Os promotores federais estão buscando uma pena de 15 anos de prisão para o ex-senador dos Estados Unidos, Bob Menendez, após sua condenação por corrupção, fazendo dele o primeiro senador condenado por abuso de cargo e também o primeiro funcionário público a ser considerado um agente de um país estrangeiro. A petição foi apresentada na quinta-feira, em um tribunal federal de Manhattan, destacando a gravidade dos crimes cometidos por Menendez, de 71 anos, que já ocupou uma posição de liderança no Comitê de Relações Exteriores do Senado.

O caso de Menendez, que se desenrolou a partir de investigações iniciadas por uma ação do FBI em sua residência em 2022, revelou um esquema de corrupção em larga escala. Durante a operação da polícia, foram encontrados impressionantes $150,000 em barras de ouro e $480,000 em dinheiro, cuja origem, segundo os promotores, seria de subornos pagos por três empresários de Nova Jersey que procuravam proteger seus interesses através da influência que o senador detinha. Ao ser condenado em julho, Menendez teve de enfrentar 16 acusações de corrupção, revelando uma rede complexa de relacionamentos corruptos que inseriram esse caso no centro das discussões sobre integridade na política americana.

Após a sua condenação, Menendez foi forçado a abandonar seu cargo como presidente do Comitê de Relações Exteriores e, em agosto, renunciou ao seu assento no Senado, marcando um fim abrupto à sua longa carreira política. A cair sobre ele a sombra de novo escândalo, sua defesa argumentou que o senador já sofreu penas suficientes por seus atos, considerando a humilhação pública e a perda de todos os benefícios pessoais e profissionais que acumulou ao longo dos anos. Os advogados, em sua argumentação pré-sentencial, pediram ao juiz Sidney H. Stein que fosse leniente, enfatizando que “Bob merece misericórdia por causa das penalidades já impostas, sua idade e a falta de uma necessidade convincente para impor uma pena de prisão”.

O promotor do caso, no entanto, apresenta uma visão muito diferente da justiça a ser aplicada. Os advogados do estado mencionaram que Menendez foi um dos poucos políticos no cargo a abusar de sua posição e atuar ativamente em benefício de um governo estrangeiro. A caçada à verdade sobre as alegações se estendeu a outros dois co-réus, Wael Hana e Fred Daibes, que também foram condenados, enquanto um terceiro empresário do grupo se declarou culpado e testemunhou contra Menendez durante o julgamento. Os promotores solicitaram que Hana recebesse pelo menos 10 anos de prisão e Daibes, 9 anos, argumentando que os crimes foram perpetrados entre 2018 e 2022.

O promotor na audiência não hesitou em enfatizar a gravidade dos crimes, descrevendo o caso como uma “raridade histórica”, enfatizando que Menendez tinha a responsabilidade de proteger não apenas os interesses do governo dos EUA, mas também a santidade das relações internacionais. Os promotores enfatizaram que seus crimes foram uma tentativa extraordinária, nos níveis mais altos do Poder Legislativo, de corromper os poderes soberanos da nação sobre as relações estrangeiras e a aplicação da lei. “Ele prometeu corruptamente influenciar as relações exteriores, incluindo a tentativa de pressionar uma agência federal envolvida em esforços diplomáticos”, relataram.

Um dos aspectos mais intrigantes do caso é o papel que Menendez desempenhou ao garantir a Hakim Hana, um dos seus co-conspiradores, o direito exclusivo de certificar que a carne exportada para o Egito dos Estados Unidos atendesse aos requisitos dietéticos islâmicos. O monopolista que a empresa de Hana recebeu expulsou várias outras empresas que certificar carne e fígado exportados para o Egito, conforme testemunho apresentado no julgamento. A defesa de Menendez ainda pode levar em conta sua longeva carreira e a possibilidade de reabilitação, mas a promessa de justiça e a posição de incorruptibilidade na esfera pública continuam a ser os princípios que guiam o posicionamento dos promotores.

Após as audiências recentes, a expectativa agora gira em torno da sentença final, que está marcada para o dia 29 de janeiro. Se a pena de 15 anos for aprovada, ela não apenas se tornaria um divisor de águas na vida de Menendez, mas também um forte aviso para futuros legisladores sobre as repercussões de atos de corrupção e traição à confiança pública, reforçando que ninguém está acima da lei, independentemente de sua posição ou influência.

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