Paris
CNN
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Jean-Marie Le Pen, uma das figuras mais controversas e influentes da política francesa contemporânea, faleceu na cidade de Paris aos 96 anos, conforme anunciado pela emissora francesa BFMTV. Le Pen não era apenas o fundador do partido de extrema-direita Frente Nacional, posteriormente transformada em Rally Nacional por sua filha, Marine Le Pen, mas também um ícone da movimentação política da extrema-direita no pós-guerra na França.
Sua trajetória política é marcada por eventos significativos que moldaram o cenário político francês. Desde a fundação do partido Frente Nacional em 1972, que congregava colaboradores nazistas da Segunda Guerra Mundial e veteranos das guerras da colonização em Algéria e Indochina, até sua eleição, em 1956, como o membro mais jovem da Assembleia Nacional Francesa, Le Pen esteve presente em momentos cruciais que reconfiguraram a política do país. Cada passo dado por Le Pen foi acompanhado de perto e frequentemente criticado, mas também celebrado por seus seguidores fervorosos.
Com uma carreira que se estendeu por várias décadas, Le Pen foi um protagonista que nunca se afastou de sua visão polêmica, mesmo em momentos de crescente oposição e descrédito. Sua última tentativa de conquistar a presidência, em 2007, colocou-o como o candidato mais velho da história em uma eleição presidencial, que foi a quinta tentativa frustrada de se estabelecer como chefe de Estado. Ele permaneceu ativo no Parlamento Europeu até 2019, completando 90 anos em exercício de seu cargo.
Nascido em 20 de junho de 1928, em La Trinité-sur-Mer, na Bretanha francesa, Le Pen teve uma infância marcada por tragédias – seu pai faleceu quando ele era apenas um menino, em 1942, devido a uma explosão de mina durante a Segunda Guerra Mundial. Essa experiência deixou marcas profundas, moldando seu caráter e suas visões políticas que, ao longo de sua vida, conduziram a uma ascensão ao poder controversa e à construção de um império eleitoral que desafiou as normas políticas estabelecidas em seu país.
A juventude de Le Pen foi marcada pelo envolvimento com ideais monarquistas, e ao longo dos anos ele foi influenciado por diversos eventos que moldaram sua visão política. Nos anos 1940, cursou a faculdade de Direito em Paris e, logo depois, se alistou na Legião Estrangeira Francesa em 1954, servindo como paraquedista na Argélia e na Indochina. Esta experiência militar é frequentemente lembrada, não apenas por sua coragem, mas também pelas controvérsias que cercam seu envolvimento em táticas de combate. Em 1962, ao falar sobre o uso de torturas em Algiers, ele declarou de forma contundente em uma entrevista: “Torturamos na Argélia porque precisávamos”.
Embora tenha se afastado de algumas de suas declarações mais polêmicas com o passar do tempo, seu legado é, sem dúvida, manchado por essas alegações. O impacto da sua vida política será lembrado por muitos como uma fase crucial na história política da França, onde a polarização ideológica e as divisões sociais se tornaram evidentes e contribuiu para o surgimento de movimentos de extrema-direita em outras partes da Europa. Todos esses fatores reafirmam como sua presença se fez sentir além das fronteiras nacionais, dialogando com tendências internacionais também visíveis em países como Brasil, Estados Unidos e Hungria.
O falecimento de Jean-Marie Le Pen marca o fim de uma era, mas deixa atrás de si um legado complexo e pesado que continua a afetar a política e a sociedade na França e no mundo. À medida que o Rally Nacional, agora sob a liderança de Marine Le Pen, continua a navegar em águas políticas turbulentas, é válido refletir sobre o que a trajetória de seu pai significou. Sua morte pode passar a ser um divisor de águas na história da extrema-direita na França, que, por sua vez, reflete as tensões e desafios globais enfrentados atualmente. Sem dúvida, muitos se perguntam: o que vem a seguir para o legado Le Pen e para a extrema-direita na França?
Esta é uma história em desenvolvimento e será atualizada.
