O clima de tensão política na Venezuela intensificou-se após o líder da oposição exilado, Edmundo González Urrutia, fazer um apelo claro às forças armadas do país para que reconheçam sua autoridade e ajudem a colocar um fim ao governo do presidente Nicolás Maduro. A solicitação ocorre em um momento crítico, uma vez que é esperado que Maduro tome posse de seu terceiro mandato em 10 de janeiro após eleições que foram amplamente contestadas por diversos países, incluindo os Estados Unidos, que reconhecem González como o verdadeiro presidente eleito.
No último domingo, González divulgou um vídeo nas redes sociais onde enfatizou sua reivindicação ao cargo, alegando ter vencido a eleição do mês de julho contra Maduro em um pleito marcado por controvérsias. Com a aproximação da data de posse, a oposição venezuelana convoca protestos nas ruas, aumentando as expectativas de confrontos e desobediência civil.
González, atualmente em um tour internacional, esteve em contato recente com líderes de vários países da América Latina, buscando apoio para sua causa. Durante o final de semana, ele se encontrou com os presidentes da Argentina e do Uruguai, além de ter uma audiência com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, na Casa Branca. Segundo relatos, a conversa entre os líderes foi produtiva e se concentrou na importância do respeito pela vontade do povo e pela necessidade de um processo eleitoral transparente.
No entanto, o governo de Maduro não está disposto a se render. O ministro das Relações Interiores, Diosdado Cabello, afirmou ter prendido mais de 125 pessoas sob a alegação de que estariam envolvidas em atividades de “desestabilização”. Embora tenha mencionado que alguns detidos teriam ligações com a oposição, Cabello não apresentou evidências concretas. Entre os detidos estavam indivíduos de diversos países, como os Estados Unidos, Peru e Espanha, aumentando as tensões diplomáticas.
Além disso, Maduro está se preparando para assumir seu terceiro mandato em um contexto de crescente pressão internacional. Sua administração tem enfrentado sérios desafios, incluindo uma economia em colapso e uma severa crise humanitária que forçou milhões de venezuelanos a deixarem o país. Nesse cenário conturbado, González, que fugiu para a Espanha em setembro para buscar asilo, insiste que a legitimidade de sua vitória deve ser reconhecida. O governo da Venezuela, por sua vez, reitera que ele enfrentará um mandado de prisão assegurando que os crimes alegados, incluindo terrorismo e conspiração, deverão ser respondidos na justiça local.
As manifestações convocadas pela oposição são parte de uma estratégia de pressão para evitar a posse de Maduro. González e sua colega de oposição, María Corina Machado, estão liderando a chamada à mobilização que ocorrerá em 9 de janeiro, um dia antes da data marcada para a posse do presidente. Eles exortam os cidadãos a se unirem nas ruas e a vestirem as cores da bandeira venezuelana como símbolo de resistência. O cenário é explosivo e à medida que os dias se aproximam, o receio de confrontos violentos cresce.
Além de seu apelo ao exército, González criticou a forma como Maduro distorceu os princípios das forças armadas e reiterou que é essencial que estas se tornem guardiãs da soberania e do respeito pela vontade popular. Em resposta, o ministro da Defesa, Vladimir Padrino López, garantiu que as forças armadas reconhecerão Maduro como seu comandante. Essa trocação de farpas entre os líderes opostos indica que não há sinais de apaziguamento, e a disputa pela presidência da Venezuela continua acirrada.
Por fim, as autoridades de Maduro reforçam sua posição de resistência, afirmando que qualquer movimento de desestabilização teria uma resposta “forte” por parte do governo. A situação na Venezuela é uma encruzilhada, com a possibilidade de que a crise política se intensifique, levando a um cenário de desordem civil. A atenção internacional está voltada para o que ocorre no país e para as possíveis repercussões que um eventual confronto poderá gerar em termos de estabilidade regional.
Com o destino da Venezuela balançando na corda bamba, a próxima semana promete ser crítica para a política do país, onde os destinos de milhões de cidadãos estão atrelados a um embate que já se arrasta há anos.