O Federal Bureau of Investigation (FBI) e outras agências federais emitiram um alerta sobre o risco iminente de “ataques imitadores ou retaliatórios” após um episódio trágico que ocorreu na Bourbon Street em Nova Orleans, onde um homem, identificado como Shamsud-Din Jabbar, dirigiu uma picape alugada em meio a uma multidão de foliões durante as celebrações de Ano Novo, resultando na morte de 14 pessoas antes que ele fosse morto em um tiroteio com a polícia.
Em um comunicado distribuído a diversos parceiros de aplicação da lei em todo o país, o FBI ressaltou que ataques utilizando veículos como armas têm se tornado cada vez mais atraentes para potenciais perpetradores, dada a facilidade de acesso a um veículo e o “baixa necessidade de habilidades” para executar tal ato de violência. Destaca-se que esta tática já foi comumente utilizada por grupos terroristas, como o ISIS.
Apesar de o ISIS e outros grupos terroristas ainda não terem reivindicado a responsabilidade pelo ataque na Bourbon Street, Jabbar, um veterano do Exército dos EUA de 42 anos e natural de Houston, havia declarado apoio à organização terrorista em uma série de vídeos postados nas redes sociais antes do ataque. Isso levanta preocupações sobre a possibilidade de que este incidente inspire indivíduos com ideologias semelhantes a realizar ações violentas, especialmente em épocas festivas, como as celebrações de Ano Novo.
O documento federal também destacou que a propaganda oficial do ISIS, veiculada entre 2014 e 2016, já havia clamado por ataques de atropelamento, seguidos pelo uso de armas secundárias. De acordo com as agências, pelo menos 13 ataques utilizando veículos como armas foram realizados nos Estados Unidos, Canadá e Europa entre 2016 e 2017. O ataque na Bourbon Street foi classificado como o sétimo ataque inspirado por organizações terroristas estrangeiras em solo americano desde 2001 e o primeiro a resultar em fatalidades desde 2017.
Os analistas destacam que a onda de ataques de atropelamento de veículos que ocorreu em 2016 e 2017 sugere que atos bem-sucedidos, especialmente no Ocidente, podem inspirar indivíduos fundamentalmente motivados a adotar os mesmos métodos de ataque. Em plataformas digitais, grupos terroristas e seus apoiadores têm promulgado várias mensagens de convocação à violência durante as festividades de inverno, especialmente durante as celebrações do Ano Novo.
Outro recente incidente letal envolvendo um veículo ocorreu em um mercado de Natal na Alemanha, onde, em 22 de dezembro de 2024, um homem colidiu intencionalmente com a multidão, matando cinco pessoas e ferindo mais de 200 outras. Nesse caso, as autoridades alegaram que problemas de saúde mental podem ter contribuído para a ação. A informação sobre o ataque na Alemanha foi citada no boletim do FBI como um exemplo das crescentes preocupações com a segurança durante situações de grande aglomeração.
O boletim também alertou que os perpetradores de tais ataques podem ter acesso a armas secundárias, incluindo dispositivos explosivos improvisados ou armas de fogo. Jabbar, o autor da tragédia, havia colocado dois IEDs (dispositivos explosivos improvisados) ocultos em coolers, ambas as quais foram encontradas e neutralizadas pelas autoridades. As fontes da lei informaram que o suspeito também possuía uma arma estilo AR-15 e uma pistola no momento do ataque. Ele disparou contra a polícia e feriu dois oficiais antes de ser abatido.
Os alertas vinculados ao boletim alertam as autoridades sobre sinais de alerta que podem ser observados, como convocações online para violência contra um evento específico ou uma pessoa tentando alugar um veículo com documentos falsos. A falta de explicações razoáveis em acordos de aluguel e inconsistências inexplicáveis nas razões para o aluguel de um veículo também podem ser indicativos de comportamento suspeito. As autoridades devem ficar atentas a perguntas sobre modificações em veículos para suportar cargas mais pesadas ou aumentar a velocidade, e monitorar relatos de veículos alugados estacionados perto de instalações sensíveis por períodos prolongados.
A investigação sobre o ataque em Nova Orleans ainda está em andamento e o FBI pediu a qualquer pessoa com informações ou vídeos relacionados ao incidente que os compartilhe com as autoridades.