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No último domingo, Israel alertou que o acordo de cessar-fogo com o Hezbollah poderia entrar em colapso caso o grupo respaldado pelo Irã não se retire para além do rio Litani, uma das principais condições estipuladas na trégua. A tensão entre os dois lados, imparcialmente, tem se intensificado nas últimas semanas à medida que ambos se acusam mutuamente de violar os termos acordados.

Embora o acordo de cessar-fogo, que entrou em vigor no dia 27 de novembro, tenha, em sua essência, conseguido manter uma certa calma, os ataques e retaliações têm sido frequentes. Durante o período estabelecido, o Hezbollah deveria recuar cerca de 40 quilômetros desde a fronteira com Israel, enquanto as tropas israelenses se retirariam do território libanês, em um esforço conjunto para restaurar a paz na região.

O acordo da trégua determina que, até o dia 26 de janeiro, as únicas forças armadas presentes ao sul do Litani devem ser as forças militares libanesas e os soldados de paz da ONU. Porém, esse cenário ainda parece distante. O ministro da Defesa israelense, Israel Katz, foi enfático ao declarar: “Se o Hezbollah não se retirar além do rio Litani, não haverá acordo.” Essa afirmação ressalta a fragilidade da trégua e as divisões ideológicas que persistem na região.

Katz reforçou o compromisso de Israel em assegurar a implementação do acordo de forma exigente, citando que a condição primordial para o avanço da situação é a retirada total da organização terrorista Hezbollah e a desmobilização de qualquer infraestrutura militar na área, algo que, segundo ele, ainda não ocorreu. As declarações do ministro sugerem que a paciência de Israel tem limites e que qualquer violação poderá levar a uma escalada do conflito.

Por outro lado, o líder do Hezbollah, Naim Qassem, mencionou durante um discurso recente que a decisão de obedecer ou não ao período de 60 dias para a retirada cabe ao grupo. “Nossa paciência em relação às violações israelenses do cessar-fogo pode acabar, ou pode persistir como está agora… E quando decidirmos agir, vocês verão imediatamente,” comentou, aumentando a apreensão em relação ao futuro do acordo de cessar-fogo.

Ambas as partes têm se engajado em ataques recíprocos desde que a trégua foi estabelecida, sentimentos de desconfiança continuam a permear o cenário geopolítico. Relatos indicam que menos de uma semana após a implementação do cessar-fogo, as forças de paz da ONU no Líbano (UNIFIL) declararam que Israel havia violado o acordo “aproximadamente 100 vezes”. Essa estatística enfatiza a complexidade da situação e a dificuldade de garantir a paz de forma duradoura na região.

As violências também não têm se restringido a ataques aéreos. No último sábado, a UNIFIL relatou que seus observadores testemunharam um bulldozer militar israelense destruindo um barril azul que marcava a linha de retirada entre o Líbano e Israel, em Labbouneh, bem como uma torre de observação das Forças Armadas Libanesas ao lado de uma posição da UNIFIL. Essa informação traz à tona a dúvida sobre a seriedade da adesão ao acordo por parte de Israel.

A UNIFIL também caracterizou as ações das Forças de Defesa de Israel como uma violação flagrante da resolução 1701, que clama por uma completa cessação de hostilidades entre Israel e Hezbollah, tornando evidente as dificuldades enfrentadas para consolidar um acordo que, pelo menos no papel, parecesse promissor.

Até o momento, a CNN solicitou comentários das Forças de Defesa de Israel sobre as acusações proferidas pela UNIFIL, mas ainda não obteve resposta. Este aspecto reflete a falta de comunicação e a desconfiança que permeia a situação, o que pode dificultar ainda mais os esforços de diplomacia e reconciliação na região.

O repórter da CNN, Tamara Qiblawi, e Mick Krever contribuíram para esta reportagem.

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