Tóquio/Hong Kong
CNN
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A Nippon Steel, que apresentou uma proposta multimilionária para adquirir a US Steel, uma companhia em dificuldades, teve sua proposta bloqueada pelo presidente Joe Biden na semana passada. A empresa japonesa está considerando tomar medidas legais contra o governo dos EUA em resposta a essa decisão, que já está gerando discussões acaloradas tanto nos corredores do poder quanto nas esferas empresariais.

O presidente da Nippon Steel, Tadashi Imai, comentou durante uma coletiva de imprensa que “estamos considerando isso como uma opção importante”, enfatizando a urgência em buscar uma solução. “Acho que podemos agir, inclusive anunciando uma resposta, sem levar muito tempo”, afirmou Imai, deixando claro que a empresa não está disposta a aceitar passivamente tal decisão.

Na última sexta-feira, Biden justificou seu bloqueio à aquisição de US$ 14,3 bilhões, destacando a necessidade de proteger a segurança nacional e as cadeias de suprimentos. A medida foi vista como uma utilização significativa da autoridade executiva, ressaltando a complexidade envolvida nas aquisições internacionais, especialmente em se tratando de indústrias essenciais à economia dos Estados Unidos.

“Temos o direito a uma revisão adequada”, declarou Imai, ao sair de sua residência. “O processo de revisão até agora e a decisão do governo dos EUA não são uma revisão muito adequada. Nossa empresa não pode permitir que isso continue, então estamos considerando todas as opções para ações futuras”, afirmou, ressaltando a indignação da Nippon Steel diante do que considera um tratamento injusto.

Logotipo da Nippon Steel em frente ao prédio que abriga a sede da empresa em Tóquio, em 24 de dezembro de 2024

A negociação já foi marcada por controvérsias desde que foi anunciada, mais de um ano atrás, suscitaram oposicionismos bipartidários à ideia do controle estrangeiro sobre um componente industrial vital dos Estados Unidos. A situação se torna ainda mais tensa à medida que a economia global experimenta oscilações imprevisíveis, elevando a necessidade de uma abordagem cautelosa para a segurança industrial.

A aquisição não contava com o apoio dos United Steelworkers (USW), o sindicato que representa os trabalhadores do aço americano, que elogiou a decisão de Biden como um “movimento acertado para nossos membros e nossa segurança nacional”. Esta visão monotemática demonstra como o cenário de aquisições pode impactar significativamente a vida de milhares de trabalhadores e suas famílias, refletindo uma tensão entre investimento e proteção de empregos.

A USW destacou que o recente desempenho financeiro da US Steel mostrava que a companhia “pode facilmente permanecer forte e resiliente”, afirmou o presidente da USW, David McCall, em comunicado. Tal declaração reforça a ideia de que, embora a fusão possa trazer investimentos, a auto-suficiência da empresa em relação a seus resultados financeiros é um fator crucial a ser considerado.

No entanto, algumas vozes expressaram preocupações de que a falha do negócio poderia privar a US Steel dos investimentos necessários, e, além disso, poderia espantar o investimento estrangeiro em outras empresas dos EUA, evidenciando assim a dúvida sobre o equilíbrio entre a segurança nacional e a viabilidade empresarial. Essas preocupações não são infundadas, dado o histórico de reações intensas a investimentos estrangeiros, especialmente em setores chave.

David Burritt, presidente e CEO da US Steel, chamou a decisão de Biden de “vergonhosa e corrupta”. Essa afirmação não apenas reflete a frustração da empresa, mas também aponta para um potencial futuro litigioso que pode se desenrolar à medida que as partes tentam resolver essa questão que é nada menos que crucial para suas operações e a estabilidade do mercado.

Em dezembro passado, o Comitê para Investimentos Estrangeiros nos Estados Unidos, conhecido coloquialmente como CFIUS, notificou Biden que não chegou a um consenso sobre se a venda da US Steel para a Nippon constituiria um risco à segurança nacional, deixando a decisão final nas mãos do presidente. Essa dinâmica enfraqueceu ainda mais a posição da empresa japonesa, evidenciando a complexidade de navegar pelas regulamentações de investimento estrangeiro em um clima político tão carregado.

Tanto a US Steel quanto a Nippon argumentaram ao longo do processo que o acordo é necessário para fornecer o investimento necessário nas operações de aço domésticas da US Steel. A US Steel alegou que poderia ser forçada a fechar as usinas representadas pela USW se não obtiver os US$ 2,7 bilhões em investimentos planejados pela Nippon como parte da proposta de compra. Nesse contexto, não é apenas uma questão de números, mas sim o futuro de uma indústria que já enfrentou muitos desafios nos últimos anos.

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