Mayo Clinic, essa condição pode causar dor muscular intensa e danos aos rins, levando a consequências de longo prazo na saúde. Tragicamente, Trapani teve que ser dispensado da academia em 7 de agosto de 2023, após a gravidade de seus ferimentos se tornar evidente.

Após um ano de fisioterapia, médicos diagnosticaram Trapani como permanentemente incapacitado, com a forte probabilidade de não conseguir utilizar o braço esquerdo devido à falta de força. Os advogados que representam Trapani, Lawrence H. Kleiner e Eric V. Kleiner, em uma comunicação oficial, descreveram a experiência do cadete como “uma forma de depravação e tortura que o deixou severamente paralisado, causando um trauma emocional e físico inimaginável”. As alegações se intensificam quando se considera que os danos não apenas interromperam sua carreira nas forças de segurança, mas que tragicamente “arruinaram sua vida”. Concernente ao processo, os representantes do Condado de Bergen e do escritório do procurador do Condado de Bergen se abstiveram de fazer comentários sobre a litigação pendente, criando um vácuo na resposta institucional a esta situação alarmante.

Através dessa narrativa, somos lembrados de que diversas instituições devem ser responsáveis por regulamentar os processos de treinamento, especialmente em áreas tão sensíveis quanto o treinamento policial. As alegações de Nicholas Trapani não são apenas um apelo por justiça individual, mas um chamado à reflexão sobre a ética e as práticas empregadas nas academias de polícia. A expectativa é de que este caso traga à tona discussões mais amplas sobre a segurança dos cadetes e as responsabilidades das instituições que formam profissionais que irão, por sua vez, proteger e servir a comunidade.

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