A Meta, empresa responsável por algumas das plataformas de redes sociais mais utilizadas do mundo, incluindo Facebook, Instagram e Threads, anunciou nesta terça-feira uma importante reformulação em suas políticas de moderação de conteúdo. O que se viu foi um reconhecimento por parte da empresa de que sua abordagem anterior, que restringia a disseminação de conteúdo político, era “bastante rígida”. Agora, a Meta trabalha para permitir que os usuários que desejam consumir esse tipo de conteúdo tenham acesso mais facilitado e, por conseguinte, uma experiência mais alinhada com suas preferências pessoais.
Desde 2021, a quantidade de conteúdo político nas plataformas da Meta tinha sido reduzida em resposta ao feedback de usuários que sentiram que estavam sendo bombardeados por informações políticas em seus feeds. O blog oficial da Meta destacou essa mudança, mencionando que as medidas que restringiam recomendações proativas de conteúdo político no Instagram foram implementadas apenas no ano passado. Essa decisão de limitar a distribuição de informações políticas ganhou destaque especialmente em um ano eleitoral crítico como 2024, quando a dinâmica das redes sociais poderia influir diretamente nas eleições nos Estados Unidos.
O anúncio de Meta não se limitou a despertar interesse dos usuários, mas também gerou uma forte reação entre criadores de conteúdo. Em abril, centenas de criadores assinaram uma carta aberta argumentando que a decisão de restringir conteúdo político deveria ser uma opção ativa, permitindo aos usuários escolher se desejavam ou não visualizar esse tipo de informação. Para esses criadores, a maneira como a Meta define conteúdo político — englobando temas sobre leis, eleições e tópicos sociais, por exemplo — poderia acabar limitando discussões sobre questões cruciais como mudança climática, controle de armas e direitos reprodutivos, impactando negativamente a visibilidade de suas vozes e, consequentemente, seus rendimentos.
Do ponto de vista dos usuários, as mudanças implementadas por Meta foram vistas como uma forma de suprimir sua liberdade de expressão nas redes sociais. Para complicar ainda mais a situação, um “bug” na plataforma fez com que os usuários reportassem que suas configurações voltaram a um padrão que restringe visualizações de conteúdo político, tornando ainda mais difícil para eles interagirem com informações sobre questões relevantes. Mesmo diante dessas limitações, a demanda por conteúdo político segue forte, especialmente na nova plataforma Threads, que se mostrou um espaço onde esse tipo de informação frequentemente lidera as tendências.
Neste contexto, a Meta revelou que planeja adotar uma abordagem mais personalizada no tratamento de conteúdo político em seus feeds. O foco estará em considerar “conteúdos cívicos” de pessoas e páginas que os usuários já seguem no Facebook, tratando-os de forma semelhante a outros tipos de conteúdos. A lógica é que esses conteúdos serão ranqueados e mostrados com base em sinais tanto explícitos quanto implícitos, como o número de curtidas que uma publicação recebe ou quantas pessoas a visualizaram.
Além disso, a Meta informou que ampliará as recomendações de conteúdo político para usuários, levando em conta esses sinais personalizados. A empresa também planeja criar opções adicionais que permitam que os usuários controlem a quantidade de conteúdo político que desejam visualizar. Embora a visão da empresa seja de ampliar as possibilidades de personalização, ainda não está claro como e quando essa nova ferramenta será apresentada aos usuários, o que levanta algumas dúvidas sobre a efetividade da mudança.
Com essas alterações, a Meta parece estar respondendo às vozes dos usuários e criadores de conteúdo, buscando um equilíbrio mais satisfatório entre restrições e liberdades. As repercussões dessa nova política de moderação de conteúdo político provavelmente serão amplamente discutidas nas próximas semanas, à medida que mais usuários testem as novas funcionalidades e reflitam sobre sua experiência nas plataformas. O caminho que a Meta decide seguir poderá, assim, moldar não apenas a maneira como as informações políticas são tratadas nas redes sociais, mas também influenciar as interações sociais e políticas em uma era cada vez mais digital.
Conheça mais sobre as novas políticas da Meta.
Os desenvolvimentos nas redes sociais continuam a evoluir, e o que podemos observar agora é que o jogo da informação está longe de ser um campo estático. Os usuários estão no centro dessa mudança e a forma como as plataformas se adaptam a essa nova dinâmica será vital para o futuro das discussões políticas online.