A Toyota, uma das principais montadoras de automóveis do Japão, surpreendeu o público durante a CES 2025 ao anunciar que está “explorando foguetes”. A declaração foi feita pelo chairman da empresa, Akio Toyoda, que, além de instigar a imaginação sobre a mobilidade no espaço, revelou um novo investimento significativo na empresa privada japonesa Interstellar Technologies. O anúncio não apenas destaca a ambição da Toyota em expandir suas fronteiras tecnológicas, mas também sugere uma nova era para a mobilidade que transcende os limites da Terra.
A revelação sobre o interesse da Toyota em rocketry surgiu enquanto Toyoda explicava sua visão sobre as tecnologias variadas da empresa, que ele chamou de “invenção por kakezan”, ou “invenção por multiplicação”. Durante sua apresentação, o chairman declarou que “quando se trata do que é possível quando se trabalha em conjunto, o céu é o limite”. Ele fez uma pausa dramática antes de afirmar: “E falando sobre o céu, estamos explorando foguetes também. Porque o futuro da mobilidade não deve ser limitado apenas à Terra, ou apenas a uma montadora”. Essa última frase pode ser interpretada como uma crítica à Tesla e seu CEO, Elon Musk, que é também o fundador da SpaceX.
No evento, Toyoda não forneceu muitos detalhes técnicos, mas apresentou um esboço de um foguete projetado pela Interstellar Technologies, que está desenvolvendo um veículo de launch pequeno voltado para colocar satélites em órbita. Após a conferência, Toyoda e outros executivos foram mais específicos, conversando com o TechCrunch sobre o propósito do investimento. A Toyota está colaborando com a Interstellar Technologies para investigar que tipo de rede de telecomunicações deve ser estabelecida para apoiar as necessidades da Woven City, um projeto urbano protótipo localizado em 175 acres na base do Monte Fuji, criado para ser um laboratório inovador. A ideia de construir essa cidade foi anunciada pela Toyota em 2020, e na última segunda-feira, a empresa revelou que a primeira fase do projeto já está aberta.
Hajime Kumabe, CEO da Woven by Toyota, declarou durante um briefing à imprensa que “quando você pensa em carros que estarão em movimento constante, é necessário ter telecomunicações adequadas”. Ele destacou que a comunicação precisa ser ininterrupta e fluída, essencial para suportar veículos autônomos que façam parte da Woven City. A cidade, localizada em uma região montanhosa, representa um cenário ideal para a exploração das características de infraestrutura necessárias para essa rede de comunicação avançada.
Além da exploração das tecnologias espaciais, um dado interessante é que a Woven by Toyota anunciou um investimento de 7 bilhões de ienes, equivalente a aproximadamente 44,3 milhões de dólares, na Interstellar Technologies. O espaço e a tecnologia de transportes interplanetários podem parecer distantes da realidade cotidiana, no entanto, a Toyota parece estar posicionando-se como uma futurista que planeja não apenas para o presente, mas para um futuro onde as viagens espaciais possam ser uma extensão das opções de mobilidade.
A menção a voos espaciais por uma grande montadora pode parecer uma ideia ousada e até um tanto excêntrica, mas a Toyota parece determinada a traçar seu próprio caminho. Isto não é uma ideia completamente nova; há cinco anos, a Sony fez uma revelação semelhante ao anunciar que estava desenvolvendo um carro elétrico e ainda teve tempo limitado para discutir o projeto nesse grande evento. O que muitos na indústria automobilística não perceberam é que, enquanto algumas montadoras se concentravam apenas na eletrificação de veículos, a Toyota pode já estar mirando um prêmio muito diferente — o espaço.
Com essa nova estratégia focada em tecnologia espacial, a Toyota não apenas reafirma sua posição como uma líder inovadora, mas também envia uma mensagem clara: está pronta para compor e reinventar seu papel em um mundo em rápida transformação. O futuro do transporte pode ser mais vasto e mais avançado do que qualquer um poderia imaginar. Afinal, quem diria que a próxima grande inovação da mobilidade iria para além da atmosfera terrestre?
