Em uma demonstração significativa de poder militar, as Forças Armadas do Irã estão realizando uma série de exercícios militares que começaram no dia 4 de janeiro de 2025. As manobras foram divididas em várias fases e se estenderão por quatro dias, com o objetivo de testar as capacidades defensivas do país em resposta a possíveis ataques de potências ocidentais, especialmente dos Estados Unidos e de Israel. Essa movimentação ocorre em um contexto geopolítico delicado, marcado pelo aumento das tensões entre o Irã e essas nações, especialmente na expectativa da posse do presidente Donald Trump em seu segundo mandato, que está prevista para o dia 20 de janeiro.

O General de Brigada Mohammad-Nazar Azimi, comandante do poderoso Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica (IRGC), destacou que durante esses exercícios seriam empregados “novas armas e equipamentos”, com ênfase em avaliar as capacidades das forças paramilitares Basij, que desempenham um papel crucial na manutenção da segurança interna do país. Os analistas iranianos sugerem que os exercícios não servem apenas para demonstrar a capacidade do Irã de se defender contra ameaças externas, mas também para preparar as forças diante de possíveis turbulências internas que possam surgir como resultado de um ataque à nação.

De acordo com especialistas que preferiram manter anonimato ao falarem com a CBS News, essa série de exercícios é uma resposta às recentes reconfigurações do equilíbrio de poder no Oriente Médio. Israel tem conseguido debilitar grupos aliados do Irã em Gaza e no Líbano, enquanto a longa permanência do presidente sírio Bashar al-Assad parece estar ameaçada com a crescente oposição de forças rebeldes. Essa nova dinâmica tem colocado pressão sobre o regime iraniano, que vê a necessidade de reafirmar sua força e resposta militar. O Dr. Yasser Ershadmanesh, um analista conservador no campo da Lei e Relações Internacionais, comentou que os exercícios militares são imperativos para que o IRGC possa mostrar à população e ao mundo que o Irã está preparado em todos os níveis para qualquer eventualidade.

Além disso, os líderes iranianos estão diante da expectativa de uma administração mais agressiva sob Trump, que já sinalizou a implementação de novas sanções econômicas e a possível aprovação de um ataque militar a instalaçōes nucleares ou de mísseis no Irã. A preocupação com as iniciativas de Trump abrange o reforço da pressão que já existe sobre o país, tendo em vista que o ex-presidente retirou os Estados Unidos do acordo nuclear internacional, o que levou o Irã a aumentar gradativamente seus programas de enriquecimento de urânio, aproximando-o da capacidade de desenvolver armas nucleares.

Recentemente, o Wall Street Journal informou que Trump e seus conselheiros estão considerando a possibilidade de ataques aéreos preventivos às instalações nucleares do Irã. Nesse sentido, os exercícios “Grande Profeta 19” possuem um componente simbólico importante: uma simulação de um ataque aéreo às instalações nucleares em Natanz, empregando ficcionalmente bombas de capacidade penetrante, que poderiam ser utilizadas por Israel ou pelos EUA caso decidam atacar as operações nucleares iranianas.

As manobras em questão testam uma variedade de forças, incluindo aéreas, terrestres e navais. A agência de notícias semi-oficial SNN informou que os exercícios envolvem a avaliação de sistemas de defesa aérea fabricados no Irã, incluindo uma nova versão do sistema de mísseis superfície-ar Dezful, que é uma atualização do sistema russo Tor M1. Este sistema tem a capacidade de disparar até dois mísseis simultaneamente a partir de veículos lançadores móveis, com o objetivo de interceptar aeronaves e mísseis balísticos.

A natureza abrangente da manobra não se limita apenas à força bruta, uma vez que também existe uma dimensão de guerra eletrônica sendo integrada aos exercícios, conforme indicado pelo porta-voz do IRGC, Brigadeiro General Ali Mohammad Naeini. Os requerimentos estruturais para garantir que o IRGC esteja pronto em todos os aspectos são um reflexo da pressão constante que o governo iraniano enfrenta enquanto busca garantir não apenas sua sobrevivência militar, mas também a estabilidade política interna contra possíveis insurreições.

Portanto, em meio a um cenário cada vez mais complexo no Oriente Médio, o Irã se apresenta não apenas como um jogador disposto a reagir, mas também como um estado que está tentando comunicar suas capacidades e resiliência. À medida que a administração de Trump se aproxima, o foco internacionais sobre o destino nuclear iraniano e a potencial reação militar dos EUA e seus aliados se intensificam, tornando claro que o impacto dessas dinâmicas pode moldar o futuro não apenas do Irã, mas da região como um todo. O país pretende, com isso, reforçar suas defesas e manter um equilíbrio dissuasivo que possa intimidar potenciais adversários tanto internos quanto externos.

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