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A Califórnia assistiu recentemente a uma mudança climática drástica em seu território, que varia de inundações catastróficas a incêndios florestais devastadores. Menos de um ano após um inverno de chuvas intensas causadas por rios atmosféricos, que resultaram em inundações mortais e deslizamentos de terra, a região agora enfrenta uma seca severa e incêndios florestais que consomem rapidamente vastas áreas. Essa condição climática imprevisível ilustra a vulnerabilidade da Califórnia às consequências do aquecimento global e aos extremos climáticos.
Os eventos climáticos que intercalam clima úmido e seco são cada vez mais comuns devido às mudanças climáticas. Depois de um inverno rigoroso com chuvas sem precedentes, a Califórnia se depara com um verão que se consagrou como um dos mais quentes já registrados. O início da estação chuvosa foi marcado por uma seca severa, transformando a vegetação que outrora se beneficiou das chuvas em um combustível altamente inflamável para incêndios. Este cenário se agrava com a previsão de ventos fortes que impulsionam as chamas, tornando-as ainda mais difíceis de controlar.
O ambientalista Daniel Swain, da Universidade da Califórnia em Los Angeles, expressou preocupação sobre como a falta de precipitação nas semanas e meses que antecederam os incêndios contribuiu para a extensão dos danos observados. “Se tivéssemos visto precipitações significativas antes deste evento, não estaríamos enfrentando a devastação atual”, alertou Swain, sublinhando a importância das correlações climáticas no aumento da severidade dos incêndios.
Estatísticas de agências e estudos recentes confirmam que a Califórnia é particularmente suscetível aos extremos do clima, com suas condições mediterrâneas tornando-a um campo fértil para pressões climáticas exacerbadas. Em 2024, a Califórnia viu um aumento expressivo no crescimento da vegetação, resultando em um volume de massa vegetal estimado em dobro em comparação à média histórica. Essa superabundância de material combustível não faria outra coisa senão intensificar os incêndios já vulcânicos, conforme acentuado pelas condições climáticas e os ventos devastadores.
Os incêndios de agora são alimentados por uma combinação infeliz de vegetação seca e uma forte onda de vento conhecida como vento de Santa Ana, que pode alcançar rajadas de até 160 km/h. Essas extremas condições meteorológicas tornaram impossível para os bombeiros conter o avanço das chamas, colocando em risco comunidades inteiras e destruindo propriedades. Um exemplo disso é o incêndio devastador na vizinhança de Pacific Palisades, que rapidamente se espalhou devido a essas rajadas de vento.
A intensificação dos fenômenos climáticos está rapidamente mudando a maneira como a Califórnia experimenta incêndios florestais. O que costumava ser uma “temporada de incêndios” claramente definida, que culminava em outubro, agora se transformou em um fenômeno perene. O governador da Califórnia, Gavin Newsom, reconheceu essa nova realidade, afirmando: “Essa época do ano tradicionalmente não era tempo de incêndios, mas agora não podemos mais pensar assim. É um perigo o ano todo no estado da Califórnia.”
Com o início da temporada seca sendo registrado como o mais seco já observado, os serviços de meteorologia e agências de combate a incêndios advertiram sobre um potencial elevado para incêndios significativos em toda a região. As previsões indicam que esse estado de vulnerabilidade pode perdurar até que o clima mude novamente, possibilitando a chegada das chuvas de inverno tão necessárias. Enquanto isso, a seca e calor extremos mantêm o ambiente propenso a incêndios altamente destrutivos.
As consequências desses ciclos climáticos extremos, conhecidos como “whiplash climáticas”, tornaram-se uma ameaça emergente. As evidências sugerem que a frequência dessas oscilações entre períodos de seca intensa e chuvas torrenciais aumentaram, contribuindo, assim, para a severidade dos incêndios e inundações. Nesse novo mundo marcado pelo aquecimento global, as desaferências climáticas da Califórnia são um sinal do que pode vir a seguir para outras regiões do planeta, à medida que os impactos do aquecimento global se tornam mais evidentes.
Portanto, os californianos se veem em um ciclo de incêndios e inundações que desafiam a normalidade. A resposta da população é crucial para a construção de resiliência e estratégias eficazes de mitigação de desastres, que podem incluir desde o reflorestamento até o aprimoramento das infraestruturas de drenagem. O futuro da Califórnia requer um compromisso integrado para enfrentar a emergência climática, reconhecendo que a paz climática pode ser restaurada, mas somente com a ação adequada e imediata.
Este tema envolve não apenas a Califórnia, mas é um chamado à ação global, pois as lições aprendidas aqui podem ser um guia para o que outros lugares podem esperar no futuro. Juntos, é preciso unir esforços e repensar como reagimos a essas mudanças climáticas desafiadoras e, como na famosa música, é essencial lembrar que é indistinguível uma seca com uma enchente.
CNN’s Rachel Ramirez, Laura Paddison e Ella Nilsen contribuíram para este relatório.