Na última edição do podcast Open Book with Jenna, a renomada escritora Jenny Han compartilhou recordações sobre a ocasião em que recebeu a notícia de que seu primeiro livro havia sido vendido. A conversa, que ocorreu no dia 9 de janeiro, transcendeu a simples revelação e mergulhou em um contexto que combina a vida cotidiana da autora com seus sonhos e aspirações. O relato, que é ao mesmo tempo cativante e revelador, traz à tona reflexões sobre as dura trilha do sucesso e como pequenos momentos podem se entrelaçar com grandes conquistas.
A história de Han remonta ao período em que estava estudando em Nova York e vivendo em um dormitório universitário sem acesso a uma cozinha convencional. Com uma frigideira ilegal em seu dormitório – uma solução improvisada, já que apenas um forno de convecção estava disponível – a autora se lembrava de um dia aparentemente comum em sua vida de estudante, onde ela estava ocupada cozinhando um simples prato de macarrão com queijo. “Eu estava fazendo Kraft macaroni and cheese em uma panela elétrica ilegal quando recebi a ligação do meu agente”, conta Han, refletindo sobre a combinação improvável entre a rotina de estudos e os sonhos literários. “Foi um momento cheio de emoção, pois enquanto estava completamente envolvida em cozinhar, ouvi a notícia de que meu livro tinha sido vendido. E foi uma montanha-russa de sentimentos, já que pensei, ‘Oh meu Deus, meus noodles vão ficar moles’,” compartilha, sublinhando a intensidade de um sonho que se concretizava.
A trajetória de Han no mundo da literatura não foi isenta de desafios. Durante a sua época de escritora iniciante, ela equilibrava a função de trabalhadora em uma biblioteca, tentando conciliar suas obrigações com a paixão pela escrita. “Trabalhava alguns dias na semana e os outros eram dedicados para escrever. Porém, em dias de trabalho, era difícil retornar casa e escrever, pois minha cabeça estava cansada demais”, revelou. Para ela, o aprendizado não envolvia apenas a literatura, mas também o gerenciamento do tempo e a necessidade de estrutura, especialmente por se tratar de uma de suas primeiras experiências em um emprego formal.
Um aspecto notável da sua experiência foi o apoio de sua supervisora, também chamada Jenna, que sempre incentivou Han a priorizar suas escrituras. “Ela dizia que a minha escrita vinha em primeiro lugar”, recorda Han, ressaltando que o primeiro livro da série The Summer I Turned Pretty (O Verão que Mudou Minha Vida) foi lançado enquanto ela ainda estava naquela posição. A série, baseada em sua trilogia que explora os dilemas da adolescência e os apaixonantes nó de vidas entrelaçadas, rapidamente conquistou o coração de jovens leitores, além de gerenciar uma adaptação para a tela.
A modificação de seus escritos para a televisão também trouxe novos desafios e conceitos de colaboração. “Quando se trata de um programa de televisão ou filme, o processo é diferente, pois você precisa colaborar muito mais com outras pessoas. É um enredo que envolve tantas vozes diferentes”, explica. A série The Summer I Turned Pretty se tornou um fenômeno cultural, agora com a terceira temporada programada para ser lançada no verão de 2025, enquanto outras adaptações de suas obras, como a trilogia To All the Boys I’ve Loved Before, também conquistaram o público pelas telonas da Netflix.
A dinâmica da relação entre autor e leitor, segundo Han, é singular e intimista, contrastando com a natureza colaborativa dos roteiros. “A conexão é mais próxima, quase como se estivéssemos sentados juntos para contar uma história. Você conhece as minhas palavras, e isso cria uma ligação muito especial”, disse. Essa perspectiva traz a baila um aspecto fundamental da escrita: o autor deve se conectar consigo mesmo antes de se abrir ao mundo. “Eu preciso estar animada com o que escrevo. Caso contrário, a energia simplesmente se esvai. Nesse sentido, o autor deve ser seu primeiro público”, pondera Han.
À medida que se despede de sua história e vida profissional, Jenny Han valoriza a importância de criar um espaço seguro e sagrado para sua escrita. “Na hora de criar, é importante trabalhar com a porta fechada e tornar isso algo privado. Uma vez que estiver pronta, você pode abrir a porta e deixar as pessoas julgarem”, finaliza.
Com essa visão, Jenny Han não apenas reitera sua posição como uma das vozes mais relevantes da literatura jovem atual, mas também nos lembra da importância de perseverar e a magia que pode residir em um prato simples de macarrão.