Há vários anos, o grupo terrorista conhecido como ISIS, ou Estado Islâmico, deixou de controlar vastas áreas da Síria e do norte do Iraque. Durante esse período devastador, o ISIS conseguiu criar filiais em diversas regiões da África e da Ásia, promovendo ataques de terror que ficaram marcados em cidades europeias e em outras partes do mundo. No entanto, mesmo sem território, o ISIS mantém-se ativo e se reinventa por meio de células e indivíduos inspirados por sua ideologia extremista. O que isso significa para a segurança global e para a luta contra o terrorismo?

Embora o ISIS não seja mais um califado autodenominado que governa cidades importantes, suas operações continuam a se expandir. O grupo ainda opera em mais de uma dúzia de países e tem empoderado e apoiado indivíduos e células na Europa e na Rússia nos últimos anos, utilizando a internet como uma ferramenta fundamental para sua propaganda e recrutamento. Mesmo que não possuam uma força militar significativa, os ataques em nome do ISIS continuam a ocorrer e a assustar a população mundial.

Um dos ataques mais impactantes ocorreu em março de 2024, quando um shopping em Moscou foi alvo de um atentado que resultou na morte de pelo menos 150 pessoas e deixou mais de 500 feridos. Este ato brutal trouxe o ISIS de volta ao centro das atenções, especialmente em um momento em que a instabilidade na Síria aumenta as preocupações dos EUA sobre uma possível retomada de forças do grupo. As autoridades americanas estão preocupadas com o colapso do regime de Assad, que pode permitir que o ISIS retome o controle em algumas áreas, especialmente no nordeste da Síria e no Iraque.

A preocupação com ataques de baixo custo realizados por indivíduos inspirados pelo ISIS, como esfaqueamentos e tiroteios, é crescente. Esses tipos de ataques são particularmente desafiadores para os serviços de segurança e, infelizmente, são mais difíceis de prever e prevenir. Somente nos últimos anos, ataques realizados em nome do ISIS em locais como Nice, Barcelona, Berlim e Nova York resultaram na morte de mais de 100 pessoas.

Veículos de emergência perto de um atentado durante as celebrações de ano novo em Nova Orleans, 1 de janeiro de 2025.
Veículos de emergência perto de um atentado durante as celebrações de ano novo em Nova Orleans, 1 de janeiro de 2025. (Crédito: Octavio Jones/Reuters)

Após o atentado em Nova Orleans, em janeiro de 2025, onde um homem de 42 anos identificado como Shamsud-Din Jabbar usou um veículo para realizar seu ataque mortal, a recusa do FBI em acreditar que ele atuou sozinho levantou novas preocupações sobre os vínculos do ISIS com indivíduos radicais nos Estados Unidos. O agente do FBI, Alethea Duncan, declarou que a investigação está em andamento para identificar quaisquer possíveis cúmplices na trama, o que tem se mostrado uma tarefa nebulosa. O presidente Joe Biden comentou sobre o caso, indicando que Jabbar compartilhou vídeos de apoio ao ISIS em suas redes sociais poucas horas antes do ataque, demonstrando a continuidade da influência do grupo nas mentes vulneráveis.

Neste cenário, a ameaça do chamado “lobo solitário” continua a ser um fator de risco relevante. O ISIS e a al-Qaeda frequentemente incitam seus seguidores para que realizem ataques “faça você mesmo”. Este fenômeno foi amplamente explorado por grupos extremistas que divulgam suas ideologias através da internet. Desde o começo dos ataques em Gaza em outubro de 2023, Rita Katz, diretora da SITE Intelligence, uma organização que monitora grupos terroristas, aponta um aumento nas tentativas de ataques por indivíduos radicalizados, o que inclui desde esfaqueamentos a planos de atentados em eventos públicos. Esses chamados à ação são impulsionados pela incessante disseminação de ideais extremistas e pelo uso de plataformas sociais.

Um exemplo claro ocorreu em Solingen, na Alemanha, onde um ataque em massa foi frustrado. Outras tentativas incluem um plano contra concertos de Taylor Swift em Viena e um ataque a um homem judeu em Zurique, onde o agressor, um jovem de 15 anos de origem tunisiana, se declarou leal ao ISIS em um vídeo. Essas situações ilustram como grupos terroristas tentam se aproveitar de crises para justificar a violência e mobilizar seguidores para atacar grupos específicos, como judeus e cristãos.

Os movimentos do ISIS mostram que, mesmo enfrentando contratempos significativos, a organização ainda tenta se reestruturar e se reinventar. As chamadas à violência frequentemente se intensificam em resposta a conflitos no Oriente Médio, como o recente ataque em Gaza, onde figuras do ISIS exigiram que seus seguidores realizassem ataques em diversos locais. A situação na Síria, além de instável, é vista como uma oportunidade para o ISIS se reagrupar e retomar sua atividade terrorista.

Com o aumento das tensões no Oriente Médio, o Comando Central dos EUA expressou sua preocupação em relação à possibilidade de que a emergência de um vazio de segurança na Síria permita uma ressurreição do ISIS. Foi reportado que os ataques atribuídos ao ISIS aumentaram em três vezes em comparação com o ano anterior. Esses novos ataques não são apenas mais frequentes, mas também mais letais e melhor organizados. Há uma crescente apreensão de que os combatentes do ISIS possam escapar da custódia e começar ataques não apenas na Síria, mas também em países vizinhos, ampliando assim o alcance de suas operações. Essa possibilidade traz à tona uma realidade alarmante para a segurança global.

Em conclusão, a história do ISIS demonstra que a luta contra o extremismo e o terrorismo ainda está longe de acabar. Com a criação de filiais como o ISIS-K, que opera a partir do Afeganistão e busca expandir sua influência, a envolvêcia do mundo em uma teia complexa de terrorismo continua. Muito ainda precisa ser feito para mitigar essa ameaça, especialmente em um contexto onde as estratégias de combate ao terrorismo se concentram em uma abordagem coordenada e abrangente.

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