Nova Iorque
CNN
—
A movimentação do setor de varejo americano ganha novos contornos com a fusão da tradicional rede de lojas de departamento JCPenney com a Sparc Group, que já possui um portfólio de marcas incluindo Forever 21 e Brooks Brothers, ambas que já enfrentaram a falência. A união resulta na formação de uma nova empresa, a Catalyst Brands, que pretende redefinir o futuro das lojas de shopping centers nos Estados Unidos, um espaço que tem enfrentado desafios constantes nos últimos anos.
Com 123 anos de história, a JCPenney se torna o núcleo dessa nova joint venture, que também abrange outras marcas em dificuldades, como Lucky Brand, Eddie Bauer, Nautica e Aeropostale, todas sob a ala da Sparc Group. Essa fusão é uma tentativa ousada de criar uma nova potência no varejo de shopping centers, aproveitando a expertise e os recursos financeiros de grandes operadores de shoppings, como o Simon Property Group.
A Catalyst Brands representa um novo capítulo para a JCPenney, que, em meio à pandemia em 2020, havia declarado falência e mais tarde foi adquirida pela Simon Property Group e pela desenvolvedora imobiliária Brookfield em um negócio avaliado em $1,75 bilhão. O objetivo agora é revitalizar a marca e outras que se uniram a ela, trazendo um frescor necessário a um mercado que cada vez mais menospreza as lojas físicas em favor do e-commerce.
A Sparc Group, respaldada por investidores significativos como a Simon, tem emergido como um player significativo na reestruturação de marcas que saíram da falência, buscando ter um portfólio diversificado que permita explorar sinergias entre as marcas, além de otimizar recursos e compartilhar talentos para se adaptar a um novo cenário do varejo.
De acordo com Neil Saunders, analista de varejo e diretor administrativo da GlobalData Retail, a combinação de JCPenney e outras marcas “fortalece sinergias por meio da redução de custos, atividades de marketing cruzado e compartilhamento de talentos”. Esta estratégia é parte de um movimento maior dentro da indústria, onde várias empresas de gestão de marcas tentam consolidar diferentes marcas em dificuldades para criar algo que seja “maior que a soma das partes”.
O cenário atual para os shoppings já era complicado e sofreu um agravamento com o fechamento de lojas e a diminuição do fluxo de clientes, sendo essa uma das razões pelas quais Simon e Brookfield têm investido em lojas em dificuldades. Manter esses estabelecimentos abertos garante que, por um certo tempo, os shoppings mantenham inquilinos chave, ao invés de ficarem vazios e desmotivadores.
A transação igualmente equitativa para formar a Catalyst inicia com uma receita de $9 bilhões, 1.800 lojas e 60.000 funcionários, conforme comunicado à imprensa. Marc Rosen, CEO da JCPenney, vai liderar a nova empresa, que terá sua sede nos escritórios da rede de lojas em Plano, Texas, reforçando o compromisso da marca em revitalizar a experiência de compra dos consumidores.
“Nossas relações com mais de 60 milhões de clientes e os dados profundos que temos criam uma proposta de valor ao consumidor que é irresistível em meio a nossas marcas,” declarou Rosen em um comunicado. Ele explica que o objetivo é desenhar uma experiência de compra mais personalizada, oferecer programas de fidelidade e cartão de crédito unificados, e, em última análise, realizar uma venda cruzada mais eficaz.
A Catalyst Brands também informou que está explorando “opções estratégicas” para a Forever 21 e que vendeu as operações da Reebok nos Estados Unidos, embora não tenha fornecido mais detalhes a respeito das medidas que tomará em relação a essas marcas.
Uma nova era se inicia para as marcas que agora fazem parte da Catalyst, que não apenas visam a recuperação no setor, mas também a consolidação de sua presença frente à crescente competição do e-commerce. Em um mundo onde as compras se tornaram digitais, é intrigante observar como essas marcas veneráveis se adaptarão ao novo cenário e o que isso significa para o futuro dos shoppings e do varejo americano.