Os medicamentos Ozempic, Wegovy e Mounjaro, conhecidos por seu uso no tratamento do diabetes tipo 2 e na perda de peso, têm se mostrado promissores no tratamento de uma série de outras condições de saúde. De acordo com especialistas, esses tratamentos não apenas ajudam na gestão do peso, mas também estão associados a melhorias em diversas áreas da saúde, como doenças cardíacas, saúde renal, fertilidade e até mesmo a diminuição de impulsos aditivos. Contudo, especialistas alertam que muitos desses benefícios estão diretamente relacionados à perda de peso, independentemente do uso dos medicamentos.

Dr. Armando E. Castro-Tié, Vice-Presidente do Sistema de Cirurgia da Northwell Health, afirma que a relação entre perda de peso e a melhora em várias condições é clara. Para ele, uma série de problemas de saúde como diabetes, hipertensão e apneia do sono podem melhorar significativamente com a redução do peso corporal. “O elo comum aqui é que a perda de peso leva a melhorias em todas essas condições”, destaca Castro-Tié.

Examinando mais de perto os benefícios relacionados ao uso de medicamentos de GLP-1, como o Ozempic, é possível perceber um impacto positivo nas seguintes áreas de saúde. Primeiramente, há um indicativo de que esses medicamentos são benéficos para a saúde cardiovascular. A Medicare, por exemplo, anunciou que o Wegovy será coberto para tratamento de doenças cardíacas, com base em um estudo clínico que demonstrou uma redução de 20% no risco de problemas cardíacos em pessoas com sobrepeso. Além disso, uma pesquisa amplamente reconhecida revelou que pacientes com diabetes tipo 2 e alto risco cardiovascular apresentaram taxas significativamente menores de morte cardiovascular, infarto do miocárdio ou derrame entre aqueles que receberam semaglutida em comparação com aqueles que receberam um placebo.

Outro aspecto importante é a saúde renal. Pesquisas publicadas no New England Journal of Medicine mostraram que pessoas que usaram semaglutida tiveram 24% menos chances de ter eventos graves relacionados a doenças renais em comparação com os que tomaram um placebo. Essa redução no risco inclui a menor probabilidade de precisar de diálise ou transplante renal, assim como uma diminuição na chance de perda de metade da função renal ou até mesmo morte relacionada a problemas renais ou cardiovasculares.

No campo das doenças neurodegenerativas, um estudo recente estabeleceu uma conexão entre o semaglutida e a redução do risco de desenvolver Alzheimer em pessoas com diabetes tipo 2. No entanto, Dr. Castro-Tié enfatiza que ainda é prematuro afirmar que a Ozempic pode ajudar diretamente na prevenção do Alzheimer. Ele defende a necessidade de estudos controlados randomizados que confirmem essa relação, indicando que “é hora de realizar pesquisas bem definidas e significativas” para verificar se a Ozempic pode de fato retardar a progressão da doença.

Além disso, as perspectivas de fertilidade também têm atraído a atenção, com o fenômeno “bebês Ozempic” surgindo nas manchetes. Mulheres que enfrentavam problemas de infertilidade relatam ter conseguido engravidar enquanto tomavam o medicamento. Dr. Iman Saleh, obstetra e ginecologista, ressalta que esse aumento na fertilidade está mais relacionado à perda de peso do que à medicação isoladamente. A redução de aproximadamente 2 a 5 quilos pode ser o suficiente para que muitas mulheres retomem a ovulação e consigam engravidar.

Para condições como a Síndrome do Ovário Policístico (SOP), medicamentos como o tirzepatide, conhecido como Mounjaro, têm sido prescritos fora das indicações tradicionais. Os sintomas da SOP, que incluem irregularidades menstruais, crescimento excessivo de pelos, acne, ganho de peso e infertilidade, podem ser significativamente aliviados com a perda de peso, mas a ação da medicação sobre a insulina é o que realmente impulsiona essa melhora.

Por fim, estudos também sugerem que os medicamentos GLP-1, além de reduzir desejos alimentares, podem diminuir a compulsão por drogas e álcool. Pesquisa publicada na revista Addiction descobriu que pessoas com vício em álcool que tomaram Ozempic apresentaram uma taxa de binge drinking 50% menor do que aquelas que não estavam sob tratamento. Da mesma forma, pacientes com transtorno do uso de opioides que estavam utilizando esses medicamentos experimentaram uma redução de 40% nas taxas de overdose. No entanto, Dr. Castro-Tié alerta que, em alguns casos, essa busca por um “alto” pode se transferir para outras substâncias, o que demonstra a importância de um acompanhamento psicológico e social para esses pacientes.

Em resumo, enquanto os medicamentos como Ozempic, Wegovy e Mounjaro apresentam um potencial significativo para melhorar diversas condições de saúde além da simples perda de peso, a conexão entre redução de peso e saúde deve ser cuidadosamente considerada. Assim, é fundamental que as pessoas sob tratamento sejam apoiadas com cuidados abrangentes que incluam não apenas o aspecto médico, mas também o suporte à saúde mental e social.

Imagem ilustrativa de paciente com deficiência usando cadeira de rodas.

Para mais informações sobre o tratamento e benefícios desses medicamentos, consulte seu médico e mantenha-se informado sobre as últimas pesquisas científicas. Não deixe de assinar a newsletter da PEOPLE para acompanhar notícias atualizadas sobre saúde e bem-estar.

Similar Posts

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *