A busca pela longevidade sempre fascinou a humanidade, mas poucos casos são tão impressionantes quanto o de uma religiosa brasileira que, com seu amor pelo futebol e sua fé inabalável, acaba de ser reconhecida como a pessoa mais velha do mundo. A irmã Inah Canabarro, com quase 117 anos de vida, conquistou este título após a recente morte de uma mulher japonesa que ostentava o recorde anterior. Orações e risadas são parte integrante da vida dessa nonagenária que, como muitos fãs da indústria do esporte, viveu uma trajetória cheia de histórias e celebrações.
Natural do sul do Brasil, irmã Inah foi considerada tão magra durante sua infância que muitos acreditavam que ela não sobreviveria aos desafios da vida. Mas, desafiando as expectativas, se tornou um símbolo de força e resiliência. Segundo Cleber Canabarro, seu sobrinho de 84 anos, sua vida é uma verdadeira lição de superação e otimismo. A confirmação de seu status como a pessoa mais velha do mundo foi anunciada pela LongeviQuest, uma organização dedicada a monitorar centenários. Recentemente, a religiosa, que requer cadeira de rodas para se locomover, foi apresentada em um vídeo onde, cheia de sorrisos, compartilha anedotas e demonstra seu amor pela arte ao exibir miniaturas florais que costumava pintar.
A origem da longevidade da irmã Inah, ela mesma afirma, reside em sua profunda fé católica. “Sou jovem, bonita e amigável — todas qualidades muito boas e positivas que você também tem”, diz a religiosa, que recebe visitantes em sua casa de repouso em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Seu sobrinho é uma presença constante em sua vida, visitando-a todos os sábados e mantendo-a conectada por meio de mensagens de voz. Segundo ele, sua voz é um verdadeiro “choque de alegria” para a irmã, principalmente após hospitalizações que a deixaram debilitada.
Nascida em 8 de junho de 1908, Inah Canabarro pertencia a uma extensa família. Segundo registros, seu nascimento foi registrado duas semanas após o parto, sugerindo que sua data de nascimento real seria 27 de maio. A linhagem familiar dela também carrega um peso histórico, já que seu bisavô foi um famoso general brasileiro que lutou na turbulenta época pós-independência do Brasil. Desde a adolescência, irmã Inah dedicou-se ao trabalho religioso, passando um tempo em Montevidéu, Uruguai, e depois em várias cidades até se estabelecer definitivamente no Rio Grande do Sul.
Com uma longa e ativa carreira como docente, entre seus alunos notáveis encontra-se o general João Figueiredo, último dos ditadores militares que governaram o Brasil entre 1964 e 1985. Além disso, ela também é lembrada por ter fundado duas bandas de música em escolas de cidades irmãs na fronteira entre Brasil e Uruguai. Durante seu 110º aniversário, ela foi homenageada pelo Papa Francisco, e é a segunda religiosa mais velha já documentada, perdendo apenas para Lucile Randon, a pessoa mais velha do mundo até sua morte em 2023 aos 118 anos de idade.
O amor da irmã Inah pelo futebol é uma parte essencial de sua vida. O clube de futebol Inter, fundado um ano após seu nascimento, celebra anualmente o aniversário da sua torcedora mais velha, com sua sala enfeitada por presentes nas cores do time. “Branco ou negro, rico ou pobre, quem quer que você seja, o Inter é o time do povo”, enfatiza irmã Inah, que se proporcionou uma festa de aniversário especial com a presença do presidente do clube em uma comemoração registrada em vídeo.
Após o falecimento de Tomiko Itooka no Japão em dezembro, irmã Inah assumiu o título de pessoa mais velha do mundo, ocupando agora a 20ª posição entre as pessoas mais velhas já documentadas, uma lista que é liderada pela francesa Jeanne Calment, que faleceu em 1997 aos 122 anos. Mais do que um recorde, a história de irmã Inah Canabarro é uma memória viva de resiliência, fé e a alegria simples de uma vida bem vivida, e sem dúvida, um testemunho do que realmente significa viver.