A recente declaração de bens da primeira-ministra da Tailândia, Paetongtarn Shinawatra, provocou reações tanto de admiração quanto de surpresa por seu montante impressionante, que ultrapassa os 400 milhões de dólares. Entre os ativos revelados estão mais de 200 bolsas de designer avaliadas em 2 milhões de dólares e pelo menos 75 relógios de luxo, cujo valor totaliza quase 5 milhões de dólares. Este cenário de opulência não apenas sublinha a riqueza familiar de Paetongtarn, mas também reitera as complexas interações entre poder e fortuna que marcam a política tailandesa.
Paetongtarn, filha do ex-primeiro-ministro Thaksin Shinawatra, assumiu o cargo em setembro de 2023, tornando-se a quarta representante de sua família a ocupar a liderança no governo tailandês nos últimos 20 anos. Aos 38 anos, ela ainda é considerada a mais jovem a liderar o país, tendo tomado posse com apenas 37 anos. A declaração de seus bens e dívidas foi feita à Comissão Nacional Anticorrupção (NACC), um procedimento comum para os políticos tailandeses, que visam garantir a transparência em relação a suas finanças. Um documento publicado em sites de notícias locais revelou que Paetongtarn possui 13,8 bilhões de baht (equivalente a 400 milhões de dólares) em ativos.
Dentre suas propriedades financeiras, a primeira-ministra possui investimentos avaliados em 11 bilhões de baht, além de ter cerca de 1 bilhão de baht em depósitos e dinheiro. A lista de seus bens não se resume apenas a investimentos e dinheiro, mas também inclui uma variedade de itens de luxo, como 75 relógios com um valor estimado de 162 milhões de baht, e 39 outros relógios, além de 217 bolsas que somam 76 milhões de baht. Sua fortuna também se estende a propriedades localizadas em Londres e no Japão, o que claramente demonstra não apenas uma habilidade para acumular riqueza, mas também um gosto apreciável para o luxo.
A declaração de bens de Paetongtarn também expôs aproximadamente 5 bilhões de baht em passivos, conforme documentado pela Comissão Nacional Anticorrupção, resultando em um patrimônio líquido de 8,9 bilhões de baht, equivalente a cerca de 258 milhões de dólares. O Partido Pheu Thai, ao qual Paetongtarn pertence, confirmou à AFP a precisão dos dados reportados pela mídia tailandesa. Este mundo de riqueza e poder na Tailândia é simbolizado pela figura de seu pai, Thaksin, que possui uma fortuna avaliada em 2,1 bilhões de dólares, conforme o ranking da Forbes, o que lhe garante o título de décimo homem mais rico do país.
Thaksin fez de sua riqueza, gerada pelo império de telecomunicações da Shin Corp, um trampolim para sua entrada na política, e sua família se manteve influente mesmo em sua ausência forçada após um golpe que o depôs. Recentemente, Thaksin foi libertado de um hospital policial, onde cumpria uma pena de um ano por corrupção e abuso de poder, conforme noticiado pela BBC. Além disso, Thaksin se destaca como o primeiro primeiro-ministro da história da Tailândia a completar um mandato eleitoral completo, conforme relatório da BBC.
De maneira intrigante, a dinâmica entre riqueza e poder é um tema constante na política tailandesa. Especialistas alertam que, em um país que enfrenta desafios para estabelecer uma democracia consolidada, o dinheiro se torna um ator central nas atividades políticas. “Nesse cenário, a falta de transparência frequentemente é usada como justificação para intervenções militares”, afirma Yuttaporn Issarachai, da Universidade Sukhothai Thammathirat. É um jogo arriscado, e a recente declaração de Paetongtarn é um lembrete prático dessa interconexão problemática.
Por fim,