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Em um episódio que ilustra a pressão extrema enfrentada por empresas em dificuldades financeiras, a Party City aparentemente não apenas deixou seus trabalhadores em uma situação vulnerável, mas os enviou a uma viagem de negócios à China logo antes de apresentar uma nova petição de falência. A história revela os desafios enfrentados pelos funcionários desinformados em um momento crítico, levando a questionamentos sobre as práticas empresariais da companhia.
No domingo seguinte ao Dia de Ação de Graças de 2024, seis membros das equipes de desenvolvimento de produtos e fornecimento da Party City deixaram New Jersey para sua viagem anual à China, onde se reuniriam com os fornecedores que fabricam praticamente tudo o que é vendido nas lojas, desde balões mylar até decorações de festas de aniversário, graduação e Halloween. Embora a viagem estivesse programada para durar 12 dias, em 2024, foi reduzida para apenas dois dias, criando um clima de incerteza desde o início.
Em entrevistas com múltiplos participantes da viagem, que pediram anonimato por temor de retaliações, foi revelado que na quarta-feira, 4 de dezembro, a gestão da Party City informou a equipe americana na China, que acabara de chegar, que deveriam pegar o próximo voo disponível de volta para casa, pois a empresa não havia pago seus fornecedores na totalidade e estava prestes a entrar novamente em falência. A situação se tornaria ainda mais crítica quando a Party City anunciar planos para liquidar toda a sua operação nas semanas seguintes.
Ainda assim, a decisão súbita foi recebida com estupefação pela equipe, que exigiu esclarecimentos, mas, segundo relatos, as respostas não foram apresentadas. Eles deixaram Hong Kong na quinta-feira e retornaram aos Estados Unidos no dia seguinte, sem ter conseguido reunir as informações necessárias sobre a situação da empresa. As diretrizes e o apoio do escritório corporativo pareciam ausentes, e a falta de comunicação deixou muitos funcionários se sentindo desamparados.
É importante notar que a Party City havia emergido de uma falência anterior em outubro de 2023, prometendo reduzir suas dívidas e se reestruturar financeiramente. Embora a empresa houvesse comunicado que teve um Halloween relativamente forte, a nova direção sob o novo CEO, Barry Litwin, que assumiu em agosto de 2024, não deixou transparecer a proximidade de um novo colapso. Nesse contexto, a viagem à China se tornava ainda mais relevante, mas não menos arriscada.
Legenda: As prateleiras estão sendo esvaziadas em uma loja da Party City no bairro Queens, em Nova York.
Durante o tempo que passaram na China, a equipe expressou preocupações sobre a segurança da viagem considerando que a Party City falhou em fazer pagamentos a alguns fornecedores em três ocasiões diferentes ao longo de 16 meses devido à falência anterior e questões financeiras subsequentes. Mesmo assim, a empresa insistiu que seria seguro se reunir presencialmente com os fornecedores. No entanto, e-mails analisados pela CNN mostram que os fornecedores já estavam exigindo pagamentos desde setembro, o que levantou ainda mais bandeiras vermelhas entre a equipe de viagem.
Situação crítica e desespero entre os funcionários
Funcionários da Party City revelaram que a comunicação interna durante essa crise foi altamente inadequada. De acordo com relatos, muitos estavam cientes das demandas de pagamento que vinham recebendo de seus fornecedores, mas a empresa parecia ignorar a gravidade da situação. Uma mensagem de um vendedor chinês destacou o desconforto das transações comerciais: “50% de pagamento é obviamente insuficiente para cobrir apenas os custos de materiais.” Esse cenário de inadimplência deixou a equipe se sentindo traída e desamparada.
Um funcionário, que estava na equipe de viagem, descreveu a experiência como “desonrosa” e “deixa uma sensação de abandono”. Eles relataram que colegas na China os aconselharam a deixar o país devido ao clima de instabilidade e insegurança, com um agente de viagem alertando: “Deveria deixar o país e não ficar mais uma noite. Não parece bom. É arriscado.” Na prática, isso se traduziu em uma operação caótica onde os funcionários foram deixados para resolver a logística de suas viagens sem a ajuda adequada da Party City.
Legenda: Um funcionário da Party City descreve a viagem como “desonrosa”.
Depois de retornar aos Estados Unidos, a equipe foi convocada para trabalhar em casa por tempo indeterminado, um sinal claro de que os problemas eram ainda maiores do que inicialmente percebidos. A situação em seu local de trabalho foi descrita como “caos”, com as portas do escritório sendo trancadas e funcionários sem orientações claras sobre o que estava acontecendo.
A falência definitiva
Finalmente, no dia 20 de dezembro de 2024, a Party City anunciou que estava realizando um pedido de falência e começaria a liquidar suas operações, resultando na demissão de centenas de funcionários corporativos. Informes da empresa indicaram que essa decisão seria inevitável, mas muitos empregados afirmaram que não foram avisados adequadamente sobre a gravidade da situação que enfrentavam. O CEO, em uma reunião online, responsabilizou a situação pela incapacidade de evitar a falência.
Após o anúncio, surgiram informes de uma ação coletiva contra a empresa, pois os funcionários alegavam ter sido demitidos sem o aviso prévio requerido por lei. Esse clima de incerteza e de irregulares administrativas deixou muitos se sentindo traídos quando se lembravam das promessas de uma “reconstrução” e “um futuro melhor” para a empresa.
Esse cenário ressalta a fragilidade do mercado e a maneira como a falta de comunicação e transparência pode criar uma crise de confiança entre os empregadores e seus colaboradores. À medida que a Party City se despede de seus funcionários, fica a reflexão sobre o que poderia ter sido diferente e os cuidados necessários na gestão empresarial para evitar tais desfechos.
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