Nova Iorque
CNN
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Em uma revelação marcante para o setor automotivo, a Tesla reportou uma queda nas vendas anuais pela primeira vez desde que se tornou uma empresa pública. O anúncio ocorreu na quinta-feira, refletindo não apenas a concorrência crescente, mas também um abrandamento na demanda por veículos elétricos (EVs), fatores que impactaram diretamente os resultados financeiros da empresa. Este cenário acende um sinal de alerta para uma das mais icônicas empresas do mundo, que até recentemente se destacava como líder indiscutível no mercado de EVs.
No quarto trimestre de 2024, a Tesla vendeu 495.570 veículos, o que representa um modesto aumento de 2% em comparação ao mesmo período do ano anterior. Contudo, essa performance ficou aquém da concorrente chinesa BYD, que no mesmo período vendeu 595.413 veículos elétricos. Apesar desse desvio, a Tesla vendeu 1,8 milhão de veículos ao longo do ano, superando a BYD em 24.000 unidades e mantendo, assim, o título de maior fabricante de veículos elétricos do mundo. No entanto, o total de vendas da Tesla em 2024 ficou 1% abaixo do registrado em 2023, marcando uma ocasião inédita para a fabricante, que outrora reportava crescimentos anuais de quase 50%.
Historicamente, a Tesla se destacava pela sua capacidade de crescimento contínuo, tendo apresentado um crescimento sólido de 37% em suas vendas de 2023 em relação a 2022. Assim, até mesmo uma leve queda agora representa um grande desaceleramento para a empresa. O que poderia significar que a maré está virando no competitivo mercado de veículos elétricos, especialmente agora que a Tesla não é mais a única protagonista em cena.
A fabricante de veículos elétricos enfrenta uma competição crescente não apenas de seus rivais chineses, como a BYD, mas também de montadoras tradicionais globais como General Motors, Ford, Volkswagen e das fabricantes sul-coreanas Hyundai e Kia. Embora essas montadoras históricas tenham uma participação de mercado bem menor em relação à Tesla nesse nicho de EVs, já que a maior parte de suas vendas ainda provém de veículos movidos a gasolina, o movimento crescente em direção aos elétricos lhes confere um poder de concorrência maior e mais assertivo.
Em resposta à desaceleração da demanda, a Tesla optou por cortar os preços de seus veículos tanto na China quanto nos Estados Unidos. Essa estratégia pode ser vista como uma vantagem para a empresa, já que, apesar das dificuldades enfrentadas pelas montadoras tradicionais, a Tesla ainda mantém margens de lucro mais robustas, enquanto seus concorrentes buscam consolidar a venda de EVs e cortar custos operacionais que frequentemente os mantêm no vermelho.
Ainda assim, as vendas de veículos elétricos de modo geral continuam a crescer em ritmos variados tanto nos Estados Unidos quanto globalmente, embora o crescimento esteja mais moderado em comparação a anos anteriores. Esses dados revelam um panorama de transformação no mercado automotivo, onde o crescimento está se tornando menos frenético, embora positivo em termos absolutos, marcando um período de maturidade para a indústria de veículos elétricos.
As ações da Tesla (TSLA) caíram mais de 4% nas negociações iniciais após a divulgação do relatório de vendas fracas. No entanto, apesar da volatilidade associada a essas notícias, as ações encerraram 2024 com um aumento de 68% ao longo do ano. A maior parte desse ganho ocorreu após o Dia da Eleição, à medida que os investidores passaram a acreditar que a Tesla pode se beneficiar de políticas promovidas pelo governo sob a nova administração do presidente eleito Trump, especialmente considerando o apoio declarado do CEO Elon Musk ao novo presidente.