Los Angeles
AP
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A recente ação judicial iniciada pela ex-hairstylist da Fox Sports, Noushin Faraji, lançam uma sombria luz sobre a cultura de abuso e assédio moral que, segundo ela, permeou o ambiente de trabalho da emissora. A queixa, protocolada na sexta-feira no Tribunal Superior da Califórnia em Los Angeles, denuncia o ex-apresentador Skip Bayless, que teria feito repetidas investidas não desejadas, culminando em uma oferta absurda de 1,5 milhões de dólares por relações sexuais.

Faraji, que dedicou mais de uma década de sua carreira à Fox Sports, alega que sua experiência no local de trabalho foi marcada por uma sucessão de comportamentos inadequados, que começaram em 2017 e se estenderam até o ano passado. O processo busca danos não especificados contra Bayless, a Fox Sports e a Fox Corporation, sua empresa-mãe, revelando um padrão inquietante de condutas impróprias que, segundo a queixa, foram toleradas e até incentivadas pela administração da emissora.

O teor da ação diz respeito à criação de um ambiente hostil, onde não apenas Bayless, mas também outros gerentes seniores e personalidades de destaque sentiam-se livres para abusar de seus colaboradores, sem medo de consequências. Esse alegado clima de impunidade levantou questionamentos sérios sobre práticas de trabalho na Fox Sports, especialmente considerando o histórico de casos de assédio sexual na indústria do entretenimento, que já resultou em demissões significativas, como a de um ex-executivo de programação em 2017 por acusações semelhantes.

Os advogados de Faraji afirmam que a falta de resposta da Fox a esses incidentes contribuiu para a perpetuação do comportamento inadequado. A descrição dos eventos por Faraji inclui abraços indesejados, beijos na bochecha e comentários sugestivos feitos por Bayless, que teriam sido tentativas de influenciá-la a se envolver sexualmente com ele, com promessas de que isso mudaria sua vida. “A Sra. Faraji sabia que ele estava tentando pressioná-la, mas ela continuou repetindo que era uma profissional que precisava ser cordial com todos os talentos”, afirma o processo.

Um incidente particularmente alarmante ocorreu em 2021, quando Bayless supostamente ofereceu 1,5 milhão de dólares a Faraji em troca de sexo, e após sua recusa, teria feito ameaças relacionadas ao emprego dela. Essa dinâmica de poder e coerção levanta preocupações sobre como trabalhadores, especialmente mulheres, podem ser vulneráveis em determinadas indústrias, onde os líderes muitas vezes possuem grande influência sobre suas carreiras.

Em resposta à situação, a Fox Sports declarou que leva as alegações a sério, mas não fez mais comentários devido à natureza pendente do processo. O silêncio de Bayless sobre as acusações tem sido igualmente notório, pois seus representantes não responderam imediatamente a pedidos de comentários.

Faraji também afirma no processo que sua demissão, ocorrida em 2024, se deu por razões “fabricadas” e que, no início, ela hesitou em falar sobre o assédio que enfrentou, temendo repercussões e possível retaliação. Além das alegações de assédio, o processo inclui também acusações de não pagamento de salários e horas extras devidas a funcionários, pleiteando que esse caso se torne uma ação coletiva em favor de outros trabalhadores na mesma situação.

O impacto desse caso se estende além da individualidade de Faraji, refletindo um problema sistêmico maior dentro da indústria do esporte e entretenimento, que tem enfrentado crescente pressão por mudanças em suas práticas culturais e políticas de tratamento dos funcionários. O público, que cada vez mais demanda responsabilidade e justiça, aguarda atentamente a evolução deste caso, que se desenrola em um contexto onde o assédio sexual e a discriminação têm sido temas centrais em diversos setores.

Essa ação judicial não é apenas uma luta individual, mas se entrelaça nas narrativas mais amplas de mulheres que enfrentam assédio nas suas profissões, e nos desafios contínuos enfrentados por aqueles que se atrevem a quebrar o silêncio e exigir igualdade e respeito em suas relações de trabalho. Assim, enquanto a luta continua, farão o que for preciso para garantir que suas vozes sejam ouvidas e que as práticas do passado façam parte de uma história que está, esperançosamente, em processo de transformação.

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