A cada vez que uma celebridade brilha em um tapete vermelho, flashes de câmeras eternizam não apenas seu visual estonteante, mas também todo o trabalho árduo que vai desde a concepção até a realização da indumentária. No último domingo à noite, a cerimônia do Globo de Ouro trouxe novamente à luz a beleza e a exclusividade das roupas, com figuras como Zendaya, que encheu os olhos com um vestido dourado da Louis Vuitton, Angelina Jolie, que deslumbrava em um vestido de cristal de McQueen, e Tilda Swinton, elegante em um casaco Chanel bordado sob medida.
No mundo digital, essas roupas de tapete vermelho ganham uma nova vida: são compartilhadas e comentadas nas redes sociais, analisadas por influenciadores e jornalistas. Contudo, o real destino das peças após essa fama reluzente raramente é discutido. O que realmente acontece com esses trajes tão cobiçados assim que as luzes se apagam e a festa termina? Um dos aspectos interessantes a considerar é a variedade de destinos que essas roupas podem ter: algumas peças são cuidadosamente guardadas, outras são mostradas em exposições, algumas são vendidas em leilões e até mesmo as que não sobrevivem à noite são uma possibilidade.
Nos últimos 20 anos, a atenção voltada para os trajes de celebridades em eventos de tapete vermelho cresceu exponencialmente. De acordo com Lucy Bishop, especialista em moda da Sotheby’s, as marcas de moda estão cada vez mais interessadas em uma parceria formal com as celebridades, criando trajes que mudam não apenas a percepção da moda, mas também a maneira como a moda é vivenciada e preservada. Ela cita o icônico vestido chartreuse bordado da Dior, desenhado por John Galliano e usado por Nicole Kidman no Oscar de 1997, como um divisor de águas que marcou o início de uma nova era de parcerias entre marcas de moda e estrelas. “Antes disso, as relações eram menos formais”, observa Bishop.
Como as Roupas de Tapete Vermelho São Preservadas e o Que Acontece Com Elas
Os trajes usados nas festas de gala atualmente não são mais simplesmente roupas que podem ser esquecidas após o evento. Os grandes nomes da moda têm uma estratégia para garantir que as indumentárias, frutos de horas e horas de trabalho, sejam preservadas. “Esses dias em que uma peça era guardada e esquecida durante anos e depois reencontrada estão, lamentavelmente, acabando”, diz Bishop. Neste novo cenário, os trajes são frequentemente planejados com um destino em mente, e a maior parte do tempo, as casas de moda são responsáveis por essa estratégia.
Após um evento, a primeira coisa que acontece com uma roupa de tapete vermelho é o processo de limpeza. Sarah Scaturro, conservadora-chefe do Museu de Arte de Cleveland, explica que as roupas podem ter vestígios de loções corporais, óleos, perfumes e maquiagem que, se não forem tratados, podem oxidar e alterar a cor ou a textura da peça com o tempo. A limpeza geralmente envolve processos de lavanderia a seco, mas em algumas situações, pode ser necessário um banho ou mesmo a aspiração e escovação da peça, dependendo das circunstâncias.
Após a limpeza, essas roupas quase sempre são armazenadas em locais especializados. Por exemplo, o estúdio de arquivamento e armazenamento de Julie Ann Clauss, chamado The Wardrobe, garante que todas as condições, como luz, temperatura e umidade, sejam meticulosamente controladas para a preservação dos trajes, que podem ser considerados verdadeiras obras de arte. “É realmente uma questão de como cada item deve ser montado ou armazenado”, diz Clauss. Algumas peças ficam penduradas, outras são guardadas em caixas, enquanto algumas precisam ser montadas em manequins, já que foram desenhadas para serem usadas, não para serem penduradas ou armazenadas em uma superfície plana.
A Ascensão do Mercado de Roupas de Celebridades
Um aspecto fascinante é o surgimento do mercado de roupas de celebridades. Embora a prática de dar ou vender trajes permaneça viva, ela é mais comum entre as celebridades, que, muitas vezes, optam por manter suas indumentárias. Kim Kardashian mencionou que guarda todos os seus trajes do Met Gala, exceto um em especial que emprestou da Ripley’s Believe It or Not!, e que depois devolveu. Da mesma forma, se soube que Zendaya adquiriu a peça de Givenchy que usou em 2022. Esse novo comportamento representa uma mudança em comparação com décadas anteriores, onde, com frequência, as roupas eram doadas ou vendidas.
Eventos como exposições também servem como destinos para essas roupas, como a recente “Crown to Couture”, realizada no Kensington Palace, que apresentou looks icônicos, incluindo o vestido inspirado em Marilyn Monroe de Billie Eilish e a deslumbrante roupa dourada de Beyoncé no Grammy de 2017. À medida que as novas gerações de fãs e aficionados por moda tornam-se cada vez mais interessadas em vestígios de glamour do passado, as obras de arte da alta costura têm um novo papel, como testemunhas de um tempo e de estilos que não voltarão.
A Dificuldade de Conservar e Exibir os Trajes
O transporte dos trajes para exposições é uma tarefa que desafia a logística. Clauss recentemente ajudou a transportar trajes delicados e volumosos. “Eu disse: ‘Pessoal, não podemos colocá-los em uma caixa… Eles precisam de suportes personalizados para serem estáveis em viagens internacionais’”. O cuidado com os trajes é imprescindível, resultando em caixas que podem ultrapassar os dois metros de altura.
Histórias Inusitadas de Roupas de Celebridades
No passado, era mais comum que as celebridades mantivessem suas roupas após os eventos. Elisabeth Taylor, por exemplo, deu o vestido que usou para receber seu Oscar. O vestido não foi parar nos arquivos da Dior, mas sim encontrado anos depois em uma mala pertencente a uma amiga. A peça foi leiloada por 200 mil dólares. Em 2019, Lady Gaga deixou o vestido que usou na sua suíte de hotel, e uma funcionária o encontrou. O vestido passou meses no achado e perdido do hotel, até que a funcionária o ganhou como presente.
Às vezes, os trajes não sobrevivem nem mesmo à noite do evento. Uma roupa da Balmain, feita sob medida e cheia de cristais, precisou ser cortada pela estilista após a entrada de Tyla na última Met Gala, deixando a peça como uma memória efêmera apresentada somente em fotos e vídeos.
Conclusão: O Legado das Roupas de Celebridades
A marca que uma roupa de tapete vermelho pode deixar vai além do glamouroso momento em que foi usada. Elas se tornam símbolos de arte, geralmente admiradas de longe e conservadas como autênticas relíquias da história cultural e da moda. Essa relação profunda entre celebridades e suas roupas revela a história que cada peça contém, repleta de glamour, memórias e, frequentemente, um destino bem mais interessante do que o da maioria das roupas comuns. Com tudo isso, já imaginou como seria experimentar a emoção de usar uma dessas roupas? Pode ser uma verdadeira viagem no tempo, não acha?