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A República Dominicana realizou um número alarmante de deportações de haitianos em 2024, totalizando mais de 276 mil deportações, conforme informou a Diretoria de Imigração do país em um comunicado na quarta-feira. Essas operações de deportação, que têm sido um tema controverso, vêm à tona em um contexto de crescente tensão e insegurança na região, principalmente devido à situação caótica no Haiti.
Nos últimos três meses do ano, sozinhos, mais de 94 mil indivíduos foram deportados sob uma nova operação que visa a remoção de até 10 mil haitianos indocumentados por semana, uma ordem imposta pelo Conselho de Segurança e Defesa Nacional da República Dominicana, presidido pelo presidente Luis Abinader. Esta iniciativa foi recebida com reações mistas, enquanto o governo tenta justificar as deportações como uma medida necessária para restaurar a ordem frente ao que muitos chamam de “excesso” de migrantes haitianos no país.
Durante o primeiro trimestre de 2024, as autoridades dominicanas deportaram 48.344 haitianos, 62.446 no segundo trimestre e 71.414 entre julho e setembro, conforme detalhou a declaração oficial. A escala das deportações é chocante e levanta questões sobre a eficácia e a ética dos métodos utilizados.
O porta-voz do governo, Homero Figueroa, afirmou a repórteres que essa medida foi intensificada em resposta a um “excesso” de imigrantes haitianos na República Dominicana, um fenômeno que historicamente caracteriza a relação entre os dois países que compartilham a mesma ilha. A fronteira entre o Haiti e a República Dominicana já foi marcada por um fluxo informal de pessoas em busca de melhor qualidade de vida.
No entanto, a resposta haitiana não se fez esperar. A então Ministra das Relações Exteriores do Haiti, Dominique Dupuy, condenou as “cenas brutais de invasões e deportações”, exigindo justiça por esses “atos desumanizadores” contra seus compatriotas. Apesar das críticas, as autoridades dominicanas afirmam que as deportações ocorrem em conformidade com os direitos humanos, o que gera ainda mais polêmica e discussões nacionais e internacionais.
Em meio a essa crise, registros de dezoito organizações de auxílio humanitário na região mostraram que, recentemente, imagens capturadas pela Reuters mostraram dezenas de migrantes amontoados em caminhões da lei dominicana, sendo levados de volta ao Haiti. Essas cenas, que evocam simpatia, evidenciam a urgência da situação. As organizações de ajuda têm se mobilizado rapidamente para fornecer assistência aos milhares de deportados do lado haitiano da fronteira, tentando aliviar o sofrimento humano causado pelas deportações em massa.
As deportações em massa coincidem com uma crise política e social cada vez mais grave no Haiti; estima-se que as gangues atualmente controlam mais de 80% da capital do país, Porto Príncipe. A deterioração das condições de vida e a escalada da violência têm forçado muitos haitianos a buscar refúgio em países vizinhos, enquanto a República Dominicana tenta salvaguardar sua segurança nacional.
Com a situação se intensificando, o futuro da relação entre a República Dominicana e o Haiti permanece incerto, muitas vezes refletindo a complexidade das dinâmicas sociais, econômicas e políticas na região.