O clima nos bastidores do Senado está fervendo, especialmente com a proximidade da confirmação de indicados para cargos chaves no novo governo. O líder da maioria no Senado, John Thune, teria comunicado em particular ao presidente eleito Donald Trump que acredita que Pete Hegseth dispõe de votos suficientes para ser confirmado como novo Secretário de Defesa. Esse detalhe, que poderia passar desapercebido, revela o quão próximo está o Senado de decidir o futuro de um cargo fundamental no governo, em meio a uma série de controvérsias envolvendo o indicado.
Quando questionado sobre a conversa entre Thune e Trump, um porta-voz do senador limitou-se a afirmar à CBS News que “duas coisas não discutimos publicamente: contagem de votos e conversas privadas com o presidente”. Essa declaração sublinha a delicadeza do momento, onde debates e posições políticas se entrelaçam com questões de moralidade e ética que acompanham a figura de Hegseth.
Durante uma recente entrevista ao programa “Face the Nation”, Thune garantiu que o processo de confirmação será justo, mas evitou fazer declarações categóricas sobre Hegseth e outros indicados, enfatizando que ainda é preciso que eles apresentem suas credenciais diante do comitê. Ele declarou: “Acho que esses indicados são novos o suficiente; eles têm feito suas reuniões, que, francamente, foram muito bem, mas ainda precisam se justificar diante do comitê. E é claro que não temos todas as informações sobre alguns desses indicados”.”
A audiência de confirmação de Hegseth está agendada para o dia 14 de janeiro, conforme informações do presidente do Comitê de Serviços Armados do Senado, Roger Wicker. Essa audiência se torna cada vez mais importante, não apenas por se tratar de um cargo de segurança nacional vital, mas também devido às recentes acusações de má conduta sexual que surgiram contra Hegseth. Após ter sido nomeado por Trump em 12 de novembro, apenas uma semana após as eleições, Hegseth encontrou-se no centro de polêmicas ao ser acusado de assédio sexual por uma mulher anônima ocorrida em um hotel em Monterey, na Califórnia, em 2017.
Após a alegação, Hegseth se defendeu afirmando que a relação foi consensual e que os promotores decidiram não apresentar acusações. Além disso, informa-se que ele e a acusadora chegaram a um acordo financeiro sigiloso em 2023. Contudo, as controvérsias não param por aí; questões em relação à sua gestão em uma organização de veteranos, que ele já liderou, também têm gerado indagações, além dos relatos sobre um possível problema com álcool, com colegas no Fox News expressando preocupação sobre seu consumo. Em resposta a isso, Hegseth garantiu que não consumiria bebidas alcoólicas caso fosse confirmado para o cargo.
O período que antecede a inauguração, marcado para 20 de janeiro, está repleto de movimentações no Senado. De acordo com fontes, outras audiências de confirmação para importantes cargos de segurança nacional estão previstas para ocorrer na semana de 13 de janeiro, e tudo isso em meio a um cenário onde os democratas ainda buscam acordos com os republicanos sobre as datas. Mesmo sem datas fixadas, o clima é de agitação, com incertezas pairando sobre a velocidade com que os senadores avançarão nos processos, especialmente para aqueles indicados que apresentam polêmicas explícitas.
No que diz respeito a audiências agendadas, a Comissão de Relações Exteriores do Senado se prepara para conduzir as confirmações de Marco Rubio e Elise Stefanik, com o presidente da comissão, James Risch, indicando que gostaria de ver Rubio confirmado no dia da posse, 20 de janeiro — o que exigiria intervenção de todos os senadores. A expectativa é de que Rubio receba amplo apoio bipartidário. Por outro lado, a Comissão Judiciária planeja ouvir Pam Bondi para o cargo de procuradora-geral no mesmo dia de Hegseth. Observações feitas por Chuck Grassley, presidente da comissão, indicaram que a audiência para confirmar Kash Patel como diretor do FBI, ocorrerá em janeiro, mas a ordem dos processos poderá mudar, o que é uma questão tradicional nesse cenário.
Também há expectativa para as audiências de Tulsi Gabbard, escolhida para diretora de Inteligência Nacional, e John Ratcliffe, indicado para liderar a CIA, que podem acontecer na mesma semana. Contudo, a necessidade de consenso dos democratas para esses procedimentos pode tornar o processo mais lento. O indicado de Trump para liderar o Departamento do Interior, Doug Burgum, aparentemente terá sua audiência no dia 14. E, por fim, as confirmações dos indicados para os cargos de Secretário de Segurança Interna, Kristi Noem, e Administrador da EPA, Lee Zeldin, estão previstas para o dia 15 de janeiro.
Os republicanos no Senado buscam que a maioria das audiências relacionadas à segurança nacional sejam finalizadas antes da posse de Trump, de modo que essas nomeações possam ser votadas pelo Senado rapidamente. Todavia, permanece a incerteza sobre o quanto os democratas poderão retardar o processo em comitês e no plenário, especialmente para os indicados que são mais controversos.