A discussão em torno da identidade do Rock & Roll Hall of Fame ganhou novos contornos após o chairman da instituição, John Sykes, manifestar sua posição em uma entrevista ao Vulture. Apesar de críticas e sugestões para que o nome fosse alterado de “Rock & Roll” para “Music Hall of Fame”, Sykes explicou o porquê da permanência do título original, envolvendo a raiz histórica e a essência do rock e suas influências múltiplas ao longo das décadas. O diálogo sobre a inclusão de gêneros musicais variados, como hip-hop e country, se acentuou, especialmente após a inserção de ícones como Dolly Parton e Jay-Z no hall.
Dolly Parton, um dos mais emblemáticos nomes da música country, surpreendeu a todos ao expressar sua insegurança em relação à própria indicação ao Rock & Roll Hall of Fame em 2022. A artista, que não se vê como parte do universo rock, admitiu ter tentado recuar da votação para não prejudicar amplamente as oportunidades de outros artistas. Sua declaração enfatizou uma questão relevante: qual é, de fato, o cerne do termo “rock and roll”? Para muitos, o que deveria representar o rock ultrapassa as barreiras de um gênero específico e incorpora uma gama de influências que definem a própria evolução da música moderna.
No entanto, Sykes defende que o conceito de rock and roll é tão abrangente que, na sua essência, já incorpora diversos gêneros musicais. Ele explica que o som original do rock, que emergiu na década de 1950, era uma mescla vibrante de elementos, uma “gumbo”, como descreveu a nova integrante do hall, Missy Elliott. “Quando a arte é genuína, ela toca em diferentes áreas,” ressaltou Sykes. “Rock and roll é a fundação da música moderna, e é importante comunicar isso a todos.” Essa afirmação convoca os ouvintes e críticos a reavaliarem a noção de autenticidade e a considerarem as raízes do que hoje chamamos de rock.
A diversidade de vozes no Rock & Roll Hall of Fame, como mencionado por Sykes, é parte crucial do que torna essa instituição única. A conversa que ele citou com Jay-Z, que uma vez sugeriu que o hall deveria ser nomeado “Hip-Hop Hall of Fame”, exemplifica a interseção de gêneros e a relevância contínua do rock. Jay-Z, embora expressando sua resistência à ideia, acabou por participar da cerimônia de indução, demonstrando que a música e suas influências não são particionadas, mas sim uma continuidade de expressões artísticas que se entrelaçam.
A aceitação de Parton ao ser induzida ao hall após sua primeira hesitação não apenas ressalta sua humildade, mas também amplifica a mensagem de que o Rock & Roll Hall of Fame deve, de fato, refletir a evolução da música, que é moldada por múltiplas influências e que transcende as barreiras de gênero. Sua mais recente produção, o álbum “Rockstar”, não só celebra essa inclusão, mas também mostra uma vontade de se posicionar dentro de um espaço que, mesmo que não tenha sido originalmente seu, agora lhe pertence na forma de criatividade e expressão musical.
A decisão de Sykes de manter o nome do hall se baseia na crença ressentida de que “rock and roll” não é um gênero exclusivo, mas sim um abrangente certificado de diversas culturas e sons que ilustram a história da música moderna. A tarefa de comunicar essa ideia ao público é um desafio contínuo, mas necessário. “Devemos fazer um trabalho melhor de explicar isso,” concluiu, reforçando a missão do Rock & Roll Hall of Fame em celebrar todos os gêneros e suas heranças interligadas.
No mundo da música, onde muitas vezes o debate sobre identidade é acalorado, a posição do Rock & Roll Hall of Fame se torna emblemática ao insistir que o que realmente importa não é o nome, mas a mensagem que ele transmite: a celebração de toda a música que, de várias formas, se inspira nas raízes do rock. Para aqueles que seguem a cena musical de perto, fica claro que a história do rock é um mosaico e que a inclusão de todos os gêneros enriquece ainda mais essa narrativa.
Assim, o Rock & Roll Hall of Fame não apenas se posiciona firmemente em sua história, mas também renova seu compromisso em ser um espaço de celebração para todos os artistas que moldam a paisagem musical contemporânea.