A descoberta de um sítio repleto de pegadas de dinossauros, datando de 166 milhões de anos, foi realizada por uma equipe de pesquisadores britânicos, que acredita que essa seja a maior coleção do tipo no Reino Unido. Durante as escavações em uma pedreira situada em Oxfordshire, no centro da Inglaterra, a equipe formada por cientistas das universidades de Oxford e Birmingham encontrou cerca de 200 impressões que revelam o fascinante passado pré-histórico da região. O momento foi descrito como “exaltante” por aqueles que participaram da pesquisa, que teve início após um trabalhador ter notado “salientes incomuns” enquanto realizava a remoção de argila com uma escavadora mecânica, uma revelação que promete nos transportar diretamente ao tempo em que esses magníficos seres habitavam o planeta.
O professor Kirsty Edgar, micropaleontólogo da Universidade de Birmingham, expressou seu entusiasmo ao afirmar: “Este é um dos mais impressionantes sítios de pegadas que eu já vi, tanto em termos de escala, quanto do tamanho das trilhas”. Ele destacou a capacidade de “retroceder no tempo” e vislumbrar uma cena em que essas enormes criaturas vagavam livremente, imperturbadas, em seu habitat natural. No total, foram identificadas cinco extensas trilhas de pegadas, sendo que a mais longa alcança quase 500 pés (cerca de 152 metros) de comprimento. Quatro das cinco trilhas foram atribuídas a um dinossauro herbívoro de pescoço longo, provavelmente um cetiossauro, o que indica que a região abrigava grandes comunidades de animais.
O quinto conjunto de pegadas, conforme informou a Universidade de Birmingham, possivelmente pertence a um megalossauro, um carnívoro que media nove metros de comprimento e era famoso por seus pés com três dedos e garras. Emma Nicholls, do Museu de História Natural da Universidade de Oxford, ressaltou a importância do achado afirmando que “é raro encontrar tantas pegadas em um único local e é igualmente raro descobrir trilhas tão extensas”. A expert acredita que a área poderá se tornar um dos maiores sítios de pegadas de dinossauros do mundo.
Esta fascinante descoberta será destacada no documentário da BBC intitulado “Desenterrando a Grã-Bretanha”, que será exibido no dia 8 de janeiro. Uma equipe de 100 pessoas, composta por acadêmicos das universidades de Oxford e Birmingham, esteve no local, realizando escavações ao longo de uma semana em junho. Essa nova descoberta seguiu uma descoberta menor ocorrida em 1997, quando 40 conjuntos de pegadas foram encontradas durante a extração de calcário, com algumas trilhas alcançando até 180 metros de extensão. Os pesquisadores capturaram 20.000 fotografias das pegadas e criaram modelos 3D detalhados da área utilizando fotografias aéreas feitas por drones, um esforço que visa não apenas catalogar as impressões, mas explorar a dinâmica de interação entre os dinossauros, seu tamanho e as velocidades que eram capazes de alcançar.
Duncan Murdock, do Museu de História Natural de Oxford, compartilhou sua emoção ao afirmar: “Saber que um único dinossauro individual andou por essa superfície e deixou exatamente essa impressão é simplesmente eletrizante”. Ele descreveu a sensação de imaginar a criatura se movendo, puxando as pernas da lama enquanto caminhava. Richard Butler, paleobiologista da Universidade de Birmingham, comentou que as condições climáticas podem ter desempenhado um papel fundamental na preservação dessas impressões. “Não sabemos exatamente ao certo, mas pode ser que um evento de tempestade tenha depositado sedimentos sobre as pegadas, impedindo que elas fossem simplesmente lavadas”, explicou.
Gary Johnson, o trabalhador que gerou a escavação ao notar as pegadas, descreveu sua experiência como hipnotizante. Ele afirmou: “Eu pensei em como sou a primeira pessoa a vê-las. Foi tão surreal – um momento realmente emocionante”. A notícia dessa recente descoberta foi anunciada poucos meses depois que um time de paleontologistas encontrou pegadas de dinossauros semelhantes que podem ter pertencido a espécies que agora estão em continentes distintos, separadas por milhares de milhas de oceano. Assim como em uma sequência digna das melhores aventuras arqueológicas, no ano passado, engenheiros que trabalham para mitigar inundações em uma praia do Reino Unido também fizeram uma “descoberta dramática” de pegadas de dinossauros que especialistas acreditam serem de um mantellisaurus, que tinha apenas três dedos em cada pata e se movia sobre as patas traseiras.
Com cada nova descoberta, se soma mais uma camada ao nosso entendimento sobre essas criaturas que habitaram a Terra há milhões de anos, revelando que, assim como nós, elas também estavam sujeitas a eventos climáticos e possuíam suas próprias histórias e interações sociais em um mundo muito diferente. À medida que mais informações são descobertas, ficamos ainda mais ansiosos para desbravar os mistérios do nosso passado.
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