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Hollywood tem se mostrado notavelmente silenciosa quando se trata de Donald Trump. Esta mudança de postura é notável, especialmente considerando a tendência das estrelas de se expressarem abertamente sobre questões políticas, sobretudo em relação a um ex-presidente que gerou tantas controvérsias e repercussões. O filme The Apprentice, que explora a ascensão de Trump, é um exemplo claro desse fenômeno, com atores envolvidos expressando frustração pela falta de apoio e engajamento por parte de seus colegas. Jeremy Strong, que interpreta Roy Cohn no filme, relatou que muitos na indústria têm hesado em apoiar ou até mesmo se associar ao projeto devido ao medo das consequências sociais e profissionais.

Jeremy Strong afirmou que “as pessoas têm medo de tocar nesse filme, de serem vistas como cúmplices, de apoiar publicamente a obra”. Ele enfatizou que o papel da narrativa cinematográfica é propor reflexões sobre a realidade, e que se afastar de temas relevantes apenas serve para confortar espectros do status quo. Frustrado com a falta de apoio, ele lamentou a distância que a indústria parece manter em relação a uma obra que é “tão relevante para o que todos nós estamos vivendo”. Isso lança luz sobre um dilema mais amplo: por que Hollywood, tradicionalmente tão vocal, parece ter se calado diante de um tema tão crucial?

Por outro lado, Sebastian Stan, que interpreta Trump, seguindo o relato de Strong, também levantou a bandeira da liberdade de expressão. Em uma declaração provocativa, ele sugeriu que o silenciamento do discurso crítico em relação a Trump é uma forma de censura, tão perigosa quanto o próprio ato de silenciar vozes que divergem do padrão. Stan refletiu que a arte deve proteger todas as formas de expressão, sem exceções, e que um ambiente onde algumas verdades são excluídas do debate é um ambiente do qual devemos desconfiar.

Estranhamente, apesar das reações aumentadas de figuras da mídia e do jornalismo, a recepção do filme The Apprentice tem sido gélida em Hollywood. E, ironicamente, enquanto a crítica cinematográfica, como os críticos do Rotten Tomatoes, tem avaliado o filme com uma aprovação de 83% (o que indica uma recepção crítica forte), as grandes distribuidoras mantêm uma distância crítica do projeto. Poderiam esse distanciamento e receio atentar contra a capacidade de Hollywood de criticar a relevante figura de Donald Trump? Afinal, o filme oferece uma análise poderosa da figura pública de Trump, enfatizando seu crescimento e a influência de Cohn sobre ele.

O silêncio de Hollywood pode ser reflexo de um medo mais amplo; um medo de um possível boicote ou de ficar marcado como pró-Trump em um ambiente onde as divisões políticas são extremamente polarizadas. A partir do momento em que celebridades, previamente tão vocais sobre os problemas políticos, se tornam timidamente apáticas, o questionamento surge: é um recalibrar estratégico ou apenas um silêncio covarde? Ou, talvez, o desgaste emocional e a frustração após as eleições levaram as estrelas a não se alegrarem em se expor novamente ao público?

O cenário contemporâneo do entretenimento parece retratar um Hollywood que foi mais uma vez apanhada de surpresa, sem armas para reagir ou argumentar frentes criativas novas. A ironia é palpável, já que, durante as eleições de 2016, figuras como Meryl Streep, Robert De Niro e a cantora Taylor Swift eram vozes ativas contra o que representava Trump. Agora, enquanto o ciclo eleitoral se reinicia, essa confiança em se posicionar parece em falta. Estranha e desconcertante, a sensação é de que talvez seja um retorno a uma era de silêncio, onde as vozes que uma vez clamavam agora medem cada palavra, temendo a reação de um público polarizado.

A possibilidade de que Hollywood tenha perdido seu papel de protagonista na arena política não pode ser ignorada. Com a ascensão do poder de figuras do Vale do Silício, como Elon Musk e Mark Zuckerberg, as consequências econômicas e sociais que Trump representa agora assombram a indústria cinematográfica. Será que eles estão se silenciando por puro interesse próprio? Se celebridades como Stan e Strong se sentem traídos, o que restará para eles, a não ser questionamentos sobre onde suas vozes foram, onde seus fãs foram, e onde a mobilização de suas bases ocorreu durante tempos de necessidade? No espetáculo público, o engajamento parece um ato político poderoso, mas quando as luzes se apagam, a escuridão regna.

Esta análise foi publicada na edição de 3 de janeiro da revista The Hollywood Reporter.

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