A renomada atriz brasileira Fernanda Torres, conhecida por sua atuação em ‘I’m Still Here’, comentou sua recente nominada ao Globo de Ouro em uma emocionante entrevista. Durante a conversa, ela descreveu o projeto como um milagre, especialmente enquanto reflete sobre seu papel como Eunice Paiva, uma mulher que se ergueu contra a opressão durante a ditadura militar brasileira de 1964 a 1985. Ao lado de grandes nomes do cinema, como Angelina Jolie e Kate Winslet, a atriz brasileira se destaca em uma categoria competitiva, onde poucos poderiam contestar seu direito de estar ali.

No filme, Torres interpreta Eunice Paiva, uma mãe de seis filhos que, após o desaparecimento do marido, Rubens Paiva, por parte do regime militar, se reinventa como advogada e ativista de direitos humanos. O papel exige uma interpretação intensa e profunda, refletindo a coragem de uma mulher que teve que enfrentar a amarga realidade da opressão política. A história de Eunice não é apenas sobre luta, mas também sobre transformação e a busca por justiça em um país dividido pela violência do regime militar.

Baseado no romance autobiográfico de Marcelo Rubens Paiva, o longa, que se destaca por seu enredo envolvente e trágico, narra não apenas a vida de Eunice, mas também a de muitas famílias que enfrentaram o mesmo destino severo. A trajetória de Eunice a leva de dona de casa dos anos 50 a uma ativista incansável, reafirmando o papel da mulher na luta pelos direitos civis. A história é um testemunho de resistência e coragem, características que foram plenamente abraçadas pela atuação de Torres e que ressaltam a conexão emocional que o filme tem com o público.

Eunice Paiva

A narrativa do filme traz à tona os desafios impostos pela ditadura militar, incluindo os momentos mais difíceis que Eunice enfrentou, como sua tortura e o sofrimento psicológico de perder um ente querido. Fernanda Torres descreve momentos específicos do filme que tiveram impactos profundos em sua atuação, incluindo a brutal interrogatória que Eunice sofreu e o impacto emocional da descoberta da morte de seu marido. “Ela estava sempre calma, muito inteligente e persuasiva,” explica Torres, “e sempre estava sorrindo. Ela entendia que o sorriso era uma arma: mostrar ao regime que eles não conseguiram quebrá-la.”

Com sua interpretação perefita, Torres também relembra o papel importante que sua própria mãe desempenhou nas produções cinematográficas e como ambas estão agora ligadas por meio da premiação. Fernanda Montenegro, a mãe de Torres, recebeu uma indicação ao Globo de Ouro em 1993 por seu papel no aclamado filme ‘Central Station’, e agora a filha segue os passos da mãe, recebendo reconhecimento mundial por seu trabalho. Ambas as atrizes representam o cinema brasileiro e sua importância aos olhos do mundo, algo que Torres sente com muito orgulho.

“É uma bela história, não é? Esse filme é como uma reunião de família, não apenas pelo tema abordado, mas também pelo pessoal que está nos bastidores,” reflete Torres. Ela continua a compartilhar suas esperanças para o futuro do cinema brasileiro e a importância de continuar lutando pelos direitos humanos, especialmente num momento em que o Brasil enfrenta questões sociais e políticas complexities, e a necessidade de lembrar o passado e aprender com ele. “O filme está sendo reconhecido de forma muito significativa, com críticas muito positivas e agora uma nomeação ao Globo de Ouro que remete a uma história de família que se desenrola desde antes,” conclui.

Durante a entrevista, Torres também expressou que o filme é relevante não apenas em um contexto histórico, mas também em seu impacto político atual. A recente eleição no Brasil e a ascensão de tendências autoritárias em várias partes do mundo tornam a história de Eunice um chamado à ação. “O filme chegou em um momento em que o Brasil está se relembrando de seus demônios do passado,” afirma. “É como um lembrete de que devemos continuar a lutar pela democracia e pelos direitos humanos. Como Eunice teria dito: devemos resistir e enfrentar com civilidade. Esses valores são atemporais e precisamos fortalecê-los em todos os dias de nossas vidas.”

Em síntese, o filme ‘I’m Still Here’ não apenas traz à vida uma história de resistência, mas também reforça a necessidade de se lembrar do que foi perdido e de lutar por um futuro melhor. Fernanda Torres, com seu talento e comovente interpretação, nos lembra que o passado ainda vive em nossas lutas diárias e que as vozes de figuras como Eunice Paiva não devem ser esquecidas. O filme se torna, assim, um poderoso símbolo de esperança e um chamado à ação para a defesa dos direitos humanos e da verdade em tempos sombrios.

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