A chegada de um novo ano é frequentemente acompanhada pela esperança de melhorias e oportunidades, especialmente no intrigante universo do capital de risco. Contudo, o cenário atual se apresenta repleto de incertezas. Com uma redução acentuada no número de empresas de capital de risco nos Estados Unidos e investidores institucionais com um olhar cauteloso direcionado apenas para as grandes corporações do Vale do Silício, o panorama se torna ainda mais desafiador. A única área que parece ganhar destaque é a da inteligência artificial, que continua a atrair investimentos e a prometer inovações. Recentemente, conversamos com alguns investidores de capital de risco para entender suas previsões para 2025, revelando tanto os pontos positivos quanto os negativos dessa jornada no emocionante mundo das startups.
Previsões otimistas e pessimistas dos investidores de capital de risco
Nekeshia Woods, sócia administradora da Parkway Venture Capital, destaca um aspecto positivo: a expectativa de que investidores individuais, ao perceberem a queda nas expectativas de retornos de investimentos em renda fixa e equivalentes, direcionem suas atenções para mercados privados, buscando retornos maiores. Estima-se que esse canal invista mais de 7 trilhões de dólares em mercados privados até 2033. Em resposta a essa expectativa, grandes gestores de patrimônio estão cada vez mais utilizando o capital de risco como uma estratégia diferenciada, buscando captar uma parte desse montante. Woods também compreende que o campo da inteligência artificial começará a passar por um processo de consolidação, principalmente através de aquisições, o que deve permitir que as empresas líderes explorem novos segmentos de mercado.
Gabby Cazeau, parceira da Harlem Capital, compartilha uma perspectiva otimista sobre o mercado de ofertas públicas iniciais (IPOs). Para ela, 2025 será um ano favorável, com a reabertura do mercado de IPOs trazendo a liquidez necessária para muitos investidores, além de prever um aumento no ritmo dos investimentos nas startups em estágio inicial. No entanto, Cazeau adverte que 2025 também será um ano crucial para as startups de inteligência artificial voltadas para o mercado empresarial, pois muitas delas ainda se encontram na fase experimental, dependendo de orçamentos de inovação ao invés de se consolidarem como parte dos gastos principais de software.
Por outro lado, Triin Linamagi, sócio-fundador da Sie Ventures, destaca que o surgimento de investidores independentes e fundos de anjos contribuiu para um aumento no investimento em empresas em estágios iniciais. Essa evolução é vista como uma resposta necessária para o ecossistema de capital de risco, proporcionando abordagens de investimento mais especializadas e definidas. No entanto, Linamagi também considera que é improvável que haja atividades significativas de fusões e aquisições ou IPOs até o final de 2025, uma vez que as condições de mercado se mantêm desafiadoras.
Michael Basch, fundador da Atento Capital, traz à tona a questão da liquidez que está finalmente emergindo para os investidores, com a abertura de mercados de IPO e M&A, além de uma expectativa de reavaliação para empresas que, por muito tempo, estavam em um estado de “zumbis”. Enquanto a expectativa de crescimento para os unicórnios diminui devido a uma reavaliação de valor, Austin Clements, sócio da Slauson & Co., tem uma visão moderadamente positiva sobre o futuro. Para ele, os mercados de IPOs e M&A poderão reabrir, especialmente após o sucesso da Service Titan, gerando uma onda de liquidez para os investidores.
Tendências a serem observadas e previsões para o futuro
Posso ouvir um sussurro de otimismo no ar? Ou será que o ceticismo predominará? As previsões dos investidores sobre o que deve permanecer ou desaparecer são intrigantes. Woods acredita que o ambiente favorável para o fechamento de negócios deve continuar, centrando-se agora na receita e no fluxo de clientes ao invés do mero número de usuários como critério de avaliação. Por sua vez, Cazeau observa uma tendência de pequenas equipes conseguindo receitas significativas com a ajuda de ferramentas de inteligência artificial. Um fenômeno que exemplifica a inovação moderna, onde uma equipe reduz pode alcançar resultados impressionantes.
Linamagi afirma que a inteligência artificial está aqui para ficar, e acredita que sua implementação crescente só deve se fortalece com o tempo. No entanto, ele também adverte para a necessidade de manter um olhar crítico sobre as equipes fundadoras e suas dinâmicas. Para se diferenciar, os investidores devem deixar de adotar a abordagem “spray-and-pray” e priorizar investimentos sustentáveis que priorizem a rentabilidade a longo prazo. Por último, Clements antecipa um retorno às aplicações para o consumidor à medida que a tecnologia se torna mais acessível e inovadora, prevendo um aumento no interesse por empresas focadas em aplicações de inteligência artificial para o mercado consumidor.
Expectativas inesperadas para 2025
Quando perguntados sobre possíveis surpresas em 2025, tanto Cazeau quanto Linamagi concordam que poderemos testemunhar movimentações inesperadas no cenário das startups. Cazeau prevê que algumas startups unicorns bem estabelecidas poderão enfrentar fusões ou até mesmo encerramentos, enquanto Linamagi alerta para a possibilidade de desastres climáticos ou choques econômicos que podem remodelar o cenário do capital de risco. Basch antecipa um aumento significativo no capital voltado para tecnologias duras, a medida que a commoditização do software impulsionada pela inteligência artificial venha a se consolidar.
Em suma, as expectativas para 2025 no campo do capital de risco estão repletas de possibilidades intrigantes, mas também algumas incertezas. Desde o ressurgimento do mercado de IPOs até a contínua evolução na área da inteligência artificial, os investidores estão atentos aos desenvolvimentos que moldarão o futuro das startups. E, como o ano avança e novas oportunidades surgem, cabe aos investidores navegar com cautela por esse oceano de incertezas.